Quem acompanha este blog há certo tempo já me viu criticar decisões da FNF como a de hoje outras vezes, além de hoje mesmo. Logo, eu não mudei de lado.
Mas há um detalhe que intriga a quem observa como as coisas se desenrolam por aqui: o olhar diferente para clubes envolvidos.
Explico. Já vi o ABC vender ingresso a preço diferente, majorado para a torcida americana. Quando o América tentou o mesmo procedimento por haver diferença de setor na Arena das Dunas, rapidamente foi obtida decisão judicial que obrigou o clube até a aceitar apostas da Timemania com o ABC marcado como clube do coração para concessão de desconto.
Sobre inversão de mando de campo, nem preciso recuar muito no tempo, embora haja outros exemplos envolvendo o ABC mais antigos, como um Potiguar x ABC no Machadão, mas eram outras épocas. No ano passado, o ASSU solicitou que o jogo com o seu mando de campo contra o ABC saísse de sua cidade Assú (assim mesmo é a escrita oficial registrada em cartório) para ser realizado na Arena das Dunas, localizada em Natal, onde o ABC exercia e exerce seu mando de campo, sem qualquer justificativa advinda do regulamento ou condição outra, como a falta de um laudo, que não fosse arrecadar dinheiro.
Só faltei me esgoelar a respeito do menosprezo ao regulamento (para quem não lembra, duas postagens Uma nova interpretação e Só mais um detalhe, de 19 de março de 2018, fora os podcasts, a respeito). Na época, o Ministério Público não deu um mísero piu sobre o assunto e a inversão foi lindamente concretizada, conforme notícia da própria FNF, que destaco abaixo.
Menos de 2 anos após o fato, eis que surge um campeonato cujo regulamento foi aprovado anti-alegação de inversão de mando de campo: TODOS os clubes inscreveram a Arena das Dunas também como seu mando de campo, em ajustes à parte, que integram aquele, conforme art. 30 do regulamento específico da competição deste ano.
A FNF então atendeu solicitação do Palmeira para jogar NO SEU MANDO DE CAMPO contra o América na Arena das Dunas, conforme notícia que destaco abaixo.
Mas eis que o Ministério Público do Rio Grande do Norte enxergou problema com essa inversão do mando de campo, apesar da Arena das Dunas agora constar como mando de campo de todo mundo no regulamento do campeonato.
E a FNF, que não confia nem em seu próprio regulamento (por que será?), correu a desfazer o que havia feito com base nele e atendeu a uma recomendação do MP feita por telefone, conforme se depreende de declaração do promotor Luiz Eduardo Marinho no Twitter, que trago abaixo.
A FNF publicou então a pérola abaixo.
Quando será que o Palmeira terá interesse de utilizar a Arena das Dunas como sua "possibilidade de campo neutro", seja lá o que isso signifique? Qual seria a segurança jurídica se o regulamento só vale algumas vezes? E a segurança mesmo, física, existia ou não existia? Mais: existirá no próximo domingo? Existe ou não o tal laudo que estaria faltando?
Se alguém conseguir me explicar o porquê do Ministério Público só ter visto inversão do mando de campo quando o regulamento trouxe a Arena das Dunas como mando de campo de todo mundo, eu paro de pensar que nas questões do futebol daqui tudo é decidido com dois pesos e duas medidas. Até lá, desculpem, mas não dá para engolir, não.
Uma coisa é certa, situações como essa da FNF, como a saída do volante Jadson, aquele patrocínio retirado do Vermelho de Paixão na época de Padang presidente e outras tantas situações sombrias, afastam muita gente do futebol,pois por aqui nada é sério, apenas jogo de interesses.
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