A vida anda tão atribulada em tantos aspectos que não tenho mais encontrado o mesmo tempo para alguns hábitos como escrever (ou digitar aqui no blog) ou mesmo ler livros a esmo. São tantas pequenas coisas que se acumulam e viram obstáculo que mais parecem aquelas pequenas compras de R$ 20 reais no cartão de crédito e que viram mais de R$ 1.000 na fatura sem que o cérebro compreenda como se deu essa matemática.
E que desânimo essas coisas produzem, viu? Pelo menos em mim. Voltei a colocar a TV para ligar de manhã, como despertador. Não que ela seja necessária porque sempre acordo naturalmente, no mínimo, 1 hora antes do horário previsto. Num dia, tive que ouvir um repórter local falar em "mais pior". Noutro, "atualmente hoje". Reconheço minha chatice, mas fui criada assim. Meu pai tinha o maior zelo pelo que falávamos e até se eu utilizava demais uma palavra, ele me advertia na hora, para que meu linguajar não se mostrasse limitado. Não entendo que não exista o mínimo de zelo em quem vive de falar profissionalmente.
Saindo dos erros de português, é a ruindade mesmo que me maltrata. Aparece uma central que a polícia estourou com dezenas de computadores e celulares apenas voltados para dar golpes de empréstimo consignado em pessoas aposentadas. Dezenas! Há um custo para esse maquinário, para internet, e, aparentemente, o pessoal da ruindade entende que o benefício do crime vale todo esse investimento. E se vale mesmo, eu fico com o coração despedaçado pensando quanto valeria o investimento na bondade.
Por falar em bondade, dei de cara com um bilhete terrível ameaçando um padre por sua obra social, de caridade, voltada para as pessoas desassistidas, exatamente como são os ensinamentos cristãos. Soube que um idoso era o autor. Fiquei pensando em que tipo de vida essa criatura levava...
Depois surgem comentários maldosos sobre a fila de transplante do SUS pela pura vontade dessas pessoas em maldizer algo que funciona muito bem neste país tão cheio de problemas. É o mesmo movimento que prega a não vacinação.
Isso só começa o dia. Se for falar em algumas experiências nos últimos meses na advocacia, tanto entre meus pares como com alguns magistrados e até na administração pública, vou revoltar até a mais cordeirinha das pessoas. Felizmente, esses casos são exceções, mas ainda assim, o abalo é real pela falta de zelo com o Direito, o que chega a revelar falta de humanidade mesmo. Sorte minha que há muitos outros casos de cumprimento fiel, que massageiam a alma das pessoas que amam o Direito.
Eis a dificuldade de quem tem muita empatia, algo comum para quem milita na área das ciências humanas. Fica difícil ter apreço por ligar a TV. Tenho escolhido até em que horário vou assistir certas coisas para não permitir que esses abalos cheguem até o horário de dormir, quando aí sim o prejuízo é enorme.
A relação com o celular fica no limite entre amor, pelas facilidades, e ódio, pelas futilidades e desumanidades empurradas retinas a dentro, fora os desacertos que a tecnologia produz especialmente quando mais precisamos dela. Agora mesmo, por exemplo, estou tentando marcar alguns exames e a mensagem no WhatsApp das clínicas me avisam que podem levar até 24h para a resposta, embora uma delas só me dê 1h para que eu responda!
Não é fácil. Ainda bem que o inverno vai acabando e com ele todas as crises de asma vão ficando pelo caminho. Pelo menos a parte física consegue lidar melhor com tudo isso e me deixar novinha em folha para novos percalços.
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