terça-feira, 20 de agosto de 2019

Muito agradável

Há mais de 20 anos eu não pisava em Pipa. Sempre que pensava em voltar aproveitando uma das oportunidades do festival de jazz, algo dava errado e eu não ia. Neste ano, deu certo e fui conferir Pipa e o Fest Bossa & Jazz.

Sobre a praia em si, confesso uma decepção. Aquela praia quase intocada deu lugar a grandes intervenções na paisagem, algo que também mexeu muito com Ponta Negra. Uma pena, ainda que sobre muita beleza a ambas apesar da transformação indevida.

Já o clima é aquele de praia, de gente do mundo todo, de mistura de credos e raças, que tanto bem faz a quem dele compartilha. Uma atmosfera cativante.

Agora junte a isso uma gastronomia variada e um festival de jazz, blues e todas as bossas com música boa de graça, no meio da rua. É quase o paraíso.

E olha que não foi nada fácil o início. Quando fui a Pipa pela primeira vez, nem dirigir eu dirigia ainda. Desta feita, eu estava no volante. Peguei umas dicas com minha irmã, que também não vai lá há um certo tempo, botei o GPS e fui. 

Ruas estreitas quando acaba o asfalto me deixaram bem estressada. Onde estacionar? Entrei numa rua que nem tinha movimento e ainda tinha uma vaga praticamente me esperando. Mas foi só desligar o motor para tudo mudar. O mundo inteiro resolveu entrar e sair dessa rua e um carro passou a um dedo (fino) de distância do retrovisor do meu lado. Virei a chave e aguardei uma chance para sair dali. Para onde? Só Jesus sabia!

Perguntei num estacionamento de vans e me indicaram tentar chegar mais perto da praia. Fui sem saber para onde. Ruas cada vez mais estreitas e trânsito exigindo mais paciência. Vi uma placa de estacionamento e não pensei duas vezes. Ao chegar, perguntei logo a que horas fechava. "7h". "7h? Mas eu vim para o festival! Melhor sair." O gentil rapaz me explicou que ali o pessoal estacionava mais para ir ao mirante, por isso o encerramento às 19h. 

E lá fomos nós sem destino, embora com uma dica de que haveria um estacionamento adequado perto da rotatória. Aí Janaina lembrou de um posto de informações turísticas e achamos melhor tirarmos todas as dúvidas por lá. Essa foi a decisão mais acertada. Enfim, achamos a vaga desejada de estacionamento. 

Pegamos um panfleto com a programação e fomos para o Pipa Beach Club. Pena que perdemos pelos contratempos a apresentação das 16h. Chegamos praticamente no fim dela. O show das 17h começou quase 17h30, mas foi do meu agrado. 

Na hora de pagar a conta, um erro de digitação quase vira pesadelo, mas foi percebido a tempo. Subimos a ladeira e fomos dar uma olhada na Casa do Festival, a que tem cerveja artesanal local, para saber se o cortejo da street band teria ali sua origem ou seu destino. Uma pena que ninguém soubesse dar a informação correta. 

Comemos um crepe num local chamado Fases da Lua, apropriado à bela lua cheia que se apresentava. Romeu e Julieta, uma delícia que requeria água como acompanhamento. 

Pegamos o cortejo até a Praça do Pescador, onde o show da percussionista referência no Brasil Lan Lahn às 20h seria a última coisa que minha agenda permitia acompanhar. 

Na praça, o Café Santa Clara distribuía cafezinhos providenciais. Enquanto esperava o show, eu me divertia com duas senhorinhas que tragavam seu cigarro de maconha ao mesmo tempo em que riam e mandavam a cena via rede social para o mundo em tempo real. Ou com o cachorrinho que desfilava de uma ponta à outra da rua fazendo amizade com outros. Ou com o artesanato. Ou com o crepe feito ali na hora. Ou com o desorganização organizada do trânsito de carros, motos e pedestres, estes maioria absoluta.

Já perto do fim da apresentação, compramos algumas coisinhas de artesanato. Finalizado o show, hora de voltar para casa.

Até chegar ao estacionamento, passamos por outros shows bem empolgantes. Ah, se a agenda permitisse...

Pegamos outra estrada para voltar em busca de menos buracos, mas ficamos com a impressão de que o caminho aumentou. E ainda que eu tivesse certeza de que o motorista que se aproximava e se distanciava de nós estava bêbado, o estresse virou tranquilidade ao alcançarmos a BR-101. Pouco depois das 23h estávmos sãs e salvas em casa.

Gostei tanto que quis voltar nos dias seguintes, mas a agenda não permitiu. Fiquei com a certeza de que tanto o festival como Pipa são muito agradáveis. Pessoas gentis, fossem elas locais ou não. 

Eu me senti em casa. E estava mesmo. O Rio Grande do Norte é todo ele especial. Viver onde os outros passam férias é uma dádiva, não é verdade?

Abaixo imagens de minha autoria.











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