Sempre, sempre tenho um pé atrás em relação a comédias teatrais brasileiras e, volta e meia, tenho impressão de que abordo isso por aqui. É que tenho pavor de atores que riem durante a cena com a intenção óbvia de provocar o riso da plateia - um recurso cafajeste na minha opinião.
Ontem o Teatro Riachuelo recebeu uma peça com veia cômica que se apresentava como musical, o que imediatamente chamou a minha atenção. Fui conferir e não me arrependi.
A estória se passa num asilo para artistas, todos com idade acima de 85 anos. A enfermeira, pela última vez, conforme ela revelou no fim do espetáculo, era Nany People. E os 6 atores interpretavam a eles mesmos, só que no ano de 2050.
A enfermeira só cantava coisas macabras para um asilo. Quando saía, os velhinhos botavam para quebrar no rock and roll. Que vozes! Que atuações! Um musical que consegue equilibrar bem cenas e números musicais. Como Janaina bem definiu na saída, poderíamos ficar ali assistindo por horas e horas sem querer ir embora.
Há uma comicidade no envelhecimento, mas isso não deixa de ser retratado também com uma pitada de drama, ante a luta da mente para se manter viva num corpo que definha.
Um arraso! O melhor espetáculo teatral que já contou com a minha audiência no Teatro Riachuelo. Não me surpreende que ele esteja em cartaz no Brasil há 3 anos. Tem potencial para décadas de encantamento de plateias. E só está rodando o Brasil pelos patrocínios captados em conformidade com a Lei Rouanet, de que muita gente fala sem ter o menor conhecimento, a não ser o compartilhado em grupos de WhatsApp.
Se um dia voltar a Natal, certamente terá que abrir sessões extras porque quem viu voltará e ainda levará muito mais gente consigo para comprovar o que é entretenimento de qualidade.
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