sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Quem ri por último...

Esse é o título da coluna de Eliane Catanhede na Folha de São Paulo de 19/09/13, republicada por Woden Madruga em sua coluna de hoje (20/09) na Tribuna do Norte. Vale a pena destacar os seguintes trechos, para reflexão nossa:

"Segundo o relator Joaquim Barbosa, ainda na primeira fase, José Dirceu e uma dezena de réus, 'de forma livre e consciente, se associaram de maneira estável, organizada e com divisão de tarefas para o fim de praticar crimes contra a administração pública e contra o sistema nacional, além de lavagem de dinheiro.'

Joaquim ganhou, e então o revisor Ricardo Lewandowski perdeu. Mas o jogo está suspenso e isso pode virar coisa do passado, com Joaquim perdendo e Lewandowski ganhando.

Um dado salta aos olhos nessa arena. Acatados os embargos infringentes e, depois, o mérito desses embargos, o julgamento terminará com os núcleos publicitário e financeiro na cadeia, puxados por Marcos Valério e Kátia Rabello, e com o núcleo político em ostensiva comemoração, liderado ainda por José Dirceu.

Aos 'técnicos', o peso da lei. Aos 'políticos', a leveza do sei lá o quê."

Como bem resumiu o sentimento geral, repito o pensamento de Ney Matogrosso: "não posso dar a opinião legal, mas, como brasileiro, eu acho que é decepcionante, porque pobre não tem todos esses direitos, preto não tem todos esses direitos. Tudo indica que eles vão escapar. O Supremo vai ficar abalado. A confiança depositada pelo povo no Supremo ficou abalada, mas tudo bem, eles dizem que não ficam abalados com isso. Eles estão pouco se lixando para a opinião pública."

E o Brasil, como era no princípio, agora e sempre, continua a perder a luta contra a corrupção. A sensação que tenho é que sou uma Zé Ruela imbecil que acha que deve trabalhar e cumprir as leis deste país, enquanto a grande maioria sempre dá um jeito de arranjar uma mamata nesta pátria sofrida e vilipendiada. Pobre de mim. Afinal, o mundo é dos espertos.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Chifre em cabeça de cavalo

Torcedor de futebol deveria ser analisado cientificamente. Por que não consegue ser só um pouquinho racional em relação ao seu time? Por que sempre se o time vence, é o melhor do mundo, e se perde, é o pior?

O América com Pintado mostra grande consistência. De seis jogos, convenceu e deveria ter vencido em cinco deles. O ponto fora da curva, como virou moda agora, foi a terrível partida contra o Oeste.

Contra o Joinville, o América esteve bem. Só que do outro lado havia uma equipe que, dos últimos quatro jogos fora de casa, vencera os quatro! Como pressionou o Joinville no 1.° tempo! Eu mesma não acreditava que o América conseguisse algo nos primeiros 45 minutos, mas conseguiu. Chute de Pimpão, gol de Mazinho.

Num jogo apertado como esse, o bandeirinha do lado da arquibancada alta estava de brincadeira. Ainda no 1.° tempo, Júnior Negão foi agredido com uma cotovelada na cara do sujeito e ele nem falta marcou! Revolta da torcida que o premiou o jogo todo com elogios de todo tipo.

Começa o 2.° tempo e, para azar de todos, Pintado resolve tirar Chiquinho para colocar Vinícius Pacheco. Por que não Almir, como nos outros jogos? Vinícius não é meia e, com o seu potencial de finalização, ele TEM que jogar no ataque. Pronto! O Joinville já pressionava com todo o gás. Sufocante. Quanto tempo o América aguentaria? 

Sai Júnior Negão (que, bem ou mal, prendia alguns zagueiros do Joinville) e entra Edson Rocha. Quem prenderia os atacantes agora? Aqui ficou claro o erro: Vinícius não "virou" atacante. Pimpão era quem ainda tentava alguma coisa. 

Com Vinícius tentando armar jogadas e Pimpão como único atacante, o América, após sofrer o gol de empate, exerceu uma pressão meio que enganadora, já que seu melhor finalizador perdia tempo no meio de campo. 

Mazinho ainda tentou finalizar algumas vezes e o goleiro adversário fez boas defesas. O empate acabou sendo o resultado. 

Muita gente viu na entrada de Edson Rocha o grande erro de Pintado. Não. O grande erro foi Vinícius Pacheco não ter assumido a função de atacante como bem fizera no jogo contra o Paysandu. Ou seja, Almir deveria ter entrado no lugar de Chiquinho e Vinícius no lugar de Júnior Negão.

