quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Saber ganhar e perder

O esporte é grande lição de vida. Nele aprendemos que, normalmente, o esforço é recompensado, que raramente a sorte se intromete para decidir algo, e que, regra geral, a sorte ajuda a quem trabalha.

Nele também aprendemos que não há só uma Maria no mundo, que devemos levantar a cada queda e que é preciso lutar até o fim, sem esmorecer.

Enfim, aprendemos a respeitar todo e qualquer oponente.

Entretanto, de vez em quando, vemos algum campeão ou favorito cair e, na queda, demonstrar um verdadeiro espírito de porco, bem longe do espírito olímpico.

Tudo bem, perder é chato e ninguém deve se acostumar a perder. Mas daí a querer diminuir o sucesso dos vencedores há uma distância muito grande, distância que define quem é atleta e quem é mero colecionador de holofotes.

Por exemplo, na prova do salto com vara, vencida pelo brasileiro Thiago Braz da Silva, o então campeão olímpico, o francês Renaud Lavillenie, achou mil desculpas para seu desempenho pior do que o de Thiago. Primeiro foram as vaias da torcida que tiraram sua concentração. Ok, o público brasileiro não tem cultura esportiva e vive muito mais de vaiar o adversário do que de aplaudir aqueles para quem torce. Mas todos tiveram que lidar com isso, inclusive Thiago, que até então era tido como amarelão e veio se preparar em Natal, na UFRN, para fugir dessa pressão, nas duas semanas anteriores à Rio 2016. Daqui ele só saiu na véspera da competição.

Depois o francês atribuiu sua derrota a forças místicas, provavelmente do candomblé. Se isso fosse verdade, os atletas da África, berço do candomblé, seria imbatíveis em todos os esportes. Por aí vocês tiram o desespero de quem não sabe administrar derrotas.

Por fim, Renaud pegou pesado e comparou as vaias que recebeu às vaias nazistas ao atleta negro Jesse Owens em 1936. São comparações inaceitáveis e desrespeitosas: ele com Owens e o público brasileiro com o nazista. Nós, brasileiros, somos mal educados, ignorantes, mas não somos intolerantes, nem concordamos com o extermínio de quem quer que seja. A comparação foi um verdadeiro ultraje às vítimas do nazismo.

Não sem razão, o francês foi fortemente vaiado na hora do pódio. E chorou. Chorou muito, reação típica de grande abalo emocional. Ironia da vida, Thiago da Silva foi flagrado confortando o adversário nos bastidores.


Renaud exemplifica bem aquele que não sabe perder; Thiago, o que sabe e merece ganhar. Que o francês aprenda a lição!

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