sábado, 30 de agosto de 2014

Decepção

Este é o meu sentimento em relação aos acontecimentos de América 2x3 Paraná. Decepção em relação a Oliveira Canindé, a Max e até mesmo à diretoria do América. Explico. Vamos aos fatos.

Fim de jogo América 0x2 Ponte Preta. Rodrigo Pimpão é entrevistado pelo PFC (o canal pay per view da Série B) e diz que os jogadores precisam conversar entre eles porque as coisas não estão funcionando, já que o América deveria brigar pelo G4 e não para fugir da zona de rebaixamento.

Vem o jogo da Copa do Brasil e o Mecão mete 3 gols no Atlético-PR e volta a vencer em casa, coisa que não acontecia desde América 1x0 América-MG no dia 25/07 (há 1 mês e 2 dias portanto). O time vence e convence. Uma maravilha!

No sábado, enfrenta o velho freguês Paraná. Faz 1x0 e permite uma virada ainda no primeiro tempo em apenas 2 minutos. América 1x2 Paraná. Não posso falar pelo que não vi. Não assisti ao primeiro tempo. Ouvi falar em falhas de Andrey. No replay dos lances, só vi um lampejo de falha no primeiro gol. No segundo, é brincadeira alguém falar em falha.

Mas vamos ao segundo tempo. O América insiste em não colocar seus laterais na linha de fundo. Pelo menos não dá chutão para cima - graças a Deus! No entanto, só cruza da intermediária. Wanderson e Wálber fazem uma raiva! Max nem de longe lembra o raçudo Max, o homem de pedra. O Paraná perde um jogador expulso e o América consegue levar o 3.º gol com um a mais. Bola no meio das pernas de Andrey - nova sina dos goleiros do América. Pimpão ainda consegue diminuir, mas não passou disso.

Onde está a decepção? Assisto estarrecida à entrevista do artilheiro da Série B Rodrigo Pimpão ao PFC. O jogador explicitamente fala que é preciso resolver as brigas internas e aponta um machucado no rosto (o olho direito meio roxo já). Como assim? Briga no vestiário com direito a soco?

Corro para a Rádio Globo para aguardar a entrevista de Oliveira Canindé. Sabem o que ele diz? "Nem sei se isso aconteceu mesmo." Como assim? Como um treinador não sabe de uma agressão que ocorreu no vestiário no intervalo do jogo? O que ele estava fazendo de mais importante no intervalo que não estava no vestiário? Segundo ele, estava em sua sala. Sua sala? É de impressionar! Rodrigo Pimpão levou um soco, precisou de um Band-Aid* e o treinador nem sabe se isso aconteceu mesmo.

Detalhe: a Rádio Globo relata que não havia qualquer dirigente do América no vestiário pós-jogo. Aí Ricardo Bezerra (todo incêndio no América é ele quem apaga) liga para a Rádio Globo e fala o que aconteceu. Ele diz que Rodrigo Pimpão e Max discutiram no intervalo e que Max agrediu Pimpão. Termina afirmando que Max está suspenso por dois jogos (Atlético-PR, em Curitiba, pela Copa do Brasil e Avaí, em Florianópolis, pela Série B) e será multado em 30% do salário. Certíssimo. Mas eu pergunto: como é que um jogador agride outro no intervalo, não serve para os dois próximos jogos por isso, mas continua em campo até os 35 minutos do 2.º tempo? 

Oliveira Canindé foi muito fraco no episódio, daí a minha maior decepção. Das duas uma: ou ele não ficou sabendo o que houve no intervalo (o que é inadmíssivel, visto que o vestiário é ambiente de jogo sob sua responsabilidade), ou soube e não teve pulso para retirar Max imediatamente (jogador abalado - tanto que nada fez no 2.º tempo - e que abalou a tranquilidade do grupo). Por que Max não foi afastado IMEDIATAMENTE? Por que Oliveira Canindé levou 35 minutos para perceber que ele não podia continuar em campo?

Uma patacoada. Gosto do trabalho de Oliveira Canindé, sou fã de Max e tenho apreço por quase todos os dirigentes do América. Mas não posso compreender que um jogador dê um soco em outro no vestiário e o treinador permaneça com esta criatura em campo. Não posso compreender que o treinador venha dizer que nem sabe se isso aconteceu mesmo. Não posso compreender que a diretoria, que não estava no vestiário segundo a Rádio Globo, suspenda um jogador por 2 jogos, mas permita que seu treinador cometa a loucura de o manter no jogo até os 35 minutos do 2.º tempo.

Já afirmei por aqui que Oliveira Canindé tem domínio técnico e tático de todo o elenco do América. O episódio de hoje mostra que o comando disciplinar ainda não chegou ao treinador. Ou se chegou, foi embora. Será que tem jeito?

Vejam que no início deste texto eu abordei uma entrevista de Pimpão ainda contra a Ponte Preta. Ou seja, estes problemas entre jogadores (apenas entre eles?) não são novos. Mas quais foram as providências efetivas tomadas pelo treinador e pela diretoria a respeito? Não dava para evitar o que aconteceu contra o Paraná? Seria este o motivo de o América estar agora em 15.º lugar, beirando o rebaixamento, mesmo tendo o melhor elenco dos últimos tempos? Seria este o motivo de o América estar há mais de 1 mês sem vencer em casa pela Série B?

É hora de analisar friamente o que pode e deve ser feito em relação a tudo isso. Ok, Max foi punido. Mas como recuperar o ambiente?  Olhe que estamos falando de um jogador sempre reconhecido como agregador. Há quanto tempo essa bomba vinha sendo armada? Teriam os pedidos para sair de Dida e Isac algo a ver com isso ou não? E o DM lotado? Só quem está dentro desse ambiente sabe e pode responder. 

Desejo olho vivo e discernimento à diretoria para não deixar que o desastre que se avizinha na Série B abale a ótima campanha na Copa do Brasil.

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