Depois de acompanhar ABC 0x1 América-MG, resolvi dar uma olhada na parte final de Internacional 1x0 Luverdense. Para quê? Quase não durmo ao acompanhar a influência direta do bandeirinha Márcio Eustáquio Santiago na marcação do gol. Eis o lance:
Eu ainda tive que ouvir Arnaldo César Coelho dizer que William Pottker não participou do lance. Acho que esse pessoal da arbitragem de futebol deveria fazer um curso de Hermenêutica Jurídica para aprender a interpretar regras. Não basta vermos quase que diariamente lances de bola na mão serem marcados como mão na bola e vice-versa, ainda temos que aguentar comentaristas de arbitragem que veem e reveem lances em vídeo e se saem com interpretações que afrontam a realidade.
Pode conferir o vídeo. Esqueça o assistente: William Pottker está impedido quando a bola é lançada em sua direção. Ele corre para a bola. Os zagueiros do Luverdense correm para marcá-lo. William Pottker só para de correr em direção à bola quando vê que há um companheiro de equipe melhor posicionado, à sua direita. Somente nesse momento é que ele vê a marcação do bandeira e passa a questioná-la. Ou seja, ele participou sim do lance, tanto que levou com ele a marcação, e estava sim impedido. A postura de quem não participa do lance é não correr para a bola. Mas parece que esse pessoal da arbitragem acha que participar de um lance é tocar na bola. Triste.
Agora vamos a Márcio Eustáquio e seu show particular. Ele não apenas levanta a bandeira. Ele a mantém erguida, agita o outro braço efusivamente e ainda entra em campo. William Pottker entendeu que o impedimento estava marcado. A defesa do Luverdense entendeu que o impedimento estava marcado. A torcida também entendeu e começou a reclamar! Todo mundo parou. Mas o árbitro mandou continuar, mesmo com o bandeirinha tendo invadido o campo de jogo!
O que vale é o apito, é verdade. Mas como negar o erro no gestual do árbitro? Ele se arrependeu do impedimento marcado. Então por que não desceu imediatamente a bandeira, como acontece quase que em todos os jogos de futebol? Não, ele mantém a bandeira erguida e ainda entra em campo. Ele só desce o braço quando os jogadores param, exatamente como ocorre nos lances de impedimento. E o árbitro não tem nem vergonha de mandar correr um lance com uma interferência dessa. Resultado: gol do Internacional.
Eu só imagino o que se passa na cabeça de quem sofre um lance com uma interferência dessa. Eu, que nem torço para um ou para outro, quase não dormi por ter presenciado tamanha injustiça. Pior é ver que o árbitro nem citou em sua súmula o papelão que a arbitragem apresentou no jogo. Só falou que precisou acalmar o pessoal do Luverdense após o gol.
E vou dizer, viu? Palmas para os atletas do Luverdense que voltaram a campo. Acho que eu teria abandonado o jogo a partir de então. Eles tiveram um espírito esportivo bem maior do que a arbitragem e até os jogadores do Internacional, que poderiam ter apontado ao árbitro a interferência, porque o único jogador colorado que não parou no lance foi o que estava de costas para o bandeira (logo, não viu a presepada) e assim marcou o gol. Mas isso é querer demais do futebol brasileiro, que comemora a esperteza de jogador que se joga para cavar falta e para goleiro que atrasa o jogo com contusões inexistentes (sim, essa é para você, Edson).
Pelo menos ao fim do jogo, a impressão que tive foi que Márcio Eustáquio fez questão de se desculpar com cada um dos jogadores do Luverdense que o procuraram. Mas o erro de interpretação dele e do árbitro mexeram com a classificação da Série B. Provavelmente serão suspensos. Mas o que eu gostaria de ver era uma reciclagem geral vinda da comissão de arbitragem apontando o que é participar de um lance de impedimento, o que é interferência externa e a importância do bom senso na aplicação das regras. No caso de Márcio Eustáquio, um curso de gestos aplicados na arbitragem seria de suma importância.
E pra lá da arbitragem, gostaria de ver o futebol como um jogo limpo, em que os próprios atletas se importam com o andamento correto do jogo, tendo hombridade de apontar erros até quando lhe beneficiem. Só temos um exemplo aqui neste ano: o de Rodrigo Caio (São Paulo) naquele lance em que Jô (Corinthians) levou um cartão amarelo injustamente. Aliás, não só neste ano, mas nos últimos anos. É só mais um reflexo da selvageria do futebol.
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