sábado, 20 de julho de 2019

Armadilha do GPS

Meias férias trazem uma necessidade de arranjar passeios para a família no alcance do tanque do carro. Nada de viagem longa porque a folga é só de uma profissão. E ainda é preciso conciliar com o clima e com a saúde de todo mundo.

Hoje a decisão foi almoçar num local a que não íamos há uns bons anos: o Bar da Rosa, em Pajuçara, São Gonçalo do Amarante. Fica em São Gonçalo, mas o melhor acesso é por Macaíba.

A comida, uma delícia! Um pirão de camarão de comer suspirando. Preço super acessível ao bolso. Lugar tranquilo como um sítio ou uma granja das velhas memórias nos anos 80.

Se tudo foi tão bom, por que o título fala em armadilha do GPS? Bem, porque foi exatamente isso que o sistema preparou para nós ao buscar o Bar da Rosa. Na ida, a indicação para entrar numa estrada carroçável. Se há 10 anos isso não era problema, hoje em dia é motivo de angústia semelhante a de quem entra num trem-fantasma sem ter o menor apreço por horror.  A cada 100 metros, tínhamos certeza de que bandidos apareceriam de um dos grandes arbustos que ladeiam a estrada inteira.

A estrada em si também não permite grande velocidade, a menos que você queira folgar todo o painel do carro. Para piorar, poças d'água. Umas maiores, outras menores. Fiquei pensando como estaria aquilo se hoje o dia houvesse sido de chuva...

Já no fim da estrada carroçável, um desafio de gelar a espinha: uma enorme poça, gigante, de um lado a outro, e também extensa no sentido da estrada, sem qualquer margem para uma roda se manter no atrito fora d'água. Jesus. Janaina pensou que deveríamos voltar porque era quase certo o atolamento. Como havia um veículo solitário atrás de nós, resolvi parar, respirar fundo, passar a primeira e me preparar para a patinada, rezando para que a tração fosse mantida. Mesmo jogando o carro quase para cima do matagal tentando uma fuga impossível, o carro ainda deu uma afundada do tipo "Tchau, querida". Balancei o volante e torci muito. Apesar de ter voado lama até para o teto do carro, passamos, mas só Deus sabe como.

Ao chegar ao Bar da Rosa, ao conversarmos com a funcionária que nos atendeu, a certeza do perigo que corremos: aquela estrada, além de cheia de buracos, é repleta de assaltos. "Foi o GPS, não foi? Não voltem por lá, não. Peguem a estrada de Uruaçu aqui à direita. É só seguir em frente." Para o lado esquerdo também chegaríamos à RN-160, mas a buraqueira, segundo ela, estava pior do que a estrada carroçável.

A sensação de estresse foi tamanha que até bebi um copinho de cerveja para relaxar (o que me fez ter que esperar mais de 2 horas para voltar a dirigir). Ainda assim, ufa! Se tivéssemos que voltar por onde havíamos chegado, acho que não escaparíamos dessa vez. 


No fim, como essa funcionária mesmo disse, valeu a pena ter escapado do atolamento. Que delícia! E o rapaz do caixa até me disse que outro carro havia ficado naquele atoleiro mais cedo. Alívio nos definia.

Para quem gosta de camarão, pirão e cantos tranquilos, o Bar da Rosa merece uma visita. Mas cuidado com o que GPS indica! Melhor seguir na RN-160 e entrar numa rua indicada por uma estátua branca que parecia ser de um santo. O GPS traça uma nova rota a partir daí. 

Estrada carroçável nunca mais!

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