América 1x1 Sport pela Copa do Nordeste foi um bom jogo, mas com resultado frustrante.
O América adotou uma estratégia correta frente a um adversário de grande poderio, que acabou de conquistar o acesso para a Série A e recheado de jogadores do nível de Rithely e Hernane, o brocador: fechou os espaços pelo meio e apostou na sua velocidade e no seu poder de finalização para definir o jogo.
No primeiro tempo, isso só não funcionou melhor porque o time revelou extrema ansiedade no terço final do campo e os cruzamentos foram quase 100% desperdiçados por muita força, especialmente por Cesinha e André Krobel. Mas Dione ainda teve uma linda finalização no ângulo que passou tirando tinta, tanto que raspou a rede por cima.
Algumas outras chances também foram desperdiçadas, mas o domínio foi do Sport, que só conseguia avançar com Raul Prata, que sempre procurava a triangulação com Ewandro ou Rithely. Na maior parte das vezes, só restou o cruzamento. Houve também passes de Rithely pelo meio, mas Ewerton não deixou nada passar nesses momentos. Já estou me tornando repetitiva de tanto elogiar o potencial de crescimento e a fase desse goleiro de 21 anos.
Cesinha, que estreiou no time titular, foi bem participativo na marcação, como o time todo, diga-se de passagem, mas estava disperso na hora dos contra-ataques, o que irritou a torcida.
No intervalo, Canindé me perguntou se eu mexeria no time e eu respondi que não, aguardaria aquela conversa esperta de Bob que sempre funciona. Mas Roberto Fernandes fez mais: tirou Cesinha e colocou Romarinho. E fez o certo porque o América tocou fogo no jogo, abriu o placar no comecinho do 2.° tempo, assumiu o domínio das ações dentro da mesma estratégia do 1.° tempo e desorientou o Sport.
O gol de Tiago Orobó tirou o problema de ansiedade da equipe. E Romarinho encaixou como uma luva pelo lado esquerdo. O Sport acusou o golpe e o América teve mais duas chances claríssimas de gol.
Voltando ao gol do América, eu preciso destacar que ele foi fruto do empenho de Felipe Cordeiro. Sabe aquela bola lançada mais forte pelo lado do campo e que o defensor toma a frente do atacante e protege até que ela saia pela linha de fundo ou este faça falta naquele? Pois bem, Felipe Cordeiro acreditou no lance, deu um giro no defensor do Sport para desorientá-lo e alcançar a bola antes da linha de fundo e encontrou Tiago Olha-o-gol livre pela diagonal, já na grande área. Aí foi só correr para o abraço.
Aos 12 minutos, Dione disparou uma verdadeira bazuca numa cobrança de falta e quase o goleiro Luan Polli deu uma manchete para dentro de seu próprio gol. A bola saiu por cima por um verdadeiro milagre.
Um minuto depois, mais uma chance de gol. Dione cruzou na medida para Wallace Pernambucano, que também voltou endiabrado do vestiário, e este pegou a bola num "sem pulo", lance lindíssimo que obrigou Luan Polli a uma defesaça. Eu até pedi a Canindé que colocasse o lance na TV Mecão por sua beleza.
O Sport não acertava mais nem pedra na lua.
Só que aos 21 minutos Tiago Orobó pediu para sair e aqui aconteceu o primeiro erro do jogo: a entrada de Wilson. O meia ainda não se encontrou após a grave lesão que sofreu. Das vezes que esteve em campo, ontem foi a pior disparadamente. Não acertou o posicionamento, não tinha força para a disputa da bola com seu marcador e até a marcação que Tiago fazia ficou prejudicada. O lado direito praticamente morreu. Imaginei que Adílio entraria por ali, ou até Felipe Pará. Wilson foi uma surpresa para mim.
O América diminuiu um pouco o domínio, mas o Sport continuava perdido em campo.
10 minutos depois, Felipe Cordeiro, que estava com um cartão amarelo e com algum desconforto muscular, saiu para a entrada de Leandro Melo, que não tem a mesma velocidade, já sabemos. Aqui eu não diria que houve um erro, mas também imaginei a entrada de Michael na função.
O problema é que o América já havia perdido a força pelo lado direito com Wilson e recuou demais, mas ainda assim o jogo parecia definido pela desorientação que atingiu o Sport.
Entretanto, naqueles lances típicos dos deuses do futebol, aos 45 minutos do 2.° tempo, o experiente atacante Hernane cavou um pênalti para cima do bom, mas inexperiente volante Juninho, que esteve impecável na marcação o jogo todo. A cavada foi tão explícita que o lance parecia em câmera lenta. Se fosse árbitra, eu não daria esse tipo de lance, mas compreendo plenamente que a maioria dos árbitros tenha um entendimento diferente. No América mesmo, já tivemos um jogador useiro e vezeiro dessa artimanha: o lateral/volante reserva em 2006 Adriano Peixe. O pênalti foi convertido por Hernane mesmo aos 46 minutos. O jogo seguiu com pressão do América, mas Inês já estava morta.
Foi um resultado absolutamente injusto para tudo o que se viu em campo. É animador ver o América fazendo frente mais uma vez a uma equipe de Série B/A, desta vez inclusive dono exclusivo das chances reais de vitória da partida. Também vale destacar que Roberto Fernandes segue invicto, tendo implantado um jeito mais defensivo de jogar, que se revela fatal no avanço veloz e que vem funcionando dentro do esperado tanto na Copa do Nordeste, em que a maioria dos adversários é de Série B e Série A, como na Copa do Brasil, em que o América só tem jogado com a desvantagem do mando de campo.
Sobre o erro, acho que Roberto Fernandes entendeu que Wilson ainda não é o substituto de Tiago Orobó em tudo que este cumpre na direita. É no estadual que Wilson vai ganhar ritmo adequado de jogo em sua recuperação. Na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil, o buraco é bem mais em cima. Não dá para arriscar.