sábado, 4 de abril de 2015

O que achei de Foz do Iguaçu

O que achamos de um lugar é muito influenciado por nossas experiências e nosso jeito de ser. Isso significa que alguém pode ter uma opinião diametralmente oposta à minha, mas não gostei de Foz do Iguaçu no geral. Achei a cidade feia, esquisita (quase não vi gente nas ruas, apesar de hospedada no centro).

Interessante apenas a mistura de sotaques e religiões. Foi a primeira vez que vi de perto mulçumanos no seu dia a dia. Ouvi línguas que não reconheci. E vi pessoas com todos os traços étnicos de indígenas.

O hotel (Best Western Tarobá) foi perfeito às minhas necessidades. Apesar de ter um único concierge que parecia ter raiva da vida, todas as outras pessoas que ali trabalhavam eram simpáticas e prestativas. E o café da manhã lembrou muito a minha ótima experiência com o Hampton Inn International Drive Convention Center em Orlando. Ou seja, divino! 

As cataratas são fenomenais. Desde a entrada do parque percebemos que tudo é grandioso. E é mesmo! Enormes, avassaladoras, magníficas, elas valeram cada centavo que paguei da passagem e da hospedagem.

Itaipu me decepcionou um pouco. O documentário inicial quase não mostra os momentos iniciais da usina, mais preocupado que está em mostrar Lula. Uma lástima. Eu esperava uma visita interna, mas lá descobri que isso me custaria mais dinheiro e outro passeio. Gostei de ouvir um trabalhador mineiro (Seu Domingos) ainda da época da construção nos anos 70. Simpaticíssimo e cheio de histórias para contar. 

E acabam aí as boas coisas. A alimentação é ruim e cara. Logo no primeiro dia me indicaram a Churrascaria do Gaúcho, quase vizinha do hotel, como um local em conta. R$ 28,50 buffet livre (mania da região) com direito a sobremesa. Bebidas não inclusas. Nem taxa de serviço. Descobri logo que esse povo nunca comeu uma farofa nordestina na vida. Sim, porque o que eles servem e chamam de farofa são aquelas industrializadas que mais parecem alpiste (comida de passarinho). Comi a fraldinha mais dura da minha vida. Alcatra com alho para eles só pode ser alcatra pronta com alho cru. Coração de frango servido com alecrim. Resultado: estou com trauma de churrasco. Nem o cheiro aguento mais.

E a conta? Mais de R$ 100 para 3 mulheres, fora o serviço. Por menos, eu como camarão a thermidor com suco de laranja no Abade e já com os 10% do serviço.

No jantar, fomos conhecer Puerto Iguazu na Argentina. Pequenina, aconchegante, mas com sinais de pobreza de cortar o coração. A cada 3 minutos, aparece uma criança entre 5-8 anos oferecendo uma peça de artesanato. Se recusamos, elas pedem o que você está comendo. Foi assim a noite inteira. Um resto de sanduíche fez a festa de bem cinco deles. Nem gosto de lembrar. 

O trânsito lá é coisa para louco. Não há sinais e bem cinco ruas se cruzam no mesmo lugar sem que alguma preferência seja estabelecida. Sentei num Freddo bem de frente para a maluquice. Vi várias quase batidas, meninos de skate e bicicleta e cachorros bem no meio da rua, mas nenhum acidente.

Foi aí que descobri umas tais medias lunas. Parecem croissant, mas quando chegam à mesa percebe-se que estão mais para palitos. 

Tudo é caro. Uma hamburguesa simples (pão, hamburguer, tomate e alface) num lugar mais simples ainda (Tacopado), mas de atendimento simpático sai por R$ 10. E eu achando que Litoral Lanches e Pittsburg eram careiros! Pelo mesmo preço sai um copo de suco de laranja.

Comprei um pote de doce de leite (os argentinos são famosos por isso), dois alafajores sem açúcar para mamãe e uma geleia de pimenta. Algo em torno de R$ 50. Não me arrisquei a comprar mais nada, já que a alimentação dava mostras de que o orçamento ia para o beleléu.

No dia seguinte, o almoço foi no ótimo Porto Canoas com vista para parte a parte superior das cataratas. O ótimo já revela o preço: R$ 43 o buffet sem sobremesa. Lá tive a certeza de que esse povo não tem juízo: além de chamarem melancia de sobremesa (em todo canto, lá está ela), nesse restaurante cobravam R$ 12 por uma fatia. Apesar de ter sido o melhor almoço, a brincadeira saiu por mais de R$ 200.

