Recebi ingressos para conferir Minha Vida em Marte, cujo texto é de autoria de Mônica Martelli, que também o interpreta.
Eu vi o filme anteriormente. Tem cenas engraçadas, mas não faz muito o meu tipo. Não sou de gastar meu sofrido dinheirinho com comédias, nem no cinema, nem no teatro. Em ambos os casos, em geral, falta talento para deixar tudo bem amarrado, na minha opinião. É questão de gosto.
No caso de Minha Vida em Marte, não há a menor comparação: a peça é infinitamente melhor do que o filme. O talento de Mônica está em transpor para a comédia situações tão comuns a tantas mulheres e tantos casamentos - oficiais ou não - Brasil afora.
Sempre que as pessoas riam no teatro eu me perguntava se a risada era por identificação própria ou de alguém próximo. Por exemplo, com o desespero de que viaja para a Flórida e não consegue se controlar ao entrar num outlet ou no Walmart e encontrar roupas/produtos a $5. Ou com a rotina que mata casamentos que já não tinham amor mesmo (Desculpem. Sofro da visão romântica - se há amor, ele não morre nunca). Ou com a angústia das mulheres que veem casamentos desfeitos no meio da vida e não têm a menor ideia de como recomeçar. Ou - e aqui eu me identifico totalmente - com a falta de foco visual das pessoas (e coisas!) que chegam perto demais, o que nos obriga a dar um ou dois passos para trás para enfim enxergamos.
Enfim, dramas reais e diários viraram boa comédia. Durante pouco mais de 1 hora de espetáculo ficamos todos lá rindo das nossas próprias desgraças, de um jeito ou de outro. E parece que o natalense gosta mesmo disso, posto que há tempos eu não via o Teatro Riachuelo lotado como ontem.
Se um livro é sempre melhor do que o filme que o adapta, Mônica Martelli me provou ontem que a peça também sempre supera (e muito!) a adaptação para as telas. E rir de si próprio é uma forma de não levar a vida tão a sério, dando-lhe providencial leveza. Recomendo.
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