Uma das minhas resoluções de ano novo ainda de 2017 para 2018 foi aproveitar mais eventos culturais gratuitos aqui em Natal, o que não é nada fácil, principalmente pela falta de divulgação.
Uma forma de quebrar essa falta de divulgação é acompanhar as sugestões de eventos que o Facebook traz, que surgem do que o nosso círculo de amizades anda fazendo e curtindo na rede.
Foi assim que chegou até mim o festival nacional Elas por Elas, com atividades variadas a respeito das mulheres: poesia, teatro, debates, música, cinema e até uma feirinha. Tudo de graça e aqui mesmo no Mirassol.
Só havia um pequeno senão do festival - ele era todo organizado por um partido (PT) - o que dava bem a ideia de que a propaganda partidária estaria bem presente. Mas esse é o preço que se paga em qualquer atividade tida como gratuita: there's no such thing as a free lunch (não existe almoço grátis). Não é mesmo?
Peguei a programação e me preparei para acompanhar um pouco de tudo, mas não deixaria uma só mesa de debates passar sem a minha audiência. Adoro debates, concordando ou não com as ideias. Debates são uma ótima maneira de manter o cérebro vivo.
Os debates - todos começaram depois do horário marcado - foram bons, porém também frustrantes. É que parece uma nova moda que atinge até congressos científicos termos um tema assinalado, mas o papo seguir outro caminho.
No primeiro dia, por exemplo, a mesa de abertura foi atropelada pelos discursos políticos, todos cabíveis na programação partidária, não no tema que deveria ser discutido. "Mudando o curso da história" num festival sobre mulheres me deixou esperando a participação fundamental feminina em eventos importantes da humanidade. Em vez disso, discursos recheados de mantras como "Boa noite, presidente Lula" e o onipresente "Lula livre". Ok, eu já deveria saber, só que imaginei que isso ficaria nos discursos de abertura, não na mesa de debates, que acabou nem ocorrendo.
Isso me frustrou tanto que quase não me atrevi a voltar no dia seguinte, mas dei o crédito por não ser mais o dia de abertura. Os debates ocorreram e foram muito bons, porém, como já citei mais acima, naquela linha de fugir do tema traçado.
Os horários definitivamente não foram cumpridos. Menos mal para mim que estava ali de graça e poderia chegar e sair sem qualquer compromisso, algo elogiável, diga-se de passagem. Afinal, ninguém me impediu de acompanhar a programação, mesmo não sendo nem de longe ligada ao partido, quando 99,99% das pessoas ali presentes eram sim ligadas ao funcionamento do Partido dos Trabalhadores.
Foram 4 mesas de debates. Acompanhei todas. Algumas com celebridades dos tempos atuais de redes sociais, outras com conhecidas detentoras de mandato do PT. Todas abrindo espaço para participações vindas da audiência, umas duas delas de aplaudir de pé, inclusive. Vi e ouvi estrelas partidárias fazerem críticas ao seu próprio partido, algo que sempre encaro como salutar, afinal, ninguém é perfeito e buscar a perfeição, mesmo não a alcançando, é boa medida de esforço no caminho certo.
A crítica que faço, mais uma vez, fica para a falta de foco. O próprio nome do festival dava a ideia de mulheres como tema central. Não foi o que aconteceu. O tema central ficou sempre com Lula e Bolsonaro. As mulheres ficaram apenas na maioria da organização e da audiência. Daí a minha decepção, embora os debates tenham sido importantes, ainda que desfocados.
A parte artística foi muito boa com poesias, peças teatrais e um show com várias artistas cantando compositoras brasileiras, como a própria Marina Lima, com quem tivemos a sorte de esbarrar no espaço de Minas Gerais da feirinha de produtos de cada estado. Aliás, foi Janaina quem a reconheceu, ao que ela respondeu com um sorriso para confirmar que ela era ela! Ela queria um avental e a proprietária não queria lhe cobrar nada por ele, o que Marina imediatamente rejeitou. Fez questão de pagar, ainda que tenha recebido um desconto. Até vídeo para o esposo da proprietária, grande fã de Marina, ela gravou sem problema. Lembrei na hora da minha amiga Rita, super fã dela.
Sobre o show, boa parte dele foi levada por As Bahias e a Cozinha Mineira, de quem nunca tinha ouvido falar, mas cuja pegada roqueira eu adorei! Também gostei muito da voz de Josyara, outra desconhecida para mim.
Sobre o show, boa parte dele foi levada por As Bahias e a Cozinha Mineira, de quem nunca tinha ouvido falar, mas cuja pegada roqueira eu adorei! Também gostei muito da voz de Josyara, outra desconhecida para mim.
Ainda houve um desfile e uma exibição de curtas que não contaram com a minha audiência por incompatibilidade de horários.
Também achamos num dos carrinhos ambulantes uma cerveja carioca chamada Cacildis, claríssima homenagem ao inesquecível Mussum. Compramos duas latinhas para posterior degustação.
Enfim, foi uma programação válida e de proposta super interessante e democrática, mas que exige de quem organizou uma autoavaliação para que o foco não seja mais perdido dessa forma. "Elas por Elas" exige foco nas mulheres e nas diversas lutas diárias por que passamos diariamente e ao longo da História. Debates devem seguir os temas propostos. Horários existem para serem cumpridos. No mais, ótima iniciativa.
Seguem alguns vídeos da participação de Marina Lima no show.
P.S.: não vi uma só confusão nos 3 dias. E olha que quase não havia policiamento no local, só guardas municipais.
Também achamos num dos carrinhos ambulantes uma cerveja carioca chamada Cacildis, claríssima homenagem ao inesquecível Mussum. Compramos duas latinhas para posterior degustação.
Enfim, foi uma programação válida e de proposta super interessante e democrática, mas que exige de quem organizou uma autoavaliação para que o foco não seja mais perdido dessa forma. "Elas por Elas" exige foco nas mulheres e nas diversas lutas diárias por que passamos diariamente e ao longo da História. Debates devem seguir os temas propostos. Horários existem para serem cumpridos. No mais, ótima iniciativa.
Seguem alguns vídeos da participação de Marina Lima no show.
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