Em seguida, conhecemos o Parque das Aves. Muito interessante e com uma calmaria muito bem vinda pós-esforço nas cataratas.

O jantar ficou para "a maior duty free shop" como afirmam os argentinos e sua megalomania. Primeiro, somos tratados como ladrões. Tudo o que trazemos é passado para uma bolsa que é lacrada na entrada e só pode ser aberta por um dos guardas no interior da loja ou na saída. Depois, descobrimos que a desvalorização do real frente ao dólar é uma desgraça sem tamanho. Por fim, pedimos num quiosco uma hamburguesa simples e uma hamburguesa completa (ambas com batatas fritas), uma Mirinda e uma Pepsi light. 3 pessoas comiam bem. R$ 70. Nem paguei pelo serviço.

No outro dia, fomos ao famoso Paraguai. R$ 40/pessoa pelo passeio. Ciudad del Este tem, pelo menos em seu início, uma estrutura 400 milhões de vezes pior do que o Alecrim. Ruas de barro e vendedores ambulantes mais parecidos com carrapatos ou enxames de abelha. Mas os preços são de 3.° piso do Midway Mall. O almoço (R$ 25 buffet com sobremesa - adivinhe... entre as opções, melancia!) parecia comida de presídio. Triste. Pelo menos uma coca 500 ml saiu por R$ 5. A conta ficou em R$ 80. 

Com o dólar nas alturas (R$ 3,31) comprei apenas dois perfumes na Casa Bo (única recomendada pelos guias) e nem fui atrás de outros preços. Afinal, o Paraguai é famoso por seus produtos falsificados e mesmo pelos tijolos que substituem eletrônicos nas caixas.

Na volta, os fiscais aduaneiros nem se deram ao trabalho de revistar os visitantes. Ao saber a cotação do dólar, deixaram o ônibus passar.

Finalmente jantamos numa padaria vizinha do hotel. Não aceitava cartão, mas ao perguntar o preço do suco de laranja e ouvir R$ 4, senti um alívio sem tamanho. Não era a oitava maravilha, mas nem de longe era ruim.

No penúltimo dia, fomos ao Vale dos Dinossauros. Apesar de pequeno, eu adorei o lugar. Agradável, verde, como se estivéssemos visitando os dinossauros num zoológico ou em seu habitat. Comprei as fotos nossas que me foram oferecidas. 3 por R$ 36. 

Busquei um restaurante japonês por perto. Me indicaram um numa rua paralela. Que decepção ao chegar lá e descobrir que o local era chinês! Nada de comida japonesa. R$ 26 o buffet (melancia de sobremesa apenas) ou R$ 16 o quilo. Comida simplérrima, mas pelo custo tava ótimo. Não deu nem R$ 30. Tomei até um sorvete numa sorveteria caindo aos pedaços, mas cujos sorvetes eram apetitosos e baratos. Delícia. Pena que a descobri praticamente no último dia.

O último jantar foi mais uma vez na padaria. Pronto. 

No check-out, o funcionário nos lembrou da taxa de serviço. R$ 20. Bem pagos. Já havíamos dado gorjeta à camareira também.

Antes do check-in no aeroporto, as malas passam por um raio-x na Receita Federal. Uma tremenda invasão de privacidade, mas fazer o quê? 

No pequeno aeroporto, só havia uma lanchonete. Imaginem que um sanduíche de frango estava em promoção por R$ 20. 2 coxinhas, 1 rolinho de carne, 2 cocas zero por mais de R$ 30. Também havia uma loja H.Stern lá, aquela loja de joias bem baratinhas... Eu só acredito porque vi alguém fazer uma compra lá. Devia ser estrangeiro.

Para resumir, valeu a pena ver as Cataratas e as demais atrações. Só que a alimentação é tão ruim e seu custo tão desproporcional ao sabor que me arrependi de ter tirado 5 dias e 4 noites para tanto. Talvez 4 dias e 3 noites já fossem demais. Ir ao Paraguai só vale a pena se o dólar estiver baixo. Não estando, melhor comprar perfume na Argentina já que o transporte é gratuito. 

Só tenho duas certezas: amo Natal e adoro a Flórida. E ponto final.

Um comentário:

  1. Post perfeito. Ainda bem que Foz do Iguaçu tem as cataratas, porque senão...

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