Sem papas na língua

Marconi Barreto segue disparando contra a Federação Norte-riograndense de Futebol e seu presidente José Vanildo. No programa Os Donos da Bola, da Band Natal, na última sexta-feira, ele mostrou que está longe de ter papas na língua. Vamos a trechos:

O "bicho" da FNF e a repercussão da questão

"Isto evidentemente está tomando uma dimensão nacional. Para se ter uma ideia, aquela entrevista que nós demos a vocês na Band tem hoje mais de 500 mil visualizações. Então, realmente a dimensão é nacional. Ou seja, o Brasil tá sendo passado a limpo. O Brasil hoje quando a gente fala de perspectiva, quando a gente fala de fogo, de corrupção, de desvios, todo mundo quer saber onde é que está, o que é que está acontecendo. E eu vou levar isso aí até o fim, certo? Hoje eu tive uma surpresa muito grande. Em função da minha entrevista ontem à tarde, eu disse que, em determinado momento do jogo entre Globo e América, eu fui abordado pelo presidente da Federação, aliás um assessor seu, fazendo uma oferta de mil reais por cada jogador para nós ganharmos do América. E hoje eu escuto que realmente foi confirmado, e vocês inclusive que confirmaram aqui, que a assessoria do presidente confirma que isso era uma prática normal, uma forma de premiação, muitas vezes oferecendo de um lado e de outro. Em outras palavras, se isso era oferecido de um lado e de outro, eu fui oferecido apenas, nesses 4 anos de Globo, apenas uma vez, e não aceitei. Então, você não imagina quantas vezes o Globo, se isso era uma prática, entrou em campo sem direito a nenhuma dessas premiações. Eu acho que isso não é uma forma de premiação. Eu acho que isso não eleva o futebol. Isso, muito pelo contrário, deturpa. Isso é uma forma de corrupção. É como eu entendo. Isso é uma forma que eu gostaria de ver esse dinheiro, como é que ele saiu do balanço da Federação. É isso que eu estou pedindo. E é isso que hoje eu estou entrando com uma ação na justiça agora à tarde. Eu tô esperando a assinatura de mais uma pessoa, de mais um clube que está se juntando ao Globo com o objetivo de pedir a abertura. Eu gostaria de ver onde está essa forma, essa prática utilizada como normal, de que forma ela vista pelos clubes como incentivo, como é que o público vê isso (...)

Como lidar com a imprensa

"Olha, do mesmo jeito que ele chegou pra mim e ofereceu mil reais para cada jogador, no início da gestão no Globo, no início dos meus contatos, evidentemente o presidente da Federação é uma pessoa a ser visitada. E uma orientação que ele me deu é que eu deveria ter 'a imprensa sempre do seu lado; você tem que ter a imprensa sempre do seu lado. Isso é uma coisa acessível, é uma coisa barata. Você dá um pouquinho a cada um. Ponha um pouquinho para cada um ali no seu orçamento, certo?' Isso aí foi a orientação dele de eu ter a imprensa no meu orçamento. (...)

Prestação detalhada

"Eu quero que ele faça a prestação de conta completa. Dizendo dos detalhes onde é que foi gasto esse dinheiro. O dinheiro que veio para a Federação. Pros clubes é uma coisa. Do clube, saiu da CBF e veio para a Federação, da Federação, clube. Aí não tem o que demonstrar. Aí é o clube que vai gastar, aí é o clube que tem que demonstrar para os seus associados.

Globo sozinho

Eu acho que os outros clubes, exatamente pela situação... Eu sou o dono do Globo. Por eles talvez... eu diria dependência, mas ninguém tem dependência. No momento que ele começar a enxergar que, no dia que essa canalhada se acabar, tudo vai ser melhor. Mas enquanto a canalhada tiver lá, sabe o que que vai acontecer? Vai ficar com essa dependência. A gente pra pedir uma antecipação de alguma coisa que é um direito muitas vezes do clube... Vamos supor: você está numa situação delicada.Você tem para receber em dezembro duzentos mil reais de uma Copa do Brasil. Aí você vai... O que é o trânsito normal disso?  É você ir até o presidente da Federação e dizer: 'olha, eu tenho esse direito e gostaria que o senhor [fizesse] uma intervenção junto à CBF pra esse dinheiro ser antecipado.' É uma coisa natural. (...) Por que a CBF não antecipar para os clubes que estão com dificuldade? Mas isso é uma favor, amigo velho. Isso não é questão para se fazer numa boa, não. É favor. Você tem que ir lá e implorar. Se você não tiver do lado dele, essa próxima etapa não será feita, não. Então isso é uma coisa parecida, já falei em outras épocas, com regimes autoritários. A quantidade de repórteres que comenta comigo que já foi enxotado de lá para fora, tratado grosseiramente, porque simplesmente não rezava na cartilha dele é incomensurável. Eu não como é que se tá aguentando isso, rapaz? Será que eu sou diferente? Será que eu sou de outro planeta? De enxergar essas coisas e continuar engolindo, engolindo, engolindo... Chega um ponto que não dá. Com o dinheiro dos outros, com o dinheiro dos outros. (...) 

A porcentagem da FNF

"Parece 8% e muitas vezes foi colocado pelo próprio presidente como uma insignificância, mostrando muitas vezes que 8% representa trezentos, quatrocentos reais duma renda. Olha, eu tenho aqui o resultado de uma renda pra dizer a vocês o que é que significa 8%. O jogo Globo x ABC, na Arena, no dia 22 de fevereiro, o Globo levou 25% da renda líquida. Levar da renda significa o dinheiro que você bota no bolso, tá? O Globo levou 25%, o ABC levou 38% e a Federação levou 35% da renda, certo? Ou seja, no momento que ela tira 8%, ela tira 8% do bruto. Aí vem juiz, INSS, INSS dos juízes, ambulância, que eu não sei por que se cobra ambulância. E o clube paga tudo. (...) E a Federação tem uma ambulância. Tá aqui. Uma ambulância, o aluguel dela numa noite é R$ 1.080... R$ 1.050. Tá aqui. R$ 1.050. Isso é um absurdo! (...)