quarta-feira, 10 de julho de 2013

O novo visto americano

Digo novo visto porque o meu era tão antigo que ainda era da época em que apenas enviávamos a documentação pelos Correios e aguardávamos o visto em casa. Se algo desse errado é que teríamos que ir a Recife para uma entrevista no Consulado.

Também naquela época, os vistos eram concedidos com prazo a conta-gotas: 3-6 meses. Um horror para quem vira e mexe tinha que viajar para os Estados Unidos. 

Mas como diz o repórter esportivo Chico Inácio, agora tudo mudou! A começar do prazo de validade do visto: confortáveis 10 anos.

Com viagem marcada para a terra do Tio Sam, lá fui eu lidar com as incertezas do novo processo. Inicialmente é preciso preencher o famoso formulário DS-160 (tudo online). E para começar a preencher esse formulário, temos que carregar um foto 5x7 de até 240 kb cheia de requisitos: nada de uniformes, proporção correta do rosto na foto, fundo branco sem sombras, nada de mostrar os dentes, cobrir orelhas... Confesso que me estressei já das fotos (a minha e de mais 3 pessoas), mas tudo sem necessidade. Na hora de carregar, o site demorou tanto que eu descobri que poderia deixar para carregar a foto depois do preenchimento do formulário.

O formulário é todo em inglês e assim deve ser respondido, embora seja possível colocar a setinha do mouse sobre as perguntas para ver uma tradução (que de nada serve se você vai ter que responder em inglês, não é mesmo?). Como a língua inglesa é praticamente irmã gêmea do português para mim, ante a intensidade e os anos de convivência, fui eu a escalada para preencher os formulários de todo mundo.

Devo dizer que todas as agências de turismo oferecem despachantes que preenchem o formulário e fazem todo o agendamento. Só que eu entendi que eram R$ 500,00 + a taxa do visto ($ 160, o que deu R$ 352,00 quando paguei). Lógico que recusei! Mas eram R$500,00 com a taxa inclusa. Hoje agradeço por ter entendido errado, já que gastei menos (Ha, ha).

Voltando ao formulário, nada difícil se você for falar a verdade. E a regra de ouro é essa: não minta! Tudo é checado e pesa na hora de sua entrevista. O formulário é minucioso: tipo de visto (B1/B2), quer saber sobre você, seus pais, seus empregos nos últimos 5 anos, sua escolaridade, seus planos de viagem, sua renda mensal, seu número de identificação nacional (é melhor preencher o CPF), passaporte, vistos anteriores, se já visitou outros países, etc, além de muitas perguntas de segurança, que até parecem engraçadas para nós, pobre mortais, mas são de suma importância para quem lida com doidos de todos os tipos.

Vale destacar que há pequena diferença entre o formulário para homens e mulheres. No caso dos homens, ele questiona se há planos específicos de viagem e assim pede até o número do voo de ida e de volta. Para as mulheres, nada de planos específicos; apenas quantos dias pretendem ficar e a partir de que dia.

Muitas pessoas travam quando o formulário traz o questionamento a respeito de algum contato para informação nos Estados Unidos. Ora, se vamos a turismo, quem mencionar? Simples. Preencha o nome do hotel da reserva em que você ficará mais tempo. Era o nosso caso. Todos já temos reserva. Mas e quem não tem? Bom, acho que o ideal é preencher com o hotel em que pretendem ficar.

Fiquei um pouco apreensiva com o campo sobre a ocupação principal. Motivo: tenho mais de uma. Qual preencher: a de maior salário ou a de maior estabilidade? Fiquei com a segunda. Aí fiquei com medo de me negarem o visto em virtude de um salário não muito atrativo. Mas, como falei acima, o segredo é não mentir. 

Muito tempo gasto preenchendo o formulário de todo mundo, terminei tendo de fazer tudo de novo porque havia colocado apenas o visto B2 e tive dúvidas na hora de agendar. Novos formulários prontos, hora de pagar. Cartão de crédito internacional e pimba! Tudo pronto rapidinho!

