domingo, 13 de setembro de 2015

A crítica pela crítica

Acho que isso sempre existiu. No entanto, nestes tempos modernos de redes sociais, acredito que houve considerável piora. Refiro-me à crítica pela crítica.

Sim, há pessoas que não enxergam nada de bom em coisa alguma, especialmente se de outras pessoas. Nada presta, nada está certo, nada evolui. Há um quê de maldade insuportável em tal comportamento. Para mim, uma verdadeira extensão do bullying.

Vou dar um exemplo. Tenho horror ao estilo musical da Banda Calypso. Acho a voz de Joelma extremamente irritante. Criei verdadeira repulsa às idéias retrógradas da cantora após ela querer doutrinar gays. Mas achei um absurdo uma postagem que vi no Facebook malhando de seus atributos físicos, comparando-a a um animal exótico. Eu me pergunto o que leva alguém a ter prazer em espezinhar publicamente os outros por estarem fora do padrão de beleza tido como normal.

Gosto é algo extremamente pessoal. Ouvi uma vez de alguém com quem trabalhei que o estilo de música que eu gostava (embora ele nem soubesse que eu gostava daquele estilo) causava uma irritação nele. Fiquei surpresa por finalmente ouvir o outro lado. É que estamos acostumados a nos cercar de pessoas que gostam mais ou menos das mesmas coisas que gostamos e assim é espantoso quando alguém discorda. Normalmente, eu sou a do contra, mas já me acostumei a ouvir som alto, forró, Grafith, etc. sem dar um piu. Respeito todos os gostos e me controlo para não ser desagradável. Pena que esta não seja a regra.

Às vezes também penso que tal comportamento depreciativo esconde uma certa inveja. Num bate-papo com alunos, discutíamos sobre os grandes atrativos de cada cidade. Sobre Macaíba, foi citado o instituto mundialmente famoso de Miguel Nicolelis. Daí para o grande momento de abertura da Copa 2014, em que um exoesqueleto controlado por impulsos cerebrais permitiu a um paraplégico dar um passo, foi um pulo. Falamos das críticas que surgiram à transmissão por quase perder esse momento genial. Por fim, eles lembraram que houve jornalista no Brasil (salvo engano, um colunista da Veja) que criticou o experimento em si. Gente, parafraseando Neil Armstrong, aquilo foi sim um pequeno, talvez minúsculo, passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade. Como diminuir um experimento tão importante? É certo que não veremos exoesqueletos daqueles acessíveis em pouco tempo à população em geral. Mas o desenvolvimento ao longo dos anos proporcionará sua produção em menor tamanho com materiais mais eficientes, mais leves e mais baratos. Aquilo foi só, sem trocadilho, o pontapé inicial. Não reconhecer tal feito parece mesmo inveja ou pequenez com o sucesso alheio.

No mesmo bate-papo, um aluno diagnosticou o problema. É que com as redes sociais todo mundo agora tem opinião. Eu diria mais: agora todo mundo quer mostrar que tem opinião. E parece que soa mais culto demonstrar defeitos a aplaudir qualidades.

Não prego que as pessoas sejam chapas brancas. Nem poderia. Alguém com o espírito crítico como o meu soaria hipócrita se assim o fizesse. É preciso sim ter opinião! Mas será que não há um espaçozinho para elogiar, sugerir ou recomendar boas atitudes? Não sobra nem um minutinho de autocrítica antes do disparo de depreciações que soarão sem sentido ou, pior, cruéis? 

Vou mais longe e, para encerrar, vou falar de amor como tenho feito nos últimos domingos. Os mais antigos lembrarão da clássica coleção de figurinhas Amar é... Pois bem. Amar é ter que ouvir Paula Fernandes, aquela que canta trincando os dentes, e gostar do que ouviu. A música abaixo, por exemplo, é lindíssima.



Ah, o amor!

Bom domingo!


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