segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O que pensa o auxiliar

Ontem a Tribuna do Norte trouxe na página 2 do caderno Esportes uma longa entrevista com Jocian Bento, executivo das bases do América.

Jocian falou sobre seu trabalho e confirmou que acumulará também o cargo de auxiliar técnico do novo comandante (Luizinho Lopes será anunciado oficialmente). Vamos aos trechos.

Arrumando a casa
Dentro dessa nova filosofia, começamos a pontuar alguns trabalhos que estavam sendo realizados e não atingiam o resultado esperado. Então nossa primeira preocupação foi fazer esse trabalho funcionar. Para isso, esquecemos os laços de amizades de um e de outro e optamos por colocar profissionais nas áreas certas. Nossa meta é colocar o América no ponto mais alto possível do nosso futebol porque o clube possui estrutura para tanto, porém, as coisas não estão acontecendo. (...) Nós não temos receitas. Temos mais despesas que receitas, então tudo tem de ser desenvolvido com muito jogo de cintura para que as coisas funcionem direitinho.

Trabalho atual
Não venho encontrando maiores problemas, pois, antes de assumir o América, eu tive entre 12 a 14 reuniões com o vice presidente do clube Eliel Tavares. Eu optei por assumir a base do América pela grandeza e a história que esse clube possui. Essa questão de autonomia e condição de trabalho foi muito bem debatida com a diretoria. Mas, em um trabalho dessa monta, só autonomia não basta, ela tem de vir acompanhada com o mínimo de investimento e isso o presidente Eduardo Rocha e o vice Eliel Tavares estão me proporcionando. Então, dentro desse projeto, conseguimos obter um êxito bem rápido, captando atletas de todo o Brasil para trabalhar com a gente no América. (...) Atualmente, temos no grupo 23 atletas captados em vários estados brasileiros. Nós não temos recursos para ficar enviando emissários para acompanhar esses atletas, mas eles estão vindo porque sabem que essa é uma porta que pode se abrir para a carreira profissional. Fizemos disso também uma forma de arrecadar recursos para o trabalho, pois esses atletas de fora vem para um período de observação que pode durar entre 5 e 10 dias e pagam sua estada no clube no valor de R$ 100. Com essa receita, nós estamos conseguindo equipar nosso Centro de Treinamento com equipamentos e mesa de jogos que servem para distração desses próprios atletas. Alguns luxos que as nossas bases não dispunham no passado recente. Os profissionais que lá estão também estão tendo que se qualificar mais. Isso é área dentro dessa nova filosofia do futebol moderno.

Resistência
Ao contrário, os profissionais que lá estavam abraçaram a causa e a maior prova disso é que, em tão pouco tempo de trabalho, nós já estamos levando para o Fluminense, com quem firmamos um contrato de colaboração, 3 jogadores que irão fazer testes no clube que possui um trabalho de excelência nas bases. E tudo fruto desse trabalho recém iniciado. Ter parceiros gigantes como o Fluminense é muito importante para o América abrir e desbravar o mercado.

Atletas da base
Atleta, para mim, de 16 anos para cima já trato como profissional. É a partir de então que começamos a cobrar a filosofia de vencedores. Perder é claro que iremos perder, mas a derrota deve ser analisada e a cobrança tem de vir, pois vai depender da forma como nosso grupo foi batido. Mesmo perdendo, nós temos de mostrar um time bem organizado e competitivo, pois é isso que o torcedor deseja ver. Esse time sub-19 do América treinado pelo professor André Luiz já possui essa filosofia que será aplicada desde o trabalho que iremos iniciar com o sub-11. A nossa metodologia será uma só para a base. Cobramos conhecimento da área técnica, área física e da área tática. Eles têm de saber ainda que, dentro de campo, o América é um clube grandioso e que até num jogo de damas temos de entrar para vencer. Temos que possuir essa mentalidade. Eu digo sempre a eles que só é respeitado quem vence. Sem conquistas, nenhum trabalho, por melhor que seja, poderá ser referendado.

Identidade com o futebol profissional
A primeira coisa que um clube deve ter é a identidade. Não é o treinador que está chegando que vai impor a sua metodologia ao clube. Então, quando o profissional for contratado, ele tem de chegar sabendo de algumas diretrizes. Aqui no América ele vai ter de trabalhar tantos atletas da base, saber da metodologia do futebol, que tem como filosofia ser uma equipe agressiva e que costuma jogar de tal forma. Mas isso sem engessar a capacidade e a inteligência do treinador para que, dentro de suas variações de trabalho e esquema, consiga desenvolver o melhor para o América. Essa filosofia no profissional tem de ser vitoriosa e é diferente dos trabalhos na base, onde os preparadores necessitam ter um pouco mais de paciência no trabalho de formação do novo atleta. Nós estamos estruturando a base para atender as perspectivas do time profissional, então é importante trabalhar a mentalidade vencedora. Se um clube tiver um padrão, não sofrerá com as dificuldades de assimilação e o choque de filosofia a cada vez que troque de treinador.

Carreira como técnico
Nas conversas que tivemos com a diretoria, ficou definido que, além de trabalhar as bases do clube, eu seria o auxiliar técnico do time profissional. No momento, eu não tenho pretensão de acumular o cargo de técnico no grupo principal justamente por saber que ainda há muito o que se desenvolver em nossas categorias de base. Assumi essa missão e quero ter tempo para realizar um trabalho que faça o meu nome ser lembrado pelos torcedores americanos e também pelos gestores do clube. Depois desse período de implementação do trabalho, meu nome estará à disposição dos dirigentes e podem estar certos de que o Jocian Bento estará preparado para desenvolver um bom trabalho também nos profissionais. Recebi propostas para assumir clubes que vão disputar o Campeonato Carioca, mas meu pensamento hoje é assar pelo menos dois anos no futebol potiguar a fim de me capacitar, de ter uma boa preparação, para depois abraçar definitivamente a carreira de treinador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário