segunda-feira, 15 de julho de 2019

Descobrimento foi aqui

A tese não é nova e já corre com certa força pelo Brasil: o descobrimento empreendido por Pedro Álvares Cabral se deu em terras potiguares, não na Bahia.

Abaixo, artigo da historiadora e sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte Tânia Maria da F. Teixeira, publicado na Tribuna do Norte de domingo (página 6 do caderno TN Família) aborda o assunto com mais detalhes.

Normalmente eu corrijo aqui os erros que encontro. Porém, neste caso, corro o risco de alterar a ideia original; logo, vamos de "sic" mesmo e alguns colchetes.

Evidências do Descobrimento do Brasil no RN

Diante das evidências apresentadas por cascudo e Lenine Pinto, surgiram pesquisadores aderindo à teoria de que a Esquadra Portuguesa comandada por Cabral não teria condições, nem tempo, de chegar ao Sul da Bahia sem passar na costa do potiguar. (sic)

Essa corrente é a [Gulf] Stream, sentido Sul/Norte na costa da África, na altura do Golfo da Guiné. Faz a curva em direção ao Brasil, nas proximidades do Cabo de São Roque, se bifurca, ora segue para o Norte contorna o continente Sul-americano, formando a Corrente das Guianas; hora dessa até o limite de São Paulo e Paraná, onde completa sua curva até a Costa da África. Essa corrente foi a responsável pela navegação rumo ao Oriente.

Lenine Pinto em "Reinvenção do Descobrimento do Brasil", 1998, evidencia que: Segundo a Carta de Caminha, o tempo gasto pela esquadra de Cabral na travessia entre o arquipélago de Cabo Verde até Porto Seguro, foi de 30 dias, de acordo com a Tabela de Lizard, utilizada hoje na navegação à vela. (sic) Com esse tempo, as quadras só pode ter chegado à costa potiguar.  Para chegar ao sul da Bahia seria necessário 45 dias. (sic)

Caminha se refere ao abastecimento de água em abundância, de boa qualidade e de fácil acesso. A costa de Touros é rica em Alagoas e como era a época de chuvas, a abundância e a qualidade era melhor. (sic) No Sul da Bahia o abastecimento seria em rios, onde a pressão do mar é muito grande e só se consegue água boa a 6 km. Evidencia-se a importância das aguadas, por estarem assinaladas em diversos mapas.

Lenine admite que o Pico do Cabugi seja o monte descrito por Caminha. Nesse quesito eu discordo. Hoje é possível avistar o Pico do Cabugi da nossa costa desmatada. Porém à época do descobrimento, árvores de mais de 20 metros ver qualquer elevação seria impossível. (sic) Acredito que, na Costa de Touros podia ter uma elevação, hoje transformada num grande parque de duna, em razão do desmatamento e dos ventos fortes e constantes. (sic)

Mapa de Cantino, 1502, a mais antiga carta em que aparece o Brasil e a linha do Tratado de Tordesilhas, está assinalado em manuscrito "Cabo de São Jorge" (seu dia é 23/04) e tem uma bandeira com as quinas de Portugal, denotando lugar importante. Lenine pergunta se essa denominação não poderia ter sido dada por alguém que participou da frota de Cabral e que estava nessa data na costa do Brasil". Depois, o Cabo de São Jorge seria denominado de Cabo de São Roque pela 1.a Expedição Exploratória de 1501, que por ali passou  em 17/08, (dia do referido santo). (sic) Essa expedição tinha a incumbência de nomear os acidentes geográficos.

O Marco de Touros é um Padrão de Posse, usada para assinalar a pertença daquelas terras a Portugal. Desde meados do século XV foram colocados diversos padrões na costa da África. Lenine indaga: "Como é que Cabral, qual encargo de estabelecer uma cabeça de ponte no Brasil, relaxaria a inclusão de padrões nos equipamentos da frota, um procedimento tão corriqueiro que até o usineiro Gabriel Soares o reconhece?". Nesse ponto não há dúvida, Portugal oficializou a posse do Brasil quando chantou o Padrão de Posse na Praia do Marco.

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