domingo, 6 de setembro de 2015

Bob sabia

Bob sabia que seria quase impossível vencer o Fortaleza. Deixou isso claro nas entrevistas durante a semana e, principalmente, no pós-jogo. Até aí, tudo normal. Na vida, é preciso saber escolher suas lutas para não desperdiçar energia e tempo.

O problema foi ter se preocupado muito com a opinião alheia. Nós sabemos quem são as peças raras da imprensa esportiva potiguar, aquelas que ficam só aguardando um deslize para soltar um comemorativo "eu avisei". Tem um, por exemplo, que passou a semana chateado com o Vila Nova porque veio a Natal só para se defender. Afirmou categoricamente: "tomara que o Fortaleza não venha para Natal só para se defender". Tava doidinho para que o América tomasse um golpe em casa para que ele aparecesse como Mãe Dinah anunciadora do erro do esquema de Bob. Deve estar frustrado com a incapacidade do Fortaleza, franco favorito ao acesso, de derrotar a equipe alvo de sua pissica!

Voltando à preocupação com a opinião alheia, Bob deixou escapar que não escalou de cara 3 volantes porque haveria o comentário de que o 0x0 só ocorrera por causa do reforço defensivo. Não lhe conheci assim, Bob. O América passou um sufoco grande no 1.° tempo com uma marcação frouxíssima de Arthur Henrique e, principalmente, de Zé Antonio Paulista. Era nítida a necessidade de reforço defensivo. Tanto que foi com 3 volantes que o América voltou com cara de mandante, já que estava jogando como um medroso visitante. Essa necessidade de provar que os outros estavam errados poderia ter custado muito caro. Mas como Bob tem estrela (merecida, diga-se de passagem), nada de mais grave ocorreu.

Ressalte-se que a postura do América no 1.° tempo talvez tenha sido a mais correta ante a situação de ter em campo um jogador (Zé Antonio Paulista) que nitidamente não tinha compromisso com a marcação. Ontem, Zé fez, para mim, sua pior partida pelo América. Estava mais preocupado em retardar a subida para o ataque, burocraticamente exigindo que TODAS as bolas passassem pelos seus pés na transição. Inúmeros contra-ataques morreram por ali mesmo. Marcação que é bom... Pardal, Cascata e Max marcaram 1.000 vezes mais do que ele, que me lembrou a postura do velho Romário na marcação. Se um volante estava marcando como um clássico camisa 9 (11 no caso do baixinho), alguma coisa estava fora da ordem, né?

Bob acertou a mão na entrada de Nininho com a inversão de Maguinho para o lugar de Arthur Henrique, que demonstrou muita vontade e empenho, mas não estava num bom dia. Acertou pela metade a entrada de Léo Gago, que marca como um volante e tem bom passe. A saída deveria ter sido de Zé Antonio Paulista. De todo jeito, apesar de Léo Gago e Zé ocuparem a mesma faixa no campo, deu certo. O América passou a jogar como mandante. Até o Fortaleza reorganizar seu posicionamento, o América dominou amplamente as ações e obrigou Ricardo Berna a fazer uma defesa monstruosa numa cabeçada de Zé Antonio Potiguar. Com o visitante reorganizado, o jogo ficou em equilíbrio, sem domínio de qualquer dos times, embora ambos procurassem o ataque.

Aí, Max, que anda engasgando a torcida, perdeu um contra-ataque que tinha toda a pinta de fulminante para o América. Mateusinho entraria no lugar de Thiago Potiguar. Mas Bob se irritou tanto que tirou Max. O América acabou ali. Sem um homem de área, o time manteve as rodadas de bola em busca de cruzamentos para a área (o Fortaleza fechadíssimo com duas linhas: 4 + 5), porém sem qualquer referência, já que Cascata nunca seria referência num jogo daquele. A irritação com Max poderia ter ocasionado a entrada de Gláucio. Ou se Pardal estivesse em campo (talvez tenha saído por contusão), por sua boa impulsão e movimentação, ele poderia sim funcionar como camisa 9. Só que Bob estava muito preocupado com a opinião alheia e enfiou Mateusinho no jogo apenas para que o 0x0 não fosse atribuído a algum erro seu. Uma pena.

De todo jeito, o empate ficou de bom tamanho para as duas equipes. Ambas procuraram ganhar, mas nem houve tantas chances de gol, ou mesmo grandes defesas, com exceção daquela de Ricardo Berna. Para mim, o 0x0 refletiu exatamente o que vi na partida.

Não posso esquecer de citar aqui o partidaço que Zé Antonio Potiguar, Maguinho e Judson fizeram. Judson não deixou Maranhão nem respirar. O jogador mais perigoso do Fortaleza só conseguiu ficar irritado. Mais nada. Maguinho está enchendo os olhos com sua voluntariedade tanto para defender como para atacar. E tem driblado bem lá na frente! E Zé Antonio Potiguar tem jogado como um titular absoluto, experiente. Desarmes precisos por cima e por baixo e muita qualidade na saída de bola. 

Outro detalhe: só eu fiquei com a impressão de que Cascata quis se livrar do calorzão que tem feito em Cuiabrasa tomando o 3.° amarelo? Mas acho que foi a melhor solução para a equipe. Cascata precisa de um descanso para voltar ao rendimento esperado. E num calor infernal é que ele não iria render mesmo! Talvez Bruno Faria seja a melhor opção. Talvez.

Dor de cabeça mesmo é a suspensão de Judson. Ainda não vi Matheus Barbosa, mas acho que Régis Potiguar pode quebrar um galho por ali, embora nem de longe com a mesma velocidade.

Com esses 2 desfalques, talvez não seja ainda a hora de repensar a titularidade de Zé Antonio Paulista, mas esse item já pode ir para o caderninho de Bob no tópico "assuntos pendentes". Quanto a Max, eu até sugeri que ele começasse partidas no banco de reservas, para entrar durante o jogo, numa condição melhor. O danado é que ele, além de artilheiro decisivo e garçom, é o melhor homem da defesa nas cobranças de falta e escanteios. 

No tópico "assuntos urgentes", não dar tanto valor à opinião alheia, especialmente a da imprensa do RN, pode constar em 1.° lugar, em letras garrafais.

No mais, como diz o dito popular, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Faltam 5 jogos. #PraCimaMecão

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