É preciso separar o jogo dos pênaltis para que a avaliação seja o mais perfeita possível. Ontem, o América de Roberto Fernandes foi quase perfeito em campo. No início do 1.º tempo, talvez pelo nervosismo, o time mostrou falhas que quase resultaram em desastre, não fosse a intervenção de Fabiano, justamente apelidado de Paredão.
Passados 15 minutos, o América já era senhor absoluto das ações. O jogo passou a se desenvolver em apenas uma metade do campo: a que cabia à defesa do Horizonte. Nem lateral o time cearense consegui bater em paz. Em três lances, o Alvirrubro já retomava a bola. Deve ter sido angustiante para os torcedores do Horizonte. O time só batia tiro de meta e lateral. E rezava para que seu goleiro agarrasse tudo.
Todos os titulares de Roberto Fernandes merecem aplauso. Ok, Lúcio ainda não merece aplauso, mas já fez a torcida suspirar em lance no segundo tempo. Ah, quando o vaqueiro estiver condicionado... Fabiano foi milagroso, seguro e experiente como sempre em suas orientações. Norberto relembrou o ótimo futebol de 2010 com Dado Cavalcanti na Série B, mas pela lateral direita. Cléber e Edson Rocha queimaram minha língua e mostraram que são sim titulares deste time. Não deram nenhuma sopa para o azar. Edson Rocha chegou mesmo a conseguir interromper contra-ataques ainda no meio campo. Wanderson deitou e rolou na lateral esquerda e foi eficiente sempre que quis cruzar a bola na área. Pena que no 2.º tempo o Horizonte conseguir dar uma segurada nele por ali, mas não de forma absoluta.
Os volantes Márcio Passos e Nata apresentaram uma pegada ainda não vista, mas também pareciam reclamar mais do que o devido. Márcio Passos protagonizou o lance que decretou o destino do América: perdeu uma bola boba e teve que fazer uma falta merecedora de cartão amarelo. Era o segundo. A vida do time rubro, que havia sido facilitado com a expulsão de Hércules ainda no 1.º tempo, agora parecia encontrar nova ladeira.
Mas Júnior Xuxa e Jairo jogaram o fino da bola. Velocidade, arremates, passes desconcertantes. Só faltou o gol. E Júnior Xuxa acertar uma cobrança de falta. Aí era só correr para o braço. O mesmo se diga de Soares. Deixa os companheiros facilmente na cara do gol. Foi recompensado com a abertura do placar em passe de Norberto, que recebera lindo lançamento de Júnior Xuxa.
Mas os reservas... André Beleza anda longe do futebol que me encheu os olhos no ano passado, embora tenha estado mais atento no jogo de ontem. Wanderley anda perdendo bolas bobíssimas, mas continua com faro de gol, especialmente de cabeça (que impulsão tem esse baixinho!). Já Isac...
Isac é o que se pode chamar de supra-sumo do não futebol. Não passa, não domina, não arranca, não faz gol. Lançam a bola pra ele na frente; ele não chega. Jogam no pé; ele perde. Jogam no alto; ele não sobe. Não ganha uma disputa com a zaga. Só vejo uma especialidade nele: cruzar para a área e olhe lá. É isso mesmo que o América espera de um atacante?
Assim, vamos às responsabilidades. Roberto Fernandes tem crédito, acabou de chegar - é bom que se diga. O time mostrou um espírito para lá de guerreiro. Mas como mexeu mal. Na hora da expulsão de Márcio Passos, a tal recomposição não precisava ser imediata, pois o Horizonte não tinha mais coragem de avançar. Além disso, Júnior Xuxa vinha em noite inspirada. Se ele queria mesmo a entrada de André Beleza, deveria ter tirado Isac, que nada acrescentou. Muito pelo contrário, prejudicou inúmeras vezes, matando bons lances do América. Ninguém ia nem lembrar que ele acabara de entrar, especialmente quando o América marcasse o 3.º gol, nitidamente apenas uma questão de tempo.
Quanto aos pênaltis, bastava olhar para aquela cambada de marmanjo ajoelhada no meio de campo para saber que não poderia dar certo. Os jogadores demonstravam grande exaustão e pareciam precisar apenas de uma intervenção divina, ao contrário dos adversários. Se eu fosse treinadora, jamais permitiria tamanha palhaçada! Ajoelhar é para quem quer rezar, não bater pênalti.
Espero que lições tenham sido aprendidas, especialmente a de que Isac já passou da hora de ser dispensado. Único jogador a participar de todas as partidas, ele não demonstra a menor evolução. Chegou a hora de dar chance a Rivaldo, que também perderá bolas, mas certamente ganhará experiência, assim como ocorre com Wanderson.
Assim, parabéns aos titulares e a Roberto Fernandes pelo bom futebol proporcionado aos que foram ao Nazarenão. Puxão de orelha no treinador por ter tirado Júnior Xuxa e ter se atrevido a escalar o terrível Isac, em Wanderley e Wanderson por perderem os pênaltis e em todos os jogadores por ficarem de joelhos diante do adversário numa cobrança de pênaltis.
Agora, é pensar em repetir os acertos diante do galo do Seridó.