Sem definição de um protocolo por parte da CBF e das autoridades de saúde em relação ao futebol, o América resolveu se antecipar e investiu algo em torno de R$ 20 mil na aquisição de testes de Covid-19. A Tribuna do Norte de hoje (página 16) trouxe o posicionamento do presidente Leonardo Bezerra e do médico Maeterlinck Rego, cujos principais trechos seguem abaixo.
Maeterlinck Rego: Ainda não foi divulgado um parecer definitivo sobre essa questão da Covid-19 pela CBF. Venho acompanhando isso muito de perto. Mas, entre as questões em análise, está o fato de que o atleta deve se dirigir e sair do clube, bem como chegar aos estádios, sozinho no carro, sem a companhia de companheiros dividindo o mesmo espaço, como era comum antes. A saída vai ser transportar todos em Uber, o que irá aumentar muito os gastos. Isso já fez o São Caetano desistir de disputar a Série D. (...) Não existe um protocolo oficial e os retornos vão depender da situação de cada cidade. (...) Uma questão que deve fazer parte do protocolo será a necessidade de realizar testes para Covid-19 até 72 horas antes da retomada dos trabalhos. (...) Existem dois tipos de testes rápidos: aquele que fura o dedo, pinga uma gota de sangue no aparelho, que dá o resultado na sequência, e cuja possibilidade de falso negativo é maior, bem como existe outro comercializado normalmente por R$ 250 no mercado, em que se retira o sangue da veia com a seringa e, na sequência, é colocado em contato com um reagente que irá indicar se a pessoa teve contato com o coronavírus. O terceiro e mais confiável de todos é aquele que examina vestígios da mucosa da garganta ou do nariz das pessoas, mas estes levam em torno de dez dias para se obter o resultado e não tem como ser aplicado no futebol.
Leonardo Bezerra: Cansei de esperar uma definição por parte da CBF. Na reunião, não se falou nada. Todos os clubes do Brasil vão necessitar realizar esse tipo de teste e, se a entidade adquirisse logo junto a um fornecedor esses kits de exames em grande quantidade, ficaria mais barato para todo mundo. Eles ficam num jogo de empurra-empurra e acabei comprando os testes através de minha empresa e conseguindo um desconto. (...) Nós estamos nos preparando para, assim que recebermos a liberação das atividades, podermos retomar as atividades. Mas acho que os trabalhos em grupo como estamos habituados só poderão retornar lá para meados de junho. Antes desse período, os trabalhos com os atletas serão realizados em pequenos grupos separados. Enquanto uns vão trabalhar no campo, outros estarão se exercitando na academia. Tudo vai ser regido pela máxima segurança.
E a questão da segurança é muitíssimo importante. A Liga de Futebol Alemã, preparando-se para voltar aos jogos (treinamentos voltaram em abril), anunciou que testes realizados em jogadores, treinadores, fisioterapeutas e outros funcionários de treinamento do futebol identificaram 10 resultados positivos. Apesar da pequena incidência num universo de 1.724 testes, o número de assintomáticos (se foram testados, estavam trabalhando, e se estavam trabalhando, não estavam com sintomas da doença, não é mesmo?) aponta para o cuidado que a prática de um esporte de contato como é o futebol exige para que não tenhamos surtos desnecessários de uma doença que se utiliza sorrateiramente dos que não desenvolvem os sintomas.
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