Esperto não, espertíssimo. Bob, ou Roberto Fernandes, não parece disposto a dormir de touca como em seu começo desastroso de temporada no Abc no ano passado. Agora no América, o que o treinador mais tem repetido é que sabe que precisa entrar para ganhar tudo porque a torcida e a diretoria não têm aquela paciência europeia com o trabalho.
E tem sido exatamente isso que ele tem mostrado em campo. Veja o caso do amistoso contra o Botafogo-PB lá em João Pessoa. Bob deixou de lado qualquer tentativa de tirar carta de garantia pelo patente fato de que o adversário já se preparava há mais de mês e que o seu time treinara apenas 15 dias para o jogo. No gol de empate de Paulo Jr., aparentemente mal anulado, um Roberto Fernandes enfurecido foi tirar satisfações com o árbitro, a quem acusou de fazer palhaçada, e foi expulso.
Perceberam? Bob encarou o amistoso de alto risco como uma final de campeonato. Gostei. Já deu mostras aos seus comandados que até campeonato de cuspe à distância tem que ser disputado como final de copa do mundo. Quem não aguentar o ritmo, melhor enfiar a viola no saco já.
Sobre o amistoso, o que tenho é o relato da CBN JP, com aqueles vícios das rádios, tais como fazer anúncio enquanto o visitante tem a posse de bola. Isso termina passando a ideia de que só o time dono da casa jogou. Às vezes, o comentarista repõe a verdade. O de lá afirmou que o primeiro tempo foi essencialmente do Botafogo-PB. De fato, os nomes mais ouvidos do América foram os de Flávio Boaventura e, principalmente, Busatto. Mas o América teve boas chances construídas por Daniel Costa e (mal) executadas por Max e Cléber. Até bola na trave colocou.
No que pude ouvir do 1.° tempo, tive a sensação de que o Botafogo-PB estava arrasador e iria golear. No entanto, o time paraibano que se prepara há mais de um mês só conseguiu vencer Busatto numa cobrança de falta perfeita, no ângulo, do lateral esquerdo Alex Cazumba.
Chega o 2.° tempo e com apenas 3 substituições, Bob muda o jogo. Saíram Cléber, Zé Antonio e Daniel Costa para a entrada de Zé Antonio Potiguar, Thiago Dutra e Cascata. E o América, com apenas 15 dias de treinamento, começou a jogar melhor a ponto de o pessoal da rádio questionar a queda de rendimento do time da casa. Outras muitas substituições aconteceram e o América empatou com Paulo Jr. e o resto nós já sabemos.
O mesmo comentarista afirmou que, se houvesse o jogo da volta em Natal, ele não tinha a menor dúvida de que a história seria completamente diferente porque o América ainda estava em ritmo de preparação, com os jogadores se soltando aos poucos. Tanto que o 2.° tempo já trouxe um melhor desempenho do time americano.
Lógico que ninguém quer perder e a atitude de Roberto Fernandes mostra bem isso. Também é claro que uma preparação feita de derrotas gera desconfiança. Mas há derrotas e derrotas. O América perdeu para um bom time em melhores condições físicas e em seus domínios. Jogo fora de casa é sempre mais difícil. Mais: perdeu para o talento de um jogador numa cobrança perfeita de falta. 1x0 ficou de bom tamanho como teste, especialmente porque houve melhora da equipe no 2.° tempo, já que até empatou no fim.
O importante é começar a implantar a movimentação tática e deixar os jogadores cada vez mais à vontade para o dia 1.° de fevereiro, aí sim com vitória obrigatória e desempenho pelo menos regular, mesmo estando o Potiguar em condição física semelhante ao Botafogo-PB.
Até lá, vamos todos sobrevivendo ao futebol estranho dos amistosos de preparação em geral e rezando para que nenhuma catástrofe aconteça para tirar a pré-temporada dos trilhos.
De uma coisa eu não tenho dúvida: Bob está de olhos bem abertos. E como está!
Cara Raíssa, parabéns pelo blog. O que me preocupa é que em dois jogos o América já sofreu três gols. E um detalhe: dois gols foram de uma equipe de jogadores que apenas treinam para manter a forma. Cléber continua como titular e isso me preocupa por demais.
ResponderExcluirADAIL PIRES
Obrigada, Adail. Teremos uma ideia bem melhor já nesta semana.
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