Agendamos o CASV para um domingo (13h) e a entrevista para a sexta seguinte (7h15 e 7h30), tudo em Recife.  E aqui entra a mágica. Por que, meu Deus, a sociedade brasileira não consegue atingir este nível de organização? Não adianta madrugar na fila: você só vai ser atendido no seu horário! Por isso a recomendação para chegar apenas 15 minutos mais cedo. As filas são divididas por horário e o seu horário não estiver lá ainda, você vai ficar mofando no sol sem qualquer propósito. Um show para quem gosta de horário exato como eu.

No CASV, não levamos celular apenas a chave do carro. Nada de bolsa, apenas pastinhas transparentes com toda a documentação que comprova nossas informações (extratos bancários, identidade, CPF, carteira de trabalho, contra-cheques, declaração do imposto de renda com recibo de entrega, documentos de carro e casa - quem tinha -, carta do empregador falando das férias no período da viagem - quem tinha - e foto 5x7 tirada no Foto do Estudante - just in case), além dos passaportes e da página de confirmação de envio do formulário (imprimimos a laser por causa do código de barras, mas a única impressa na melhor qualidade a jato de tinta também prestou).

Logo na fila, alguns funcionários já avisavam que só poderia estar ali quem tivesse atendimento agendado para 13h. Conferência de nomes, passaportes e formulários, detector de metais e entramos. A fila segue em confortáveis cadeiras. Tudo muito rápido. Outra conferência de informações e endereço e lá fomos nós tirar a foto e registrar nossas impressões digitais. Em 8 minutos (isso mesmo, OITO minutos!) estávamos todos liberados do CASV. Ainda "demoramos" porque uma das pessoas (justamente a que teve a foto aprovada no preenchimento do formulário) teve que passar por outro setor.

Na noite anterior à entrevista dormimos todos num motel (quer dizer, "hotel", já que não motéis em Recife) próximo e de lá seguimos a pé para o Consulado. Dia de sol no meio de uma semana de muita chuva. Primeiro sinal de sorte, já que as chuvas alagam o consulado, que, por isso, interrompe o atendimento. Chegamos às 7h. Parte de nós seguiu para a fila das 7h15 e parte para a fila das 7h30. Eu fiquei na fila das 7h30. Seguimos sem celular ou chave de carro. Apenas óculos de grau e de sol. Nova conferência de passaporte e formulário. Entrada e passagem por raio-x e nova conferência de passaporte e formulário. Nesta hora, me foi perguntado por visto anterior. Mostrei meu passaporte e ... decepção... a funcionária (brasileira) nem olhou direito e disse desprezando o pobrezinho: muito antigo. Abri na página e ela disse a mesma coisa. Whatever...

Recebi uma senha e um papel para retirada do passaporte (para o caso de ter escolhido retirar no consulado, mas eu preferi receber em casa). Por duas vezes recomendaram que não era para entregar aquele papel com senha ao entrevistador. 

Fui chamada para entrevista e... quase entreguei a senha. Tive que puxar no meio do caminho. Sou uma leseira elevada à máxima potência. Ainda bem que a entrevistadora era um doce de pessoa. Deu-me bom dia. Confirmou meu nome e perguntou para onde ia. Ao responder Miami e Orlando, recebi um "que ótimo!" tão entusiasmado que quase não controlei o riso. Como era simpática! Nunca me senti com tanta atenção e bem acolhida. Novas perguntas sobre minha profissão. Como declarei que era professora, até o número de alunos por turma ela quis saber. Aliás, esta foi a última pergunta. Acho que foram umas 10 no total. Desejou-me boa viagem e disse que meu visto havia sido concedido. Agradeci e saí super feliz. Aí lembrei que ainda faltavam os meus companheiros de viagem. Mas todos também foram aprovados. Feliz demais! 

Entrevistada na sexta, recebi e-mail com rastreador da entrega do passaporte na segunda à tarde e recebi o dito cujo com o visto no início da tarde da terça (Sedex dos Correios eficiente, viu?). Rapidinho. Agora é só cuidar dos últimos detalhes (aluguel de um carro que caiba todo mundo, definição de compras, etc...), mas  temos um tempo razoável até lá.

Vamos nos divertir à beça.  Tenho certeza. USA, here we go!


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