Parece até um insulto um título tão agressivo, mas está mais para uma constatação pessoal (nada cientificamente comprovado).
A inteligência a que me refiro é a artificial. São os robôs do dia a dia que se espalham pelos mais variados campos da vida.
A ideia é de inteligência porque essas programações aprendem novos caminhos a partir dos parâmetros iniciais que lhe foram dados. Aqui reside o problema. Quem insere os parâmetros somos nós, seres humanos, e aí as máquinas andam a reproduzir imbecilidades tão nossas, como preconceitos de cor, de gênero, de origem, etc. Uma boa ilustração pode ser encontrada num documentário (longo, enfadonho, mas didático) disponível na Netflix - Coded Bias. Deixo a referência para quem quiser se aprofundar, o que não é o propósito deste texto.
Sonhamos com grandes problemas resolvidos em poucos segundos, mas parece que vamos arranjando novos e piores problemas para resolver, como os apontados acima.
Vou apontar o detalhe mais óbvio do dia a dia que comprova que a inteligência artificial é burra: as robocalls, ou ligações realizadas por robô. Se antes telemarketing era chato, imaginem agora com os robôs assumindo a aporrinhação diária.
Temos uns 4 telefones aqui em casa. Há momentos que tocam em sequência, outros em que tocam simultaneamente. Nas poucas vezes em que costumávamos atender a números desconhecidos, recebíamos silêncio ou sinal de ocupado majoritariamente. É que os robôs disparam mais ligações do que atendentes humanas(os) disponíveis para seguir a ligação. Quem não entrou na cota leva o irritante trote eletrônico.
A irritação com esse silêncio/queda na ligação era tão inerente a todas as classes sociais que os robôs começaram a simular uma conversa. "Alô. Estou falando com (pausa) (nome da pessoa procurada)?", uma verdadeira afronta à inteligência humana. Algumas pessoas respondiam; a maioria simplesmente desligava. Eu me incluo nesta última categoria. Vou lá perder meu tempo conversando com uma máquina?
Seria um início de reação humana? Bem, os seres humanos avançaram para bloquear os números. Os robôs aprenderam a simular 300 outros números para seguir nos aporrinhando.
Passamos a desprezar qualquer ligação com DDD de outros estados. Os robôs aprenderam a simular códigos locais.
A verdade é que os dias podem ser resumidos em momentos em que estamos rejeitando/desprezando/desligando/bloqueando ligações de robôs e o resto da vida.
A luta é inglória e o resultado é que dos 4 telefones que temos aqui, 2 já estão eternamente no silencioso, 1 alterna momentos de bloqueio de som com momentos de toque baixíssimo e somente 1 segue sua vida normal. Das poucas vezes em que atendemos números desconhecidos (normalmente quando aguardamos uma ligação de alguém ou de alguma empresa que nunca fez contato anteriormente conosco), os robôs recebem inicialmente um enorme silêncio. Confirmada a voz humana, só aí iniciamos a conversa. A comunicação por escrito (carta, email, SMS, mensagem de WhatsApp/Instagram/Twitter/Facebook) é a única aceitável tamanho é o estrago dos robôs.
Enfim, a inteligência da inteligência artificial produziu o resultado de acabar de vez com os contatos telefônicos entre números desconhecidos, gerando apenas uma raiva enorme da perturbação do telemarketing, que vai das primeiras horas da manhã até a beira do leito de dormir. Tamanha negatividade pode ser considerada sinal de inteligência? Até quando os celulares resistirão ligados?
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