quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Abrir o olho

Outro detalhe que me chamou a atenção na entrevista de Surian à 98 FM foi a defesa de seu projeto de profissionalismo. Ele vai cobrar tal característica de praticamente todos dentro do América: da cozinheira a Moura, executivo de futebol.

Surian deve abrir o olho. Sua fala me fez lembrar imediatamente 1997, o América na Série A. Na ocasião, o treinador era Péricles Chamusca. Sim, ele é irmão de Marcelo Chamusca, atual técnico do Guarani. Péricles chegou para dar treino na antiga Pousada do Atleta - onde hoje temos o Hiper Ponta Negra - e o vestiário estava fechado. Jogadores e comissão técnica esperando e nada do roupeiro chegar. Péricles determinou o arrombamento da porta para acesso ao material de treino. Mexeu num vespeiro. Começou ali a assinar sua demissão. Nem estreou na Série A. 

Guilherme Macuglia em 1999 também caiu por seu nível de exigência. Não queria jogador na cozinha fora de hora. Teria arrancado uma coxa de frango da mão de um jogador. As cozinheiras o detestevam. Adeus, Macuglia.

Se me perguntarem, os treinadores estavam certos. Talvez Macuglia não devesse ter sido tão bruto. Mas no América nem sempre estar certo é o correto. Os bastidores fritam muita gente. É preciso ter jogo de cintura.  A menos que a gestão do presidente Beto Santos tenha resolvido seguir com Felipe Surian nesse novo rumo de profissionalismo, o que eu acharia fenomenal. 

Mesmo assim, a força dos bastidores é fator para deixar qualquer um de olho bem aberto.

P.S.: provocada por Ronaldo Rezende a respeito da época em que Péricles Chamusca esteve aqui, revirei a internet para achar uma notícia a respeito da brevíssima passagem do técnico pelo América. Achei nota da Folha de São Paulo. É tão interessante que vou transcrevê-la na próxima postagem.

Um comentário:

  1. "A menos que a gestão do presidente Beto Santos tenham resolvido seguir com Felipe Surian nesse novo rumo de profissionalismo, o que eu acharia fenomenal." E, de repente, não sou uma voz sozinha na multidão. E ainda há quem afirme que é complô contra uma administração. Cabem duas perguntas: alguém acredita nessa radical mudança na gestão do América? Surian conseguirá resistir a quem não permite que alguém brilhe mais no América que ele?
    ADAIL PIRES

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