Também é preciso destacar o desgaste que o Joinville impôs ao América. Daniel, Rai, Pimpão não aguentavam mais ainda na metade do 2.° tempo.

Para resumir, Pintado tem muito mais acertos do que erros, já que é visível que o América agora é um time difícil de ser batido. Ontem, o Joinville tirou os 100% do Nazarenão e o América tirou os 100% do time catarinense como visitante no 2.° turno. De quebra, ainda permaneceu no mesmo lugar (15.°) e aumentou a distância (3 pontos) para a temida zona do rebaixamento.

Ah, ainda vale acrescentar a informação do Vermelho de Paixão de que somente 3 equipes estão invictas no 2.° turno. Sabe quais? América, Joinville e Palmeiras. 

Entenderam agora que o empate foi um resultado altamente compreensível dentro da normalidade do futebol? Erros acontecem de um lado e de outro e, às vezes, são determinantes, em outras, não. Então parem de ver chifre em cabeça de cavalo!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Você sabe o que seu filho está aprendendo?

Recebi um pequeno folder com a Cláudia deste mês e não pude deixar de compartilhar seu conteúdo. Elaborado pelo movimento sem fins lucrativos Educar para Crescer, a cartilha traz preciosas dicas aos senhores pais. Vejam:

1 - Não deixe que seus filhos faltem à aula sem necessidade. Faltas dificultam a aprendizagem.
2 - Garanta que seus filhos cheguem à escola na hora certa.
3 - Compareça às reuniões de pais e mestres. Se não puder, chame alguém que goste deles para ir no seu lugar.
4 - Visite a escola e apresente-se aos professores de seus filhos.
5 - Pergunte o que seus filhos aprenderam de novo no colégio e mostre interesse.
6 - Peça que seus filhos lhe ensinem algo. Isso ajuda a aprender o conteúdo.
7 - Valorize o esforço de seus filhos. Olhe a lição de casa e mostre interesse pelos trabalhos.
8 - Leia sempre. É bom para você e excelente para que seus filhos sigam seu exemplo.
9 - Estimule atividades que usem a leitura: jogos, receitas, mapas...
10 - Brinque de palavras cruzadas, caça palavras, forca, stop e outros jogos que envolvam a escrita.

Agora, vai um lembrete meu: cortesia aprende-se em casa. Faça sua parte para um mundo mais gentil.

Fonte: Equipe Educar para Crescer
Descrição: 18.png
 Av. Nações Unidas, 7.221- 6º andar
CEP 05425-902 – São Paulo SP


domingo, 15 de setembro de 2013

Vitória da raça

Pode parecer estranho ressaltar a raça demonstrada pelos jogadores numa vitória por 3x0. Mas quem assistiu ao jogo América 3x0 Paysandu bem sabe do que eu estou falando.

Primeiro, a doce chuva de Goianinha impediu qualquer torcedor de ficar parado no estádio. Ou se agita, ou passa frio. Segundo Janaina, Deus sabe o que faz, portanto, a chuva foi providencial.

Dentro de campo, o América sufocou o Paysandu, exatamente como havia feito com o Avaí naquele outro lugar cujo nome nem cito mais. Nem o goleiro adversário teve tranquilidade na saída de bola. O Paysandu simplesmente não saía de sua defesa. E tome pressão do América!

Claro que o adversário não aguentaria muito tempo. E assim, Rodrigo Pimpão tenta cruzar rasteiro, a bola desvia na parte interna da perna do zagueiro do Paysandu e, tchan, tchan, tchan, gol do Mecão! Explosão de alegria molhada no Nazarenão.

O Paysandu até que tenta algo, mas não adianta. A energia positiva de Goianinha é tamanha que até transformou o velho carrasco paraense em novo freguês do Mecão.

Chuva desabando cada vez mais forte, eis que surge mais uma alegria: o dindim de coco queimado. Não um pirata do jogo passado, mas o original, saborosíssimo, vendido por um pai acompanhado da filha. Êxtase total meu e de meus companheiros de arquibancada! Fazendo frio ou não o dindim é sine qua non em Goianinha. Pena que nem sempre ele esteja disponível.

A chuva aperta no intervalo. À essa altura, meu cachecol já era de mamãe - que fez questão de ir ao jogo, mesmo com os meus alertas sobre as confusões causadas pela torcida adversária em 2011 - e a bandeira de Mariza, providencialmente utilizada como abrigo para as duas. Para que se tenha uma ideia da chuva, de instante em instante, Mariza torcia a bandeira como se faz com roupa que acabamos de lavar. Mamãe permanecia sentadinha, sem reclamar de nada no Nazarenão.

Começa o 2.° tempo e a pressão do Paysandu, como esperado até pelo nível de marcação do América na etapa inicial, aumenta. Sai Chiquinho (jogou bem), entra Almir. Sai Rodrigo Pimpão, entra Vinícius Pacheco. No primeiro passe deste, contra-ataque do Paysandu. Acorda, Vinícius! Acordou. Quase marca em dois lances com o goleiro. 

Torcida inquieta. Sai Júnior Negão, entra Edson Rocha. Algumas vaias. Umas para Junior Negão. Quem estava perto de mim e vaiou ouviu um sermão sobre inconsciência. O cara salva o time no jogo anterior e sai ovacionado. Aí joga com dedicação, mas não consegue marcar e há quem o vaie? Pelo amor de Deus! Ainda houve quem quisesse gritar pela saída de um atacante para a entrada de Edson Rocha. Neste caso, o problema era quase de autismo mesmo. Era tão difícil ver que era preciso reforçar a defesa, que já tinha o desfalque de todo o lado direito titular? 

Ainda bem que os aplausos foram maiores. Ainda me diverti muito com um torcedor que estava acima e dava verdadeiras aulas táticas. O melhor foi "sem Marcelo Negão vai ficar difícil". Não sei como passamos sem tal jogador até hoje :D

Por fim, Pintado comprova que tem estrela. No jogo contra o Figueirense, ele colocou Junior Negão e o atacante resolveu a parada marcando dois gols. Ontem, foi a vez de Vinícius Pacheco liquidar a fatura também marcando dois gols. 

Posso afirmar que foi uma noite maravilhosa do jeitinho que ela foi: com chuva, com pressão, com raça. Todos - eu disse, todos - os jogadores do América estiveram bem. O time nem parecia estar desfalcado. Andrey, Chiquinho, Cléber, Edvânio, Rai, Márcio Passos, Daniel, Mazinho, Chiquinho, Rodrigo Pimpão, Júnior Negão, Almir, Edson Rocha e Vinícius Pacheco demonstraram raça e dedicação e, por isso, merecem todos os aplausos. 

A torcida também, já que encarou a chuva, ficou de pé os 90 minutos e empurrou o time para frente mesmo quando o adversário pressionou.

Não canso de dizer que em Goianinha a história é outra. 

Ah, não posso deixar de dizer que o normalmente péssimo Alício Pena Jr teve uma atuação discreta e que merece aplausos ante as bizarrices das arbitragens anteriores.

Pois é. Em Goianinha, é outra história. Aproveitamento de 100% e time invicto há 4 partidas. Na terça, às 21h50, tem mais. #Nazarenãoeuteamo e #PraCimaMecão

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Hoje é sexta-feira...13

Sextas são sempre bem-vindas. Porém, para os supersticiosos como eu, as sextas-feiras 13 carregam um temor do que está por vir.

Tudo bem, eu sei o quanto isso é contraditório para mim, tão racional na maior parte do tempo. Superstição é igual a fé - não tem explicação. Ou se tem, ou não se tem. E eu tenho. Já confessei por aqui que levanto diariamente da cama tentando sempre tocar o chão primeiro com o pé direito. Me dá até um arrepio só de pensar em esquecer isso. 

Passar embaixo de escada então? Nem pensar! No Midway, é uma onda subir a escada rolante no piso inferior. Faço o caminho inteiro por fora. Rio da reação dos meus acompanhantes, porém sigo no meu propósito. Sou persistente.

No futebol, nem preciso dizer. Tudo recebe minha carga de superstição: a roupa, os acessórios, os acompanhantes, o árbitro, o adversário, a comida...

Mas as sextas-feiras 13 têm um tempero especial. Ainda nos anos 80, eu e minha família vivenciamos um dia cheio de acidentes marcantes nessa data. Pronto! Nunca mais fui a mesma. Só passo tranquila se acontecer de esquecer o dia do mês (algo corriqueiro para mim). Só que as pessoas do meu convívio já sabem da minha neura, ou seja, sempre me alertam bem antes. 

Hoje, por exemplo, era dia de buscar exames de sangue. Adivinhem? Não estavam todos prontos. Ponto para a sexta-feira 13. Tirei o carro da garagem, porém já o coloquei de volta. Também adiei a musculação para o turno da tarde só por precaução. E nem vou mais até o Midway para pagar uma conta. Antes pagar juros. Afinal seguro morreu de velho.

Até uma inscrição eu adiei para não ter que pagar hoje. Porém, da conta de cartão de crédito não dá para fugir. Seja o que Deus quiser! 

