quinta-feira, 25 de junho de 2015

Lula é macaco velho

Não se pode nunca subestimar a capacidade de um nordestino retirante de se adaptar a novas realidades e até mesmo se reinventar. Não seria diferente com Lula.

O eterno comandante do PT levou um certo tempo para perceber que o projeto de poder de seu partido começou a fazer água antes mesmo de Dilma começar seu enfadonho segundo mandato. Mas acusado o golpe (sem qualquer conotação esquerdista radical, mas no sentido de atos de uma luta), Lula partiu para o ataque, só que os canhões estão voltados para os seus.

Lula afirmou sem cerimônias que ele e Dilma estariam no volume morto e que o PT estaria abaixo disso. Perceberam? Como bom macaco velho, Lula sintonizou seu discurso com o da maioria da população brasileira que anda de saco cheio das estripulias tanto do governo (que deixou a conta do ajuste fiscal para o povão) como de seu partido, que vive a insistir em coisas do passado para ocultar erros do presente. Não satisfeito, ele foi ainda mais duro ao dizer que o PT perdeu sua essência ao virar um partido que só quer saber de cargos no governo. 

Teria Lula finalmente enxergado que o vale tudo de seu partido para se manter no poder vai de encontro ao discurso ético encantador de outrora? Não. É a esperteza do nordestino retirante aliada ao mais puro faro político. O que Lula tenta agora é pavimentar seu caminho como único capacitado a corrigir os erros de sua discípula, numa estratégia que já se revelou vencedora com Paulo Maluf após o fracasso de sua invenção Celso Pitta e localmente com Wilma de Faria, então Wilma Maia, com a péssima administração de seu pupilo Aldo Tinoco em Natal.  É algo como "só eu posso corrigir os erros cometidos por quem eu indiquei." É o criador pregando a reinvenção da criatura. Isso inclui até um pedido de perdão pela indicação, já que tudo deu errado, e a "penitência" de ter que voltar ao governo para corrigir a rota. 

Ele até já disse que está ficando velho (tem 69 anos) e por isso anda pregando as mesmas coisas que dizia em 1980, numa tentativa de resgatar a imagem do mito.

Marta Suplicy foi a primeira a mostrar o rumo a ser seguido para não afundar junto com o barco. Lula, como bom macaco velho, já começou a pavimentar sua volta à presidência. Se funcionará, só saberemos em 2018.

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