domingo, 20 de agosto de 2023

O mal que nos aflige

Quanto mais falamos mal de algo, mais ibope damos a ele. Eis um resumo do mal que nos aflige nestes tempos de redes sociais e tanto destaque deu a discursos de ódio e outras coisas desprezíveis que nunca deveriam ter saído do esgoto onde se encontravam.

A máxima que iniciou este texto também serve para coisas boas, como o filme Barbie. Em outras épocas, eu jamais teria saído de casa para conferir a estória da boneca com a qual nunca simpatizei (eu tinha Suzy) e que, de certa forma, representava ideias equivocadas sobre modelos femininos.


Entretanto, grupos reacionários de pessoas tidas como evangélicas começaram a circular nas redes todo tipo de campanha contra o filme da boneca maia famosa do mundo e isso logo, logo chamou minha atenção para a necessidade de voltar ao cinema depois de tanto tempo afastada (pandemia, né?).

Para minha sorte, o filme tinha um trio de atrizes que são muito do meu agrado: Margot Robbie, Kate McKinnon e America Ferreira. Tinha também Helen Mirren como narradora e Will Ferrel como presidente da Mattel. E ainda era dirigido por ninguém menos do que Greta Gerwig (Lady Bird e Little Women).

O resumo da estória: o patriarcado faz muito mal a todo mundo. Pronto. Barbie um dia começa a sofrer de angústia e precisa deixar a Barbieland e vir ao mundo real para resolver o problema de vez. E é o contato dela e de Ken com o patriarcado, e as diferentes percepções que cada gênero tem dele, que esculhambam de vez a vida em Barbieland. 

Não posso dar spoiler do final, mas como Barbieland é o inverso do mundo real dá para imaginar a que solução para lá de alguma forma sirva para cá também. 

Como filme em si, eu achei o início da estória um pouco fraco (aqui acredito que a culpa deve ser compartilhada entre roteiro e direção). Depois o filme consegue se encontrar, apesar de seu seguimento - eu diria - um tanto quanto atribulado.

Como mensagem, Barbie é essencial. Ele consegue abordar os desconfortos femininos numa sociedade patriarcal, que sempre relega as mulheres a um papel quase que insignificante seja na vida, seja em filmes com protagonistas homens. Veja-se que houve reclamação até sobre o fato de Ken ser um mero acessório da Barbie no filme, embora esta seja a realidade dele no mundo capitalista dos brinquedos da Mattel.

O filme também promoveu o resgate da intenção da criadora da Barbie - dentro do momento histórico em que estava inserida - para o feminismo e o realce de que este movimento é feito por TODAS as mulheres, sejam elas adeptas ou não do uso de maquiagem e de roupas da moda. Só por isso ele já merece todo o sucesso que vem alcançando mundialmente, com recorde atrás de recorde na arrecadação.

Enfim, é exatamente pela barulheira contra que Barbie se consagra como essencial. O tradicional brinquedo tido como de meninas abalou com força os pilares do patriarcado. Vida longa para Barbie! 

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