sábado, 7 de setembro de 2013

Quase perdi a voz!


Eu havia prometido a mamãe que se o América vencesse o Oeste, eu a levaria ao Nazarenão pela primeira vez. Ela ficou tão animada com a perspectiva que assim que o América lançou a promoção dos ingressos, compramos logo o dela, antes mesmo da desastrosa partida contra o fraco time paulista. No caso de um fracasso, eu rasgaria o ingresso - esse era o trato.

Mas como rasgar o ingresso de alguém com tanta vontade de ir ao Nazarenão. Logo o Nazarenão! Quem teria coragem de desapontar sua mãe? Bem, eu teria, mas não nesse caso. Mamãe sempre foi pé quente, a não ser numa fase terrível do Machadão. Decidido que ela iria de todo jeito, passei a lhe aperrear a respeito de um improvável resultado diferente da vitória: neste caso, ela voltaria a pé de Goianinha. Coitada, rezou com força para que isso não acontecesse (kkkkkk).

De cara, na ida, um engarrafamento monstruoso na BR-101. Jamais havia ido de Cidade Satélite a Parnamirim de 1.ª e 2.ª marchas. "Mamãe, mamãe, você vai voltar a pé." No que ela respondeu, com ajuda de Mariza: "E eu tenho culpa se outros motoristas ruins batem?" Foi a minha diversão no engarrafamento, além do programa de Anna Ruth Dantas e Virgínia Coelli na Rádio Globo Natal.

Chegamos a tempo no Nazarenão. Mamãe já via o estádio de longe. Estacionei. E lá fomos nós em busca do banheiro. Diabéticos precisam logo saber onde fica o banheiro porque tendem a fazer xixi com mais frequência. É que a glicose em excesso sai por onde dá, sendo a urina o primeiro caminho. Daí que quase 100% dos diabéticos têm algum problema renal com o passar dos anos.

Preciso mesmo comentar sobre os banheiros do Nazarenão? Ao contrário de outros que não quero mais citar por aqui, o Nazarenão tem banheiros limpos, arrumados e sem nenhum odor fétido. Já os comparei aos banheiros do Morumbi - um estádio privado na maior cidade do país. Papel higiênico? Ok, não é um Neve, mas está lá no lugar correto e ainda há um reserva. Isto é respeito para com as torcedoras!

Pronto! Hora de subir as escadas e achar um lugar na arquibancada alta porque o jogo está prestes a começar. Quase ocorre  o primeiro acidente com mamãe (não tem muita força do lado direito do corpo em virtude de um AVC e achou de subir o degrau primeiro com a perna direita), mas ficou no quase mesmo. Felicidade extrema com o clima, com o local, com a torcida. Todo mundo que chega ao Nazarenão sente o mesmo: uma felicidade e uma energia positiva que contagiam.

Começa o jogo e eu trato logo de explicar a ela em qual trave pode sair gol e em qual não pode. É para garantir que ela torça pelo movimento de ataque correto. No início ela ainda consegue ver o jogo, mas aí começam as distrações. Jogo rolando e mamãe prestando atenção na Meta (torcida Mecão Eu Te Amo). Nem me irrito. Quem mais assiste a um jogo calmamente com as pernas cruzadas? Não demorou muito e a galera nem sentava mais durante o jogo. Mamãe permaneceu sentada. Achava mais interessante torcer de acordo com os ânimos dos outros.

Achei um primeiro tempo horrível de Chiquinho (que estreava) e Vandinho. Mas o Nazarenão deve ter atenção especial de Deus. Machucados leves dos dois e Pintado precisa substituí-los. Entram Almir e Júnior Negão. Ambos contestados pela torcida, não por mim. Almir pode não ser o 10 sonhado (e quem o é depois de Souza?), mas é um cara que mantém a posse de bola com certa facilidade e que se entrega ao jogo, marcando com afinco - característica que eu penso essencial no futebol de hoje em dia. Os outros camisas 10 do América ainda não mostraram o suficiente para superá-lo, mas...E Júnior Negão sabe fazer gol. Não tem dribles refinados, mas na área incomoda o adversário. Não corre muito, mas briga pela bola. Estilo Max, outro por mim admirado e que está voltando.

A vaia come na substituição. Tanto o que entra como o que sai são alvo dos apupos. Eu já defendia a substituição na arquibancada. Lembrava ao povo que ninguém estava jogando que preste no charco anterior (nem quero mais citar o nome) e no tapete do Nazarenão a história era outra. Era o caso de Rai, de Vinícius Pacheco, de Tiago Adam... Era a chance de Júnior Negão provar que também esse era o caso dele.

Não deu outra. No primeiro lance, Júnior Negão se choca com o zagueiro e ganha uma falta. Nos lances seguintes, abre na lateral esquerda para cruzar. Era evidente que ele queria jogo, até porque estava jogando contra um ex-time. Eis que Almir rouba a bola no meio de campo, conduz um pouco para a direita e faz um lançamento magistral para Júnior Negão no meio de dois zagueiros. Ele toma a frente do zagueiro para ficar com a bola e toca no contra-pé do goleiro do Figueirense. Êxtase na arquibancada! Eu nem conseguia gritar gol. Só conseguia gritar que tinha sido de Júnior Negão e mais um palavrão que em CNTP eu não digo. Mas o América jogando me tira do normal. Fiquei sem ar de tanto gritar. Era sim de Júnior Negão e com passe de Almir. 

E o segundo gol? Rai (como dá gosto ver Rai jogar no tapete de Goianinha!) faz outro lançamento magistral, desta vez de perna direita. Pimpão ainda desvia de cabeça, apenas o suficiente para que a bola sobre para Júnior Negão sozinho dentro da área. Chuta logo? Que nada! Dribla o goleiro e toca para o gol ainda pressionado por um zagueiro. Arquibancada novamente em êxtase e em coro gritando pelo artilheiro. Eu de novo só gritava que tinha sido de Júnior Negão e o palavrãozinho desgraçado em dia de futebol.

Olho para mamãe e ela está com um sorriso de orelha a orelha e com os olhos cheios de lágrima. É impossível não se emocionar no Nazarenão. Não há jogo frio, morno, mais ou menos ali. Os jogos são sempre viscerais. É claro que ao lhe perguntar se quis chorar, ela me disse que não, que achava que era algum tipo de fumaça ou poeira que tinha provocado aquilo. Sei, sei... Tem problema não, Dona Águeda! Você não foi a primeira, nem a última a se emocionar dentro da torcida do América. Nem a única ontem, já que do meu lado esquerdo, Janaina era só emoção agarrada com a sua santa de todas as horas - Nossa Senhora Aparecida.

Essa foi a história do jogo de estreia de mamãe no Nazarenão - jogo do alívio de Júnior Negão e Almir, jogo que tirou o Mecão da zona de rebaixamento e que quase acaba com a minha voz. Na terça, a batalha é contra o Icasa. Mas é no sábado que a magia do Nazarenão, que enebria a todos, se repete. Como me disse no Twitter Ranildo Alves, em 7 dias, o Nazarenão já tem mais vitórias do que aquele outro (energia negativa) em 5 meses. Definitivamente, #Nazarenãoeuteamo. Que venha o Paysandu!

Um comentário:

  1. TEM QUE LEVAR DONA ÁGUEDA DE NOVO CONTRA O PAISSANDU. SE ELA É PÉ QUENTE NÃO PODE FALTAR KKKK
    LEDA

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