Teria o mundo enlouquecido?

Ou seria eu a louca? Nesta semana, leio a incrível notícia de que Bell Marques vai deixar a banda de axé Chiclete com Banana. Fãs entristecidos deveriam ser o único resultado do anúncio. Aliás, deixem-me interromper a linha de raciocínio aqui para falar do anúncio. O cara faz um vídeo demorado para o YouTube para anunciar em setembro de 2013 que vai sair da banda em março de 2014. Me poupe! Mais parecido com jogada de marketing...

Passei o dia achando graça das declarações dos fãs. É que quando não se é fã, certas coisas soam surreais. Foi uma diversão atrás da outra. Mas eis que surge a notícia de que os fãs, chateados com a decisão, resolveram fazer um protesto que parou o trânsito da capital da Bahia. Ora, façam-me o favor! Será que já não é suficiente a quantidade ridícula de protestos que impedem o sagrado e vital direito constitucional de ir e vir? Protestar porque um cantor saiu de uma banda? Deixem de ir aos shows, parem de comprar os cds/dvds, nunca mais ouçam suas músicas. Aí sim teríamos um protesto coerente! Ou até mesmo nas redes sociais dos envolvidos. Mas impedir a movimentação dos cidadãos é simplesmente inaceitável, principalmente se considerarmos que as ambulâncias não têm asas.

Parece que estamos vivendo uma fase terrível em que as pessoas perderam completamente a noção do que é público e do que é privado. Ou não?

sábado, 7 de setembro de 2013

Quase perdi a voz!


Eu havia prometido a mamãe que se o América vencesse o Oeste, eu a levaria ao Nazarenão pela primeira vez. Ela ficou tão animada com a perspectiva que assim que o América lançou a promoção dos ingressos, compramos logo o dela, antes mesmo da desastrosa partida contra o fraco time paulista. No caso de um fracasso, eu rasgaria o ingresso - esse era o trato.

Mas como rasgar o ingresso de alguém com tanta vontade de ir ao Nazarenão. Logo o Nazarenão! Quem teria coragem de desapontar sua mãe? Bem, eu teria, mas não nesse caso. Mamãe sempre foi pé quente, a não ser numa fase terrível do Machadão. Decidido que ela iria de todo jeito, passei a lhe aperrear a respeito de um improvável resultado diferente da vitória: neste caso, ela voltaria a pé de Goianinha. Coitada, rezou com força para que isso não acontecesse (kkkkkk).

De cara, na ida, um engarrafamento monstruoso na BR-101. Jamais havia ido de Cidade Satélite a Parnamirim de 1.ª e 2.ª marchas. "Mamãe, mamãe, você vai voltar a pé." No que ela respondeu, com ajuda de Mariza: "E eu tenho culpa se outros motoristas ruins batem?" Foi a minha diversão no engarrafamento, além do programa de Anna Ruth Dantas e Virgínia Coelli na Rádio Globo Natal.

Chegamos a tempo no Nazarenão. Mamãe já via o estádio de longe. Estacionei. E lá fomos nós em busca do banheiro. Diabéticos precisam logo saber onde fica o banheiro porque tendem a fazer xixi com mais frequência. É que a glicose em excesso sai por onde dá, sendo a urina o primeiro caminho. Daí que quase 100% dos diabéticos têm algum problema renal com o passar dos anos.

Preciso mesmo comentar sobre os banheiros do Nazarenão? Ao contrário de outros que não quero mais citar por aqui, o Nazarenão tem banheiros limpos, arrumados e sem nenhum odor fétido. Já os comparei aos banheiros do Morumbi - um estádio privado na maior cidade do país. Papel higiênico? Ok, não é um Neve, mas está lá no lugar correto e ainda há um reserva. Isto é respeito para com as torcedoras!

Pronto! Hora de subir as escadas e achar um lugar na arquibancada alta porque o jogo está prestes a começar. Quase ocorre  o primeiro acidente com mamãe (não tem muita força do lado direito do corpo em virtude de um AVC e achou de subir o degrau primeiro com a perna direita), mas ficou no quase mesmo. Felicidade extrema com o clima, com o local, com a torcida. Todo mundo que chega ao Nazarenão sente o mesmo: uma felicidade e uma energia positiva que contagiam.

