sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Corre, minha gente!

Não adianta jurar que no próximo ano será diferente. Você vai deixar alguma coisa do Natal para a última hora. É inerente ao ser humano. Alguém comenta: "E aí? Vai passar o Natal onde?" E a resposta: "Acho que vou passar em casa. Não sei. Ainda está tão longe..." 

Longe. Distante. De repente, puff! A véspera de Natal JÁ é amanhã! Aí não tem jeito mesmo. É um tal de enfrentar fila, corre daqui, corre dali... "Não vai dar tempo", é o que todos pensamos. Mas, como se fosse um milagre de Natal, sim, dá tempo. Apesar do terrível desgaste físico e emocional. E aí todo mundo jura que no próximo ano será diferente. Sei, sei...

De hoje para amanhã, o que espera os retardatários nas lojas e nos supermercados é um verdadeiro desenho do inferno (ops, sacrilégio numa véspera de festa cristã). Produtos num estado já deplorável de tanto o povo mexer. Filas quilométricas arrodeadas de espertinhos que sempre acham um conhecido para ali se infiltrar. Sistemas fora do ar para que você não use o cartão de crédito. E uma única certeza: a de que você não acertará em todos os presentes.

É, minha gente, corre porque lá vem o Natal!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As piadinhas sobre os critérios de contratação de Abc e América

Em 2005, após o fim do estadual e antes do início do Brasileiro, o América desfez todo o time e precisou contratar uma "ruma" de jogadores para formar um plantel. Majoritariamente, os jogadores eram oriundos do mercardo paulista, o que levou os gozadores de plantão a uma piadinha infame sobre o critério de contratação americano. Diziam que Paulinho Freire teria se deslocado à Praça da Sé e perguntava insistentemente aos transeuntes: "Ei, você quer jogar no América?".

De 2010 para cá, a piadinha mudou de lado. Agora, tendo em vista a quantidade de jogadores contratados pelo Abc que já defenderam o América, dá-se conta de que, na ânsia de remontar o plantel alvinegro desfeito, Flávio Anselmo dispara ligações a vários jogadores sem clube com uma só pergunta: "Ei, você já jogou no América?".

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cabelo, o velho dilema feminino

Quando pequena, mamãe não me deixava ter cabelo grande porque dizia que o trabalho era maior que o cabelo. Assim, eu só poderia deixá-lo crescer quando tivesse maturidade suficiente para encarar os cuidados necessários.

Até os 12 anos eu sonhava em ter cabelo grande. Somente com essa idade consegui. Uma maravilha! Até então era uma dificuldade deixar o cabelo crescer. Depois, ele passou a crescer muito rapidamente.

Num belo dia, resolvi mudar, como diria Rita Lee. Cortei o cabelo. Curto. Não tão curto como hoje, mas já dei uma bela chacoalhada no visual. Confesso que não fiquei satisfeita com o resultado. Salvo engano, isto ocorreu no ano do meu pré-vestibular (1996).

Já cheguei na faculdade com o cabelo perto dos ombros. Só esqueci de dizer a polêmica que esse corta-não-corta causou. TODO mundo tinha uma opinião a respeito. Os mais próximos já sabiam que eu ia cortar. Metade era a favor, metade contra. O mesmo percentual se repetiu após o corte com os mais distantes. "Como você teve coragem?" ou "Eu preferia grande" ou "Ficou um arraso!" foram as frases que mais ouvi.

Já em 2000-alguma coisa, decidi cortar ainda mais radical: bem curtinho penteado para frente. Algo que lembra bem de longe o cabelo de Sandra Annemberg (que é bem mais volumoso e mais escuro que o meu, além de ter um corte para o lado). Aí sim o resultado mudou a estatística. Majoritariamente o comentário era "Ficou um arraso! Não deixe mais ficar grande". Quem me conhece bem sabe que eu estaria longe de permanecer com um só cabelo para o resto da vida!

Bem, o cabelo cresceu e mais uns dois anos depois, outro corte radical. Mais elogios. Novo período de crescimento do cabelo. Aí decidi raspar o cabelo. Isso mesmo raspar no fim do ano passado! No entanto, na hora H, faltou coragem. Pedi para tirar apenas uns "quatro dedos". Não sei se ficarei bem com máquina quatro tendo tão pouco cabelo. Mas ainda chego lá.

