segunda-feira, 22 de maio de 2017

"Eu gosto da bola no chão"

Seguindo o velho estilo "dê-me uma pergunta e eu devolvo uma palestra", o técnico Leandro Campos só precisou de uma pergunta para falar tudo o que transcrevo abaixo. Mas não se enganem com a divisão de assuntos! Ele falou tudo de um fôlego só.

A estreia
"Olha, nós estamos felizes pelo desenvolvimento do América. É natural que nós tenhamos aí acertos, erros. Isso faz parte de um primeiro jogo. E até pelas circunstâncias que foi. Nós pegamos uma equipe que talvez não tenha tido um bom desenvolvimento, mas é uma boa equipe, uma equipe que fez uma campanha muito boa no campeonato alagoano. E nós estávamos preparados para as dificuldades do jogo. Agora, nós também, dentro do que nós tínhamos como meta, como estratégia, como estrutura de jogo, nós tínhamos que ter essa composição na valorização do fator casa, que é fundamental nessa competição. Vocês vejam bem que as duas equipes que jogaram em casa venceram,né? O Jacobina também venceu lá o time do Sergipe e nós conseguimos aqui confirmar o serviço. Agora é lógico que, dentro do desenvolvimento do jogo em si, nós tivemos um poder de organização bom. Até não me surpreendeu, mas me deixou realmente satisfeito pela assimilação no grupo do que nós tínhamos de desenvolver. A equipe conseguiu uma boa definição de marcação. Tanto é que o Fred, ele só fez uma intervenção no segundo tempo. Então é uma sinal que realmente a nossa marcação estava muito bem casada, muito bem organizada. Nós não permitimos que o adversário criasse. Inclusive essa marcação, ela já começou no campo do adversário, com a função dos 3 homens de frente, procurando realmente diluir um pouco mais essa bola quando chegava no nosso campo de defesa. Mas a equipe não ficou retida somente à marcação, mesmo porque nós tínhamos a obrigação de sairmos mais para o campo do adversário para buscarmos o gol. É lógico que nós sabíamos que teríamos alguns problemas com relação a esse imprevisto que aconteceu, que seria a não utilização do Robert. Eu gostaria muito de ter iniciado com o Marcos Júnior fazendo a função de 3.° homem pra ele ter mais versatilidade, mais força nessa chegada à frente, e, infelizmente, nós fomos forçados a trabalhar com Guto. Inclusive não era o nosso pensamento iniciar com Guto nessa condição, até mesmo porque o atleta estava vindo de uma lesão e eu estava até certo ponto preocupado com relação ao rendimento físico do atleta. Mas vocês vejam bem o seguinte: a escolha foi boa. Inclusive me fez lembrar uma situação até anterior, quando eu estava no ABC, que eu fui muito criticado quando eu usei o Edson pela lateral direita em 2010. E o Edson acabou se efetivando como lateral direito e dali ele foi para o Fluminense e Bahia. Não quero fazer a mesma coisa com o Marcos Júnior, né? Mas, se houver necessidade no próximo jogo, é um jogador que já me deu hoje, e foi a primeira vez que ele fez essa função, já me deu hoje essa confiança até da utilização dele no próximo jogo fazendo essa função da ala direita. Vocês vejam bem que ele não ficou restrito à marcação. Ele criou uma condição de projeção, jogadas de frente, cruzamentos, e eu fiquei realmente surpreso pela assimilação muito boa do atleta. Tivemos ali uma composição boa com os zagueiros, com os volantes. Realmente muito precisos na marcação, embora em algumas situações, fizemos algumas ligações diretas que fogem um pouquinho até da própria qualidade do gramado. Nós temos que evitar ao máximo as ligações diretas, a não ser que seja uma ligação direta com objetivos ofensivos, pra se criar uma jogada rápida, onde se coloque um atacante numa condição de uma ação ofensiva. Agora nos desfazermos da bola com essas ligações diretas eu não gosto. Eu gosto da bola no chão. E o nosso campo aqui, ele tem condições pleno de desenvolvimento. É lógico que houve alguns desacertos com relação à nossa função de frente, algumas confusões com relação aos posicionamentos. O próprio Jean e o Cascata usando os mesmos setores em algumas situações. E perdemos um pouco de referência. Inclusive em algumas situações o próprio Lucão flutuando no tempo errado. Mas tudo isso dentro de uma previsão. Ninguém acharia que faria um jogo perfeito hoje, que nós seríamos realmente super organizados porque [no] futebol não existe isso. Nós sabemos que estamos trabalhando com seres humanos, jogadores que têm, lógico, um Q.I. alto, mas é necessário que se dê tempo ao tempo. E eu penso que, dentro do próprio desenvolvimento, até relacionando o que foi desenvolvido na segunda etapa, vocês vejam bem que eu retardei bastante as substituições, lógico que com o objetivo real, que era dar uma sequência maior até na condição de aquisição. Eu sei que o torcedor, ele fica impaciente, até com opções que nós teríamos com relação... Mas isso aí é uma situação proposital. Tanto é que, queira ou não, no tempo certo, todos trabalharam bem, tiveram uma aquisição boa com relação ao ritmo, o desenvolvimento, que nós precisamos formar um time. E é importante que esse time, ele tenha consistência física. E esse jogo acaba criando esse equilíbrio, esse desenvolvimento. E quando realmente esses atletas chegaram no limite de desenvolvimento, vocês vejam bem que a primeira substituição, ela foi aos 37, depois 40, 45 praticamente... Hoje é o primeiro jogo profissional do Juninho, que é um jogador nosso, dos juniores, é um volante, mas que tem um futuro brilhantíssimo pela frente. Então é um processo que nós também temos que trabalhar, né, o trabalho de formação desses jogadores mais jovens para que eles possam adquirir uma maturidade e chegar aos poucos numa condição de equilíbrio. Agora 3x0, né? Eu penso que foi um resultado que não deixa dúvidas em relação à superioridade da equipe do América. Nós não permitimos que o adversário criasse. Nós criamos inclusive, com todo o respeito à equipe do Murici... acho que o placar poderia até ser um pouquinho mais dilatado em cima do que nós criamos. Então eu vou realmente satisfeito pra casa, sabendo-se que é apenas o 1.° jogo. Nós temos ainda muita lenha pra queimar."

O jogo contra o Sergipe
Já sabemos que vamos enfrentar dificuldades lá no jogo contra o Sergipe. O Sergipe está vindo de uma derrota e, com certeza, vai ser o jogo da vida do Sergipe. Vai querer naturalmente recuperar esse jogo que não foi vitorioso. E nós teremos que ter paciência. Temos aí a chegada de alguns bons jogadores. Vão se somar com os demais que estão trabalhando. O nosso Departamento Médico também está nessa luta aí pra colocar em condições alguns jogadores que estão ainda no Departamento Médico, precisando logicamente entrar o mais rápido na transição, pra que eles estejam à disposição. Na verdade, hoje, eu tive muitos problemas. Tivemos dificuldades. E eu fico feliz porque das dificuldades nós acabamos criando uma situação que é positiva, inclusive até melhorando essas alternâncias de opções que nós podemos ter."

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