Não importa quanto tempo passe. Filhos serão sempre crianças para seus pais. A preocupação também é infinita e as recomendações, sem fim.
Hoje mamãe completa mais um ano de vida. Devo muito a ela. As lições, sobre tudo que se possa imaginar, ajudaram a moldar o meu caráter. Seu amor incondicional me tornou mais segura de mim. E o bem maior que me foi dado - a vida - me veio às custas de muito sofrimento ante um parto natural sem qualquer tipo de anestesia.
Cresci ouvindo "você não é todo mundo", "isso que você quer é supérfluo", "não converse com estranhos", "não aceite nem refrigerante que não seja aberto na sua frente" e por aí vai.
E hoje em seu aniversário ela nem quis uma festa só porque eu viajo amanhã. Mas saímos para um café da manhã numa padaria que ela queria conhecer e almoçamos o prato que ela adora. Providenciamos um bolo minúsculo (ela é diabética) só para colocar as velinhas e cantarmos parabéns.
Ainda aguardando o almoço, ela olhou para mim e soltou essa pérola sobre a minha viagem: "Olhe! Você não dê cabimento a quem quer que seja, homem ou mulher. Nada de falar com estranhos!". Voltei aos meus 5 anos de idade em segundos. Caí numa gargalhada e garanti que isso não seria problema.
Foi aí que percebi que não importa a nossa idade. Nossos pais, especialmente as mães, sempre nos verão como crianças indefesas, ainda que sejam eles agora os mais fragilizados pelo passar dos anos.
Se antes essas recomendações me chateavam, hoje me sinto lisonjeada com tanta preocupação. É que finalmente percebi que elas não se referiam a um possível entendimento de mamãe de que eu não teria discernimento para a vida. São apenas reflexo do amor incondicional de quem gerou uma vida e tem zelo por sua criação. Foi preciso que muitos anos se passassem para que enfim eu compreendesse isso. Demorou, mas eu cheguei lá.
Para nossos pais, somos Peter Pan - não envelhecemos jamais!
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