Em março deste ano, novo corte. Mais 4 dedos retirados e NINGUÉM percebia a diferença. Decidi então que tiraria tudo no fim do ano. Em 19/12/11, ontem, dei uma roída na corda de novo. Porém desta vez voltei ao corte tão elogiado. Confesso que neste ano achei a cabeleireira certa. Nem pense que paguei $ 50,00 pelo corte. Apenas R$ 10,00. Isso mesmo, R$ 10,00 no salão Tânia Albano na Rua Princesa Isabel no centro da cidade. E assim no fim da tarde de ontem meus longos cachos foram abaixo e voltei a ter um visual, digamos, moderno. Até meu avô (92 anos) elogiou.

No fim das contas, vale o que você pensa e/ou sente. O que eu gosto mesmo é dessa mudança radical. Jamais mantenho o cabelo curto. Deixo crescer até ninguém lembrar mais como era curtinho. E meto a tesoura no fim de ano. Correção: navalha. O corte é radical mesmo! Confira.



sábado, 17 de dezembro de 2011

A pedra fundamental da Arena do Dragão

E hoje, 17/12/11, o dia promete ainda mais emoção aos torcedores americanos. A partir das 12h, no Centro de Treinamento do América Futebol Clube, localizado na cidade de Parnamirim, haverá uma grande festa com feijoada e trio elétrico para a fixação da pedra fundamental da Arena do Dragão.

Este é mais um daqueles raros momentos em que temos a oportunidade de ver a História acontecendo diante de nossos olhos, agora, no presente. Para marcar tão importante feito, todos os que estiverem presentes ao evento deixarão seus nomes registrados em livro que será exposto na entrada da futura Arena como testemunho para a posteridade.

Desportistas em geral e americanos em especial, hoje é o dia! Garanta sua senha ao custo de R$ 50,00 (sócios ainda podem adquirir mais 2 ao preço de R$ 25,00 cada) e participe deste momento inesquecível, cuja renda será revertida para a concretização da Arena. Se não puder adquirir na sede social, não há problema. Senhas também serão vendidas no local da festa. 

Quem não for (infelizmente, eu não poderei comparecer por compromisso profissional), certamente manterá uma ponta de inveja eterna dos que lá estiveram. Fazer o quê, né?

A festa de pré-lançamento na sede social

O otimismo era contagiante. Americanos reunidos na ânsia de ver mais um aumento no patrimônio do clube. A construção de qualquer obra arquitetônica que se proponha a servir ao público já é algo grandioso. Quando envolve a paixão de uma torcida, aí é de arrepiar!

A festa de pré-lançamento na sede social da Rodrigues Alves foi um momento histórico na vida do América Futebol Clube. Primeiro, pela união das várias correntes de conselheiros que se engalfinham há anos, mas que parece que entenderam que o momento é de todos remarem na mesma direção. Segundo, porque relembrou as confraternizações de um passado não tão distante na área piscinas/bar. Terceiro, porque era visível a emoção de todos, sejam os que participavam apresentando o projeto, sejam os que já haviam visto a ideia germinar em 2007, quando o jovem formando Ricardo Dantas juntara um grupo para mostrar ao Dr. José Rocha e a alguns conselheiros e torcedores (lá estava eu!) que era possível sim concretizar o sonho de ter um estádio nos moldes da Fifa como patrimônio do América, sejam os que lá estavam pela primeira vez sendo apresentados a tão bem elaborado projeto arquitetônico.

Nada ficou de fora. Bebida (e tome whisky para quem gosta!) e comida à vontade, banners com várias tomadas do estádio, novos produtos ERK de todos os tipos e muita emoção. Emoção visível do arquiteto Ricardo Dantas, ao relembrar os momentos de 2007. Também do Dr. José Rocha, ao mencionar a luta para a construção da sede social e da sua disposição em ver o América com mais este acréscimo patrimonial. Do Presidente Hermano Morais, que terá sempre seu nome atrelado ao pontapé inicial de tal obra. Do Presidente eleito Alex Padang, que se declarou emocionado com a força demonstrada pelos conselheiros e pela torcida. Do Engenheiro José Pereira, que afirmou que somente a alegria de construir a Arena do Dragão foi capaz de tirar-lhe a tristeza de ver outra obra sua, o Machadão, vir abaixo. De todos os americanos, com a riqueza de detalhes do projeto da Arena, chegando a especificar o que teria em cada camarote, a capacidade do estádio a cada mero módulo construído, e por aí vai.

Realmente, a noite de 16 de dezembro de 2011 ficará na história do América Futebol Clube como a noite em que o clube demonstrou claramente que terá um estádio que mais uma vez honrará a sua alcunha - Orgulho do RN.

Os camarotes da Arena do Dragão

É de impressionar a avidez com que o torcedor do América  aguarda a construção do estádio alvirrubro. A festa de pré-lançamento da venda de camarotes estava marcada para 16/12/11 às 20h, mas 2 dias antes a diretoria resolveu sondar os conselheiros que gostariam de realizar pré-reserva de unidade, segundo o Vermelho de Paixão . Resultado: das 12h da quarta-feira até às 21h da sexta-feira foram vendidos 105 camarotes, restando tão somente 23 unidades.
Detalhe: o valor de cada unidade é de R$ 30.000,00/R$ 35.000,00, a depender da localização. E era necessário pagar um sinal de R$ 3.000,00 à vista para realizar a reserva. Com isso, o América já garantiu mais R$ 3 milhões, dos R$ 5 milhões necessários à primeira etapa.
Imaginem quando houver o lançamento de cadeiras cativas!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Por que as coisas se acumulam?

Quem tiver a resposta, por favor, me diga! Parece ser inerente ao ser humano. "Amanhã faço isso" e, de repente, boom... um milhão de coisas pendentes. Pior: quando nos damos conta, já estamos na metade do mês de novembro, o último mês de verdade do ano. Sim, porque dezembro é todo gasto numa terrível peregrinação em busca das tais lembrancinhas de Natal. Uma verdadeira sucursal do inferno! Pessoas se acotovelam na luta por um vendedor que abra as portas da felicidade trazendo exatamente o que estamos procurando.

Só nos restam aproximadamente 15 dias para acabarmos com as coisas que se acumularam em 2011. Ou seriam elas ainda provenientes de 2010 ou outro ano anterior? É difícil precisar, mas já faz um tempo que eu digo que vou colocar estudos, corrida, musculação e outros projetos pessoais em dia. Trabalho está sempre em dia, nem que seja no último dia do prazo. O resto, no entanto, parece ser acorrentado a um peso de mais de 1 tonelada e  por isso resiste a sair do canto.

Será que conseguirei acabar com o acúmulo em 2011? Sei não, mas pelo meu histórico, estou quase certa de que vou já assumir um outro projeto ainda em 2011: a lista de coisas a fazer em 2012... E você?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Série C acaba?

Façam suas apostas! A Série C acaba ou não acaba? E se acabar, será que termina mesmo?  Depois do imbróglio judicial demonstrar toda a incompetência da CBF e do STJD em resolver pendengas 100% importantes para o desenrolar de uma competição nacional, a justiça comum foi chamada a tentar desatar o nó por aqueles criado.

Mas para quem conhece o dia-a-dia do Poder Judiciário, a perspectiva é de que esta Série C só termine daqui a, no mínimo, 3 anos - isto se houver muito boa vontade de todos os órgãos judiciais. Ora, uma questão cotidiana leva até 3 anos para sair da 1.ª instância, mais uns 2 para sair da 2.ª e reza-se muito para ela sair dos tribunais superiores (primeiro, STJ e, com sorte, STF).

A guerra atual refere-se apenas a liminares, que, como os operadores do Direito sabem, são concedidas de manhã e cassadas à tarde. Medida liminar, ou antecipação dos efeitos da tutela, ou medida cautelar, é apenas resultado da primeira impressão que o magistrado tem da questão. Só é concedida ante a presença de dois requisitos: o fumus bonus juris (a fumaça do bom direito) e o periculum in mora (o perigo da demora). O juiz analisa RAPIDAMENTE os autos e verifica se a história contada pelo autor apresenta verossimilhança, isto é, se parece verdade, se parece ter fundamento. Em seguida, observa se haverá prejuízo irreparável ao autor se, em sendo verdade o alegado, ele (juiz) ao deixar para se manifestar somente após a relação processual se completar (citação do réu) ou quando for julgar o mérito.

Ora,  a questão do Rio Branco inicialmente apresenta ambos os requisitos. Se o julgamento de mérito seguirá o mesmo caminho, aí são outros quinhentos. Mas, de fato, seu relato aparenta ter fundamento e qualquer atraso causar-lhe-á prejuízo irreparável.

Mas e o Luverdense? Sua história também não aparenta ter fundamento e o atraso em julgá-la também causará prejuízo? E o América? E o Paysandu? E o Crb? E os torcedores? E os classificados do outro grupo? E as Série B, C e D do próximo ano?

Não me parece que a CBF tenha interesse em retirar o Rio Branco da competição. Os indícios advindos da demora do STJD em decidir, da CBF em paralisar o campeonato e até mesmo em recorrer na Justiça comum a respeito das liminares conseguidas pelo Rio Branco não me deixam dúvida.  A CBF quer mesmo é que a Série C acabe logo com o Rio Branco para depois ter de decidir o que vai fazer. Ou seja, uma virada de mesa apresenta real possibilidade.

Some-se a isso o fato de que há duas liminares sobre a questão: uma proveniente do Acre e outra do Rio de Janeiro. Tal conflito positivo de competência (os dois juízes que decidiram se afirmam competentes para tanto) terá de ser julgado pelo STJ, aquele para o qual apelamos aos santos para que uma questão seja julgada rapidamente. Ora, resolvido o conflito de competência, a questão voltará para um dos órgãos da primeira instância (ou Acre, ou Rio de Janeiro - deve ser este último, por ser o domícilio dos réus, no caso STJD e CBF) para ter seguimento. Ou seja, a Copa do Mundo 2014 já será uma vaga lembrança quando a questão for definida com o trânsito em julgado, salvo se alguém desistir no meio do caminho. E aí? A Série C acaba ou não acaba? Façam suas apostas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma decisão e muitas implicações

O STJD deixou de lado (?) a política e eliminou o Rio Branco da Série C 2011. Simples, não? Não. Ao não disciplinar o alcance de sua decisão, especialmente quanto aos interessados que se habilitaram no processo - a saber, Luverdense e Araguaína - o STJD criou um monstrengo nas mãos da CBF, que pode enfrentar uma saraivada de ações Brasil afora.

De início, sobrou incompetência para lidar com uma questão que atingia tão fundamentalmente todo o desenrolar de um campeonato. O problema com o Rio Branco surgiu antes mesmo do início da Série C, mas só foi julgado por uma das comissões do STJD após o fim da primeira fase. Com o recurso do Rio Branco (corretamente com efeito suspensivo), caberia ao STJD determinar pauta imediata para este, sob pena de causar graves prejuízos ao futebol brasileiro, o que de fato ocorreu. No entanto, o STJD preferiu deixar pra lá a questão e só julgá-la na metade da segunda fase da Série C.

Estabelecidos os erros do STJD, é chegada a vez da CBF. Era mesmo tão difícil perceber que uma questão dessas requeria extrema cautela para não causar prejuízos aos clubes e torcedores-consumidores país afora? Se o Rio Branco conseguiu ser incluído na 2.ª fase através de efeito suspensivo, cabia à CBF não iniciar a disputa no grupo E até que a questão estivesse resolvida. Isso certamente faria com que o STJD abrisse mais rapidamente espaço em sua pauta para a questão e evitaria que clubes disputassem partidas que de nada valeriam e que torcedores pagassem para ver algo inexistente.

Agora analisemos as consequências da decisão do STJD. O Rio Branco foi eliminado. Mas qual é o alcance da decisão do STJD? A punição vai ser dada a partir da 1.ª fase? Neste caso, o Araguaína escaparia do rebaixamento para a Série D e o Luverdense estaria classificado para a 2.ª fase como 2.º colocado do grupo A. Ainda neste caso, caberia zerar o grupo E e começar tudo de novo, já que há alguns privilégios em relação à tabela para os primeiros colocados de cada grupo, o que atingiria o Paysandu, e o grupo não poderia ter iniciado a disputa tendo um clube não classificado como participante.

Mas por que o STJD não declarou os efeitos da decisão quanto aos terceiros interessados (Araguaína e Luverdense) que se habilitaram no processo? Isto parece indicar que a punição ao Rio Branco não será retroativa, mas a partir da fase em que a competição se encontra. Ou seja, o Rio Branco foi eliminado na 2.ª fase, o que significa que o Araguaína permanece rebaixado e o Luverdense não classificado. O grupo E permaneceria com as disputas já ocorridas e América, Crb e Paysandu venceriam seus confrontos com o Rio Branco por W.O. (1x0). E o Rio Branco? Seria sim rebaixado para a Série D, mas sem alterar a disputa na C, o que faria com que houvesse o acesso de 5 clubes da 4.ª para a 3.ª divisão. Esta é a solução que menos prejuízos traz para clubes e torcedores que pagaram ingressos, já que os jogos continuariam válidos, mas o Rio Branco sofreria sua penalidade.

No caso de a CBF determinar a inclusão do Luverdense na segunda fase, aí a porca torce o rabo. Haverá uma chuva de pedidos de indenização de consumidores que pagaram para ver jogos marcados pela Confederação, sabedora de que uma pendência judicial ameaçava a validade das partidas, mas que a julgou infundada. Ora, você pagaria o mesmo valor de um jogo oficial para ver um amistoso? Caberia até mesmo uma ação coletiva da promotoria de defesa do consumidor.

Resta saber o que decidirá a CBF. Certamente sua assessoria jurídica já está a postos estudando uma solução. Se esta será política ou não, não sabemos. Mas é preciso avaliar o direito como ele é, e não ao bel prazer do STJD e da CBF. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O STJD e suas polêmicas

Brasil, o país do carnaval. O ano inteiro. Em todas as áreas. O que importa mesmo é ir levando ao som dos batuques. Amanhã a gente pensa no depois. Parece até que há um placa daquelas de mercadinho em cada esquina desta terra tropical: "Fiado só amanhã". Só que, no caso, os dizeres são diferentes: "Seriedade só amanhã."

Poderia levar uma vida inteira citando a aplicação prática dos dizeres da plaquinha. Mas seria chato e interminável. Levaria um outro tanto para citar essa mesma aplicação quanto ao futebol. É melhor falar do assunto do momento: o STJD e a Série C.

Como diz Arnaldo César Coelho, a regra é clara. A Constituição Federal determina em seu artigo 5.º, inciso XXXV, que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Durante muito tempo, isso parecia não se aplicar aos julgamentos desportivos. Imaginar que a CBF e assemelhados estariam acima da lei era negar o estado de Direito. Criou-se então a regra de que é preciso primeiro esgotar a instância desportiva.

Mas o que é a instância desportiva? É a seara onde se discutem as questões a respeito das querelas que envolvem as competições. Punições a clubes, atletas, dirigentes.

Pois bem. Dois clubes acreanos (entre eles, o Rio Branco) estavam ameaçados de não obter renda em suas primeiras partidas no campeonato brasileiro por ausência de aprovação do estádio Arena da Floresta. Os laudos apontavam que o estádio não reunia condições de segurança/conforto para o público assistente. O Ministério Público então remete ofício à CBF determinando a interdição do estádio. A CBF informa à federação local que o estádio só poderá ser utilizado com os portões fechados. Autoridades resolvem entrar com ação cautelar preparatória (queriam um TAC) com laudos que comprovam que o estádio teria condições para apenas 10 mil. O juiz de plantão entende que os requisitos estão presentes para a concessão da liminar e a CBF é intimada para permitir a realização dos jogos no estádio com a nova capacidade (10 mil pessoas).

O caso vai parar no STJD, esse mostrengo recheado de decisões que mais parecem saídas de disputas entre torcedores numa mesa de bar através daquele jogo em que é preciso adivinhar quantos palitinhos de fósforo todos têm na mão.

Lá, parece óbvio que o Rio Branco desafiou a CBF sem ter esgotado a instância desportiva. Assim, votam 2 auditores. O Rio Branco é excluído. A vida segue. Até que um recurso do mesmo clube consegue efeito suspensivo no mesmo STJD. Volta o Rio Branco. Agora são Luverdense e Araguaína que querem a suspensão da suspensão, ou seja, a volta da decisão original.

Sabem qual é a grande polêmica? É que o STJD não é um tribunal de verdade. Não se requer notório saber jurídico de quem ali milita. As indicações são políticas. Imaginem o que isso quer dizer no mundo do futebol... Então o STJD não gosta muito de se meter no trabalho de interpretar as regras. Basta ler o que está escrito, sem atentar para o sentido e a finalidade das regras aplicadas em sintonia com o restante das regras em vigor.

Interdição de estádio por falta de segurança baseada em laudo técnico é realmente uma questão desportiva?      O Rio Branco não foi punido com a perda de mando de campo. O que houve foi uma constatação por parte da autoridade competente (Ministério Público, conforme Estatuto do Torcedor) de que o estádio não atendia aos requisitos para que ali houvesse um evento com presença de público. Era preciso mesmo esgotar a instância administrativa numa questão resolvida por laudos técnicos e que não dizia respeito a punição alguma? Vejamos se o STJD enfim enxergará a diferença.

Mas o melhor (ou o pior) mesmo é o fato de o STJD ter dado efeito suspensivo para lá e para cá, mas não ter empreendido a suspensão do campeonato. Ora, como ficam os torcedores que pagaram ingresso para ver jogos que podem simplesmente não ter valor algum se Luverdense e Araguaína conseguirem o que querem? E os gastos de quem viajou para jogar (Rio Branco e América) para um possível amistoso? O mais trágico (ou cômico, nesse eterno carnaval) é que o órgão julgador desportivo nem se deu ao trabalho de marcar uma data para resolver definitivamente a questão. Para quê? Ninguém está com pressa mesmo!

Mal visualizamos o estrago que a omissão do STJD já vem causando, eis que surge mais uma questão envolvendo a Série C: a palhaçada no PV de Fortaleza e CRB. O Campinense juntou vídeos, depoimentos e pediu julgamento a respeito. Eis que a procuradoria do STJD prepara a denúncia contra o Fortaleza, contra o árbirtro, contra alguns jogadores e...cadê o CRB? Porque, se houve "arrumadinho" para favorecer o Fortaleza, o vídeo deixou claro que o CRB fez parte. Nenhuma linha a respeito do CRB. Isto pode indicar que nada mudará. Principalmente porque a denúncia não pede exclusão do campeonato dos clubes envolvidos, mas apenas que uma nova partida seja disputada. Ah, tá! O CRB já classificado (Campinense venceu o Guarany) vai colocar seu elenco titular numa disputa feroz contra o Fortaleza, que terá muita dificuldade em fazer os 4 gols necessários à sua manutenção.

Recásens Siches já defendia que o Direito não pode se afastar da lógica do razoável. A aplicação de uma regra não pode produzir um caos maior do que a sua não aplicação. Se o STJD enxergou que o Rio Branco tinha um aparente direito sendo obstruído por decisão de uma de suas comissões, que por sua vez constatou exatamente o contrário, caberia a suspensão do campeonato e marcação imediata dos julgamentos que envolvessem a questão prioritariamente sobre a pauta já agendada (isso existe no STJD?). Tudo decidido sem causar qualquer prejuízo ao campeonato, que seria atrasado no máximo em uma semana.

Mas isso seria o mundo perfeito. No mundo real, ou o STJD se envolve em um trabalho efetivo para tornar suas decisões dignas de serem classificadas como jurídicas e em prol do desenvolvimento da área que lhe cabe, ou estaremos em pleno século XXI e convivendo com decisões que dividem as partes entre os amigos e os inimigos do rei, como ocorria em priscas eras.