domingo, 8 de março de 2015

Quando a gentileza surpreende

Não era para ser assim, mas é. Gentileza deveria ser uma coisa natural, do dia-a-dia, tão comum quanto abrir os olhos ao acordar. Infelizmente não é.

Ontem o gesto de uma aluna me surpreendeu. Todos sabemos que o dia internacional da mulher é comemorado no dia 08 de março, que neste ano de 2015 caiu no domingo. Mesmo sendo sua aula no sábado uma aluna resolveu levar graciosamente um bolo de cenoura com cobertura de chocolate  e refrigerante para a sala de aula como forma de homenagear todas as mulheres da turma.

Detalhe: o bolo fora feito por ela. E a aula deu-se cedinho no sábado. Ou seja, nos dias atuais, uma pessoa abriu mão de seu tempo para fazer um bolo para compartilhar com outras pessoas apenas porque o outro dia era um dia especial. E sem combinar nada com ninguém ou mesmo pedir qualquer tipo de ajuda.

Fiquei maravilhada! Ainda estou. Tanta notícia ruim neste Brasil tão escrachadamente explorado (no péssimo sentido), onde se discute diariamente quantos reais devem ser pagos por fora para que qualquer coisa aconteça, e eis que vejo alguém ter um gesto de pura gentileza, sem desejar coisa alguma em troca que não fosse a alegria de quem pode compartilhar aquele momento. 

Não sei em que momento trocamos a gentileza pelo egoísmo e pela falta de educação. Trocamos o contato caloroso, presencial, real, por um ridículo mundo virtual de WhatsApps da vida. Eu, por exemplo, canso de dar bom dia, boa tarde e boa noite ao vento. Os outros natalenses (de nascença ou por adoção) acham um desaforo ter que responder a esses cumprimentos.

Agora responda sinceramente: qual foi a última vez que você deu um caloroso bom dia, boa tarde ou boa noite a alguém na rua? Àquela funcionária da limpeza dos banheiros de shopping centers, supermercados e comércios afins? Ao flanelinha embriagado? Qual foi a última vez que você abraçou alguém? Já experimentou ser gentil no trânsito ao dar a vez a aquele carro que tenta há muito entrar na rua engarrafada onde você está? Qual foi a última vez que você realmente se colocou no lugar do outro?

É preciso resgatar o lado bom dos seres humanos. É preciso mostrar que o bem compensa. O bem nos enche a alma de satisfação e alegria. O mal, seja uma reles falta de educação, nos apequena. 

É preciso enterrar essa cultura de que ser gentil e honesto é ser mané. Mané é quem acredita na desonra, na falta de ética, na falta de profissionalismo, na falta de gentileza.

O lindo pequeno grande gesto dessa aluna pode nos inspirar numa corrente do bem. Para mim, ela já acertou em cheio: me trouxe de volta a esperança no ser humano. 

Muito obrigada, Mylena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário