sábado, 27 de julho de 2013

À beira do gramado

Na noite dessa sexta-feira, talvez pelo vazio das arquibancadas, o Premiere, canal pay-per-view que exibe jogos de futebol da Série B, proporcionou um espetáculo à parte para seus espectadores: um microfone que captava quase tudo que o novo técnico do América Argel Fucks dizia.

Argel não parou um só minuto. Cantou o jogo, como se diz na gíria, o tempo inteiro. Houve um contra-ataque no segundo tempo em que isto ficou bem nítido. Fabinho subia em velocidade com a bola pela direita quando o treinador gritou "Chico". Neste momento, Fabinho reduziu a passada e aguardou a passagem do lateral Chiquinho, para quem rolou a bola. Chiquinho fez a mesma coisa e o América fez ótima jogada na direita.

Algumas coisas ficaram claras com esse espetáculo que o PFC proporcionou. Argel é um treinador que se recusa a ficar calado. Grita o tempo todo, seja para reclamar (com xingamentos ou não), seja para elogiar, o que o faz com boa frequência. Eu me apaixonei à primeira vista. Espero que seu comportamento seja esse sempre.

Quando colocou Mazinho, ele demonstrou enxergar a avenida da esquerda que nós torcedores vemos desde o ano passado. Chamou Fabinho e orientou como queria o posicionamento dos três volantes, com Mazinho lá pela esquerda. Tudo ao vivo e de pertinho para emocionar quem finalmente via um treinador dizer o que deveria ser dito.

Uma curiosidade é que somente Fabinho e Vandinho, dentre os atletas com nome no diminutivo, são assim chamados por Argel. Renatinho é Renato. Chiquinho, Chico. E pelo que jogaram ontem certamente estarão em campo contra o Asa.

Andrey deu dois sustos, mas salvou outras tantas. Zé Antonio só teve uma pequena falha, que nem deve ser computada. Edson Rocha nem parecia que reestreava ontem. Norberto ainda busca aquele futebol do ano passado, mas não prejudicou. Renatinho marcou como nunca antes em suas duas passagens pelo América. Ricardo Baiano foi...Ricardo Baiano - força e disposição à toda prova e a serviço do Mecão. Inclusive teve seu desempenho elogiado por Argel ("uma atuação de luxo!"). Fabinho fez um partidaço na marcação e deu mostras de que aquele velho Fabinho pode estar de volta. Rai, apesar da displicência, desequilibra em um ou dois lances, tanto que deu o passe para o gol e quase marca um golaço. Almir sentiu os meses parados e mostrou apenas 20% de futebol. Pimpão tem bastante vontade, mas parece sentir a falta de entrosamento. E Vandinho fez o que se espera: na única chance, nem pensou. Gol.

Ainda entraram Chiquinho, Mazinho e Alex. Os dois primeiros, bem. O último fez sua pior apresentação no América. Mas quem se importa? O Mecão venceu um grande adversário e quebrou mais um tabu nesta Série B (nunca vencera o Atlético em Goiás).

E na entrevista pós-jogo, Argel mostrou que preenche todos os requisitos para ser um bom treinador. Analisou o que estava errado, mas jogou todos os louros da vitória sobre os jogadores, que mostraram grande empenho, vontade e entrega, segundo suas palavras.

Na terça-feira, todo o trabalho de Argel e do grupo de jogadores será posto à prova. O jogo será no Barretão (tabu 1: o América nunca venceu ali) contra o Asa (tabu 1,1, já que não dá para dizer que seja um tabu mesmo: o Asa venceu o América neste ano pela primeira vez e tirou-lhe a vaga na 2.ª fase da Copa do Nordeste). Encontro de duas retrancas. Mas Argel já deu o recado: "precisamos que o torcedor nos abrace nestas duas partidas em casa." Eu, que detesto o Bur.. ops, Barretão estarei lá, de camisa nova e abraçando o Mecão. E você?




Um comentário:

  1. Ontem decidi assistir ao jogo de uma forma diferente e deu certo. Gostei muuuuuito do estilo de Argel, gritando e incentivando o tempo todo. Terça estarei lá.

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