terça-feira, 27 de novembro de 2018

Pertinente

Na semana passada, uma pessoa chamada Gesner Batista, de Rio Claro-SP, escreveu para a revista Veja sua opinião a respeito da escolha do nome Capitu para uma das operações da Polícia Federal. A crítica é pertinente, traz uma pontada de angústia e merece o compartilhamento.

É comum atribuir nomes sugestivos a operações da Polícia Federal. A mais recente, que prendeu os delatores  da JBS e o vice-governador de Minas, recebeu o nome de Capitu dada a semelhança com a personagem homônima do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Capitu, lembremos, é a esposa de Bento Santiago. A comparação é imprópria. Os "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", que servem de justificativa para o nome da operação, foram, no romance de Machado, expressão do agregado José Dias, interessado nas benesses possibilitadas por Dona Glória, a mãe de Bento. A comparação da personagem com a dita operação morre no nascedouro. Afinal, o narrador é Bento, e ele conta a história do seu jeito. Então, fica assim: creio nos acusadores ou nos acusados? Esse é o Brasil onde ninguém lê com a devida atenção. 

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