quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Ainda falta muito

É uma tristeza escrever sobre uma eliminação da seleção brasileira numa Copa, ainda mais numa fase de grupos. Dói ainda mais sabendo a grande evolução que houve no time nos últimos quatro anos com uma enorme renovação no elenco.

Tecnicamente, algumas jogadoras sempre estiveram muito abaixo do que podem e sabem jogar, como Debinha, Marta, Antônia. Outras oscilaram, como Luana e Tamires. 

O maior erro cometido foi contra a França, por tudo que já escrevi no texto após aquele jogo. O Brasil não soube ler que deveria acalmar o jogo, que estava sob seu domínio, e ressuscitou a adversária já entregue.

Contra a Jamaica, ficou nítido que as nossas jogadoras estão muito abaixo, seja tecnicamente, seja emocionalmente, com leitura errada de passes a serem realizados, isso quando eles eram completados.

O maior erro de Pia hoje foi até compreensível: escalou Marta de início. Compreensível pela pressão, mas inaceitável pelo que o time vinha jogando desde a preparação sem Marta e sem Debinha. Debinha, por exemplo, não esteve bem em jogo algum, mesmo tendo marcado o gol do empate contra a França. Ou seja, Pia sofreu da falta de convicção, um pecado que costuma ser mortal para quem tem em suas mãos o comando técnico de uma equipe em qualquer esporte, ainda mais no futebol.

Por outro lado, o futebol feminino evoluiu muito no mundo todo. A Jamaica, por exemplo, saiu da copa passada com 3 derrotas e nesta engrossou com França e Brasil, arrancando uma até então impensável classificação, ainda mais como a única invicta de seu grupo.

Em outros grupos, Estados Unidos, maiores campeões do mundo, classificaram-se com 2 empates. Num jogaço, a Alemanha foi derrotada pela Colômbia, que é velha freguesa nossa e classificou-se já na segunda rodada. O Japão fez 3 goleadas no seu grupo, a última (4x0) contra a Espanha. O Canadá, medalhista de ouro que eliminou o Brasil na última olimpíada, perdeu a vaga num empate com a Nigéria e numa derrota de goleada para a Austrália.

O Brasil precisa perseguir sua evolução e essa evolução passa por termos futebol feminino profissional de verdade nos clubes. Passa por termos futebol de verdade nas bases também para as meninas. Futebol nas escolas. O futebol é feito ano após ano, no dia a dia, e não apenas a cada 4 anos. Assim a evolução virá.

A geração eliminada precocemente hoje pode dar bons frutos nas próximas competições. Muitas sentiram sua primeira Copa e isso já não mais acontecerá daqui para a frente. A Olimpíada é logo ali em 2024 e a base já está aí, o comando técnico, também. Não é hora de terra arrasada, mas de lições. É seguir o trabalho a partir dessas lições. E cobrar muito que o futebol feminino torne-se profissional de verdade Brasil afora, não apenas em alguns clubes dos maiores centros. 

O Brasil vive um processo de estruturação do futebol feminino. Que esse processo siga firme na direção correta para que, enfim os resultados cheguem.

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