terça-feira, 17 de novembro de 2015

Ostentação, solidariedade e políticos

Adoro a página 2 da Tribuna do Norte. É a página da opinião. Opinião do irônico Woden Madruga, dos mais variados articulistas que por ali se revezam e dos leitores que se animam a enviar e-mail para o jornal. Hoje tive o privilégio de ler "A sociedade da ostentação", do Padre João Medeiros Filho e me senti grata. Afinal, vi que não sou a única a perceber uma cultura de ostentação nas redes sociais. A tal da selfie deu o impulso que faltava para tanto. Nas palavras do padre, "ter ou poder já não são mais suficientes, torna-se fundamental exibi-los de forma ostensiva. Isto é importante para esconder a fragilidade e pobreza interior."

No outro extremo está Kim Stemple. A americana sempre se dedicou a competições de corrida. Depois de se descobrir paciente de uma doença mitocondrial terminal, Kim entrou em depressão e precisou ser internada. No leito hospitalar, ficava pensando em como gostaria de participar de uma maratona em Los Angeles. Mas a depressão não deixava. Uma amiga participou da maratona e resolveu lhe enviar a medalha com uma mensagem na fita. A medalha foi então pendurada no leito de Kim. Foram tantos os comentários positivos que aquela medalha trouxe que finalmente ela se recuperou da depressão. E então decidiu que poderia fazer o mesmo por outros. Fundou a instituição We Finish Together (Terminanos Juntos) que recolhe medalhas entre corredores que queiram doá-las a hospitalizados. Só é preciso escrever uma mensagem na fita da medalha.

A própria Kim doou todas as suas medalhas. E resolveu correr sua última maratona em homenagem ao marido, um ex-fuzileiro naval americano. O médico lhe perguntou em que milha ela preferia morrer, uma vez que sua condição já era de tratamento paliativo. Ele tinha certeza de que ela não sobreviveria àquela última corrida. Mas Kim deu de ombros e se inscreveu na 2015 Marine Corps Marathon.

Durante a corrida, seus cabelos começaram a cair. Kim nem ligou e continuou a sorrir. Ao cruzar a linha de chegada depois de 4 horas e 15 minutos, ela entregou sua última medalha ao marido. Na fita, a singela mensagem "Eu sempre segurarei sua mão". A reportagem foi da Runner's World americana. Mas Kim implorou para que abordasse apenas sua instituição. Impossível. Chorei copiosamente.

Fecho de novo com um texto da TN. Agora foi Valério Mesquita que trouxe a resposta de Dinarte Mariz a um repórter que lhe indagara sobre sua opinião a respeito de o povo dizer que todo político é um mentiroso: "Meu filho, o homem de responsabilidade política não mente! Inventa a verdade! Político é o indivíduo que pensa uma coisa e diz outra, e ainda faz o contrário."

Três realidades distintas, mas essencialmente verdadeiras. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário