Segundo eleição conduzida pela Federação Norte-rio-grandense de Futebol entre os que militam na imprensa futebolística potiguar, o técnico do Potiguar 2015 foi Josué Teixeira. A justificativa encontrada para tamanho disparate no resultado seria que os votos foram dados antes dos jogos finais. Não sei se é para rir ou para chorar.
Analisemos os fatos até então. Josué Teixeira conduzira o ABC em 7 partidas. Roberto Fernandes conduziu o América por todo o 1.º turno, todo o 2.º turno, além da classificação para as quartas-de-finais da Copa do Nordeste e da classificação inédita e antecipada para a 2.ª fase da Copa do Brasil, isso tudo com N desfalques e sem conseguir repetir escalações. Não seria de maior bom senso escolher o trabalho mais estável e duradouro? Não para a imprensa potiguar, que parece nutrir mesmo uma certa rejeição a Bob, sem falar em tudo mais que seja proveniente do América.
Vejam que nem me referi ao fato de Roberto Fernandes ter sido o comandante de
um título histórico, dando ao América o bicampeonato em pleno ano do
centenário. Isso nem poderia ser levado em consideração se a votação foi
anterior às partidas finais.
Mas o ABC foi campeão do 2.º turno invicto! É verdade. Porém, já naquele América 0x2 ABC ficou muito claro que o time de Josué não parecia ter forças para suplantar nem a marcação americana, nem o volume do ataque adversário pelo que se viu no 1.º tempo. Tantas foram as chances perdidas, que o próprio Josué disse que o jogo teria sido completamente diferente se o América tivesse convertido as inacreditáveis chances perdidas, especialmente por Max. Tanto isso é verdade que ele tentou nos dois jogos seguintes mexer na escalação para evitar o poderio do adversário, mas só conseguiu equilibrar as coisas quando o paraense Dewson inventou a expulsão de Maguinho ainda no 1.º tempo do 1.º jogo da final.
O que explicaria a escolha de Josué? Eis o constrangimento a que imprensa potiguar se submeteu. Trocaram um trabalho inteiro de reconstrução por apenas 7 partidas de deslumbramento. Ou faltou competência para ler o jogo, analisar friamente os trabalhos até então desenvolvidos, ou foi deslumbramento mesmo com a volta do ABC às finais de um estadual. Qualquer uma das soluções tira credibilidade dos eleitores, o que termina por atingir a reputação dos profissionais. E reputação é uma coisa que levamos a vida inteira para construir, mas que desmorona em apenas 5 minutos.
De todo jeito, ficou feio. Ficou tão feio, que jogadores, comissão técnica, presidente e todos os diretamente ligados ao futebol do América simplesmente menosprezaram a premiação da FNF, que se viu ridicularizada até mesmo por torcedores abecedistas nas redes sociais.
Que fique claro que isso não quer dizer que Josué Teixeira não seja um bom treinador. Ou ainda que não preste para mais nada porque seu time foi amplamente envolvido pelo América nos 3 clássicos, especialmente nas finais. Só que são necessários bem mais que 7 jogos, principalmente de um estadual, para que uma análise seja mais realista, para o bem ou para o mal - uma constatação tão simples, de tanto bom senso, mas que parece nem ter passado pela cabeça do pessoal da imprensa de futebol do RN. Agora é lidar com a ressaca moral.