domingo, 26 de abril de 2015

Neutro não!

Neutro, segundo um dicionário desses da internet, é aquele que não toma partido entre forças beligerantes, sejam pessoas ou nações antagônicas; em termos de química, é o que nem é ácido, nem é base; na física, é o que não apresenta eletrização.

No futebol, de vez em quando, surge essa definição para determinados locais de jogo, especialmente antigos estádios que possuíam pista de atletismo e fosso separando a torcida do gramado, como os velhos Machadão, Maracanã e Castelão, para ficar em exemplos mais conhecidos.

Pois bem. Alguém já viu na história do futebol o Maracanã ser taxado de estádio neutro quando um time do Rio ali jogava? Seria mesmo o poderoso Flamengo (segundo a mídia em geral) menos forte jogando ali?  

Avancemos. No formato arena, a FIFA exige que os palcos de copa do mundo não tenham qualquer separação entre o público e o gramado. Nada de fosso, pista de atletismo, alambrado ou coisa que o valha. A torcida fica ali, bem pertinho dos jogadores, sendo inúmeros os casos de gols que são comemorados com abraço entre torcedores e jogadores e mesmo de jogadores que conseguiram identificar o xingamento recebido de um único torcedor, que até então se pensava perdido na multidão.

Com a acústica das arenas de copa do mundo, 5 torcedores batendo palma já fazem um barulho correspondente a uma multidão, chegando até mesmo a assustar quem assiste a um jogo numa arena dessas pela primeira vez.

Então eu pergunto: por que apenas a Arena das Dunas dentre os palcos de copa do mundo seria a única tida como campo neutro?  Quem frequenta o local nunca viu os exemplos dados acima ocorrerem ali?

Ok, há uma necessidade de convencer que o 2.° jogo em casa é vantagem a ser disputada com unhas e dentes no Potiguar 2015, vantagem essa que restou confirmada para o ABC. Mas tal vantagem faria mais sentido no caso de viagens entre as partidas. Qual seria então a explicação para o América ter sido campeão em 2012 disputando o 2.° jogo ali se o adversário dispunha de tamanha vantagem?

Querer transformar a Arena das Dunas num palco neutro é negar a história que lá se desenvolveu da inauguração até os dias atuais e a especial relação da torcida americana com o local.

Para além de tudo isso, o que vale é o futebol. Quem jogar mais futebol e acertar mais leva o título. Simples assim. Tanto que o ABC não venceu o clássico deste ano no Frasqueirão, nem o América venceu o da Arena das Dunas. 

Voltemos aos conceitos iniciais. Uma arena com clara maioria vermelha dentre as forças antagônicas é um campo neutro? Não seria a torcida americana capaz de eletrizar a Arena das Dunas? Nem seria também capaz de azedar o favoritismo do adversário, campeão 100% do 2.° turno?

Então, uma vez que a arena é neutra como dizem, talvez seja de bom tom a diretoria americana disponibilizar apenas o setor noroeste para os visitantes. Afinal, quanto mais "neutro", melhor.

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