segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Eu já sabia!

Os que me acompanham nas conversas por aqui, pessoalmente ou até no Twitter/Facebook sabem muito bem que eu reprovei 100% o Barretão logo no jogo inaugural do América por lá.

Solitariamente, aguentei as bordoadas ao afirmar que aquele gramado estava mais para pasto, muito longe do tapete do Nazarenão, indiscutivelmente o melhor gramado do RN.

Implorei para que a diretoria do América fizesse os cálculos das arquibancadas extras + arrecadação em Goianinha e comparasse com o que receberia em Ceará-Mirim. Centavo por centavo, a relação custo x benefício favoreceria o Nazarenão, principalmente no quesito técnico.

#QueroONazarenãoDeVolta era o que eu postava, apenas com uma leve esperança de ser ouvida antes que fosse tarde demais.

No sentido contrário, por motivos óbvios, abecedistas encampavam o #FicaBarretão. Tinha até um que sempre defendeu na rádio que o gramado era ruim para os dois. Dá até vontade de rir. Qual dos dois times será apupado durante 90 minutos para conquistar a vitória? Quem se desgastará mais? Quem terá mais desfalques por lesão? Insustentável.

Aí, como diria Chico Inácio, tudo mudou. Ante o número de reclamações dos adversários (isso mesmo, os visitantes vitoriosos do Barretão), a CBF, a exemplo do 1.° turno de 2012, admitiu a utilização do excelente Nazarenão com menos de 10 mil espectadores.

E a campanha #FicaBarretão? Ganhou um apoio inesperado: o MP/RN resolveu pedir uma ruma de coisas à justiça, entre elas a interdição do Nazarenão para jogos da Série B. Ressalte-se que em sua petição, divulgada na internet, o MP/RN parece ter esquecido do 1.° turno da Série B 2012.

Pela primeira vez, ficou claro para 100% torcida do América o nível das forças que o clube rubro tem que enfrentar, especialmente nesta edição da Série B, em que o tradicional rival agarrou-se com a lanterna logo cedo e caminha a passos largos para a Série C.

Mas a ação da promotoria caiu na 3.a Vara Cível, do sensato juiz Carlos Adel, que só vai julgar o pedido liminar, após tentativa de conciliação entre MP e América, com participação da FNF, que, imagina-se, irá representar a CBF e defender seu ato.

Mantido o jogo, selado estava o destino do América. Goianinha só tem energia positiva, do vendedor de dindim ao prefeito, do garotinho que "pastora" o carro aos vizinhos do Nazarenão, sempre atentos a toda aquela fuzarca que se forma por ali. Quem comparece a um jogo, sabe que em Goianinha é outra história. Daí o desespero dos que "defendiam" o Barretão!

Quando um destino está selado, não tem olho gordo que atrapalhe. Foi assim em 2011, quando Fabiano Paredão falhou inexplicavelmente e deixou o acesso à Série B ameaçado. Não por muito tempo, pois o Mecão marcou o gol do desempate. Foi assim no estadual deste ano, quando Tiago Adam, tão criticado pela torcida, marcou o gol que colocou o América na final do 2.° turno, num jogo em que parecia que o olho gordo venceria. Não, não mesmo. Não em Goianinha. 

E assim foi no sábado. Praça (praça mesmo!) de alimentação lotada. Muitos carros estacionados. Arquibancada alta vermelha de tanta gente. Rai cobra uma falta com a mesma habilidade de sempre e encontra Márcio Passos, que escora para o gol. Acompanho a explosão de alegria pelo rádio, afinal fiz das tripas coração para estar onde sempre quis estar nesta Série B, mas não no terrível horário (para mim) do sábado à tarde.

Lembram das terríveis forças contra o Mecão? Elas se personificaram no povo de preto e amarelo no campo. Danilo Bueno do São Caetano tropeça no ar e o pernambucano do apito inventa um pênalti contra o América, talvez o pênalti mais Mandrake de toda a história do futebol brasileiro. Não foi questão de interpretação, nem de lugar da falta (dentro ou fora da área). Danilo Bueno estava absolutamente sozinho quando fez sua simulação. Uma vergonha empreendida também com a ajuda do bandeirinha. Ainda no carro, ouvi César Virgílio (que sempre defende seus colegas de apito) dizer categoricamente que ninguém havia tocado o atleta do São Caetano. Se até César Virgílio viu...

Jogo empatado. Quero estacionar o carro, mas o guarda não deixa. "Aqui não pode". "Como, se não há faixa?". "Aqui não pode." Como do lado havia outros carros, só faço meia volta. Escuto "aqui também não." "E estes outros carros aqui?" "Todos multados." "Ah, tá certo." Deixei no lugar de sempre, o que me faria perder mais uns minutos de jogo.

Na volta, passei pelo guarda e ele me disse que assim que saí surgiu uma vaga autorizada. Agora não adiantava mais. Mas este é o clima de Goianinha: gentileza até para negar algo. Agradeci e continuei na passada rápida para entrar no Nazarenão.

Mal contive a emoção de ver aquelas arquibancadas cheias novamente. Achei um cantinho em pé próximo à escada, de frente para a área do Mecão no 1 ° tempo. De lá ainda vi o grande ator Danilo Bueno meter a mão na bola para marcar o 2.° gol do São Caetano. Mas a energia positiva de Goianinha melhorou a visão do árbitro e do bandeirinha e o jogador foi expulso (2.° amarelo).

Fim do 1.° tempo. Hora de encontrar um lugar um pouco mais na intermediária. Até lá, só o que eu ouvia eram elogios ao Nazarenão e impropérios contra o Barretão. Só louco não via o que o torcedor sabia desde sempre.

Começa o 2.° tempo e o América parece ter medo de repetir os desastres do Barretão. Mas a torcida e Pintado sabiam mais. Sabiam que o São Caetano não aguentaria muito tempo fazer cera num gramado daquele. Sabiam que era só uma questão de tempo. Sabiam também que o árbitro estava doidinho para compensar a expulsão. Sai Márcio Passos (cartão amarelo) e entra Jimmy. Pouco depois, este se inspirou em Danilo Bueno e também levou amarelo por simulação.

Porém foram a saída de Rodrigo Pimpão e as entradas de Tiago Adam e Almir que mudaram tudo. Com a entrada de Almir, Vinícius Pacheco tornou-se de fato atacante. Foi dele o lance lindo para a cabeçada fatal de Tiago Adam, aquele que a torcida critica, mas que é decisivo nos momentos apropriados. Eu até lembro de Paulo Isidoro, que me fazia muita raiva, mas marcava em horas cruciais.

Pensei muito no título que daria a este texto. "Contra tudo e contra todos" até que cairia bem. Mas era inevitável "eu já sabia!". Porque eu já sabia mesmo! Passei todo esse tempo insistindo na volta para Goianinha, porque ali temos todas as condições para um jogo de futebol: banheiros limpos, estacionamento sem exploração, acesso rápido e seguro, comida farta e variada e um tapete para os verdadeiros artistas. E ali nós temos o principal: a sensação de que estamos em casa. E no aconchego do Nazarenão é muito difícil bater o Mecão. Mesmo contra tudo e contra todos.


2 comentários:

  1. Tinha certeza da vitória do Mecão, quer dizer, não só eu como toda torcida. É tanto que os fogos já estavam preparados no fim do jogo. Nazarenão tem outra energia.

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