Começa o jogo e eu trato logo de explicar a ela em qual trave pode sair gol e em qual não pode. É para garantir que ela torça pelo movimento de ataque correto. No início ela ainda consegue ver o jogo, mas aí começam as distrações. Jogo rolando e mamãe prestando atenção na Meta (torcida Mecão Eu Te Amo). Nem me irrito. Quem mais assiste a um jogo calmamente com as pernas cruzadas? Não demorou muito e a galera nem sentava mais durante o jogo. Mamãe permaneceu sentada. Achava mais interessante torcer de acordo com os ânimos dos outros.

Achei um primeiro tempo horrível de Chiquinho (que estreava) e Vandinho. Mas o Nazarenão deve ter atenção especial de Deus. Machucados leves dos dois e Pintado precisa substituí-los. Entram Almir e Júnior Negão. Ambos contestados pela torcida, não por mim. Almir pode não ser o 10 sonhado (e quem o é depois de Souza?), mas é um cara que mantém a posse de bola com certa facilidade e que se entrega ao jogo, marcando com afinco - característica que eu penso essencial no futebol de hoje em dia. Os outros camisas 10 do América ainda não mostraram o suficiente para superá-lo, mas...E Júnior Negão sabe fazer gol. Não tem dribles refinados, mas na área incomoda o adversário. Não corre muito, mas briga pela bola. Estilo Max, outro por mim admirado e que está voltando.

A vaia come na substituição. Tanto o que entra como o que sai são alvo dos apupos. Eu já defendia a substituição na arquibancada. Lembrava ao povo que ninguém estava jogando que preste no charco anterior (nem quero mais citar o nome) e no tapete do Nazarenão a história era outra. Era o caso de Rai, de Vinícius Pacheco, de Tiago Adam... Era a chance de Júnior Negão provar que também esse era o caso dele.

Não deu outra. No primeiro lance, Júnior Negão se choca com o zagueiro e ganha uma falta. Nos lances seguintes, abre na lateral esquerda para cruzar. Era evidente que ele queria jogo, até porque estava jogando contra um ex-time. Eis que Almir rouba a bola no meio de campo, conduz um pouco para a direita e faz um lançamento magistral para Júnior Negão no meio de dois zagueiros. Ele toma a frente do zagueiro para ficar com a bola e toca no contra-pé do goleiro do Figueirense. Êxtase na arquibancada! Eu nem conseguia gritar gol. Só conseguia gritar que tinha sido de Júnior Negão e mais um palavrão que em CNTP eu não digo. Mas o América jogando me tira do normal. Fiquei sem ar de tanto gritar. Era sim de Júnior Negão e com passe de Almir. 

E o segundo gol? Rai (como dá gosto ver Rai jogar no tapete de Goianinha!) faz outro lançamento magistral, desta vez de perna direita. Pimpão ainda desvia de cabeça, apenas o suficiente para que a bola sobre para Júnior Negão sozinho dentro da área. Chuta logo? Que nada! Dribla o goleiro e toca para o gol ainda pressionado por um zagueiro. Arquibancada novamente em êxtase e em coro gritando pelo artilheiro. Eu de novo só gritava que tinha sido de Júnior Negão e o palavrãozinho desgraçado em dia de futebol.

Olho para mamãe e ela está com um sorriso de orelha a orelha e com os olhos cheios de lágrima. É impossível não se emocionar no Nazarenão. Não há jogo frio, morno, mais ou menos ali. Os jogos são sempre viscerais. É claro que ao lhe perguntar se quis chorar, ela me disse que não, que achava que era algum tipo de fumaça ou poeira que tinha provocado aquilo. Sei, sei... Tem problema não, Dona Águeda! Você não foi a primeira, nem a última a se emocionar dentro da torcida do América. Nem a única ontem, já que do meu lado esquerdo, Janaina era só emoção agarrada com a sua santa de todas as horas - Nossa Senhora Aparecida.

Essa foi a história do jogo de estreia de mamãe no Nazarenão - jogo do alívio de Júnior Negão e Almir, jogo que tirou o Mecão da zona de rebaixamento e que quase acaba com a minha voz. Na terça, a batalha é contra o Icasa. Mas é no sábado que a magia do Nazarenão, que enebria a todos, se repete. Como me disse no Twitter Ranildo Alves, em 7 dias, o Nazarenão já tem mais vitórias do que aquele outro (energia negativa) em 5 meses. Definitivamente, #Nazarenãoeuteamo. Que venha o Paysandu!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Direito é interpretação

É a primeira coisa que aprendemos na faculdade: Direito é interpretação. Há até uma disciplina específica (Hermenêutica Jurídica) para que os acadêmicos de Direito aprendam a interpretar e aplicar corretamente as normas, já que nenhuma regra pode ser aplicada sem que se considere a finalidade do sistema jurídico como um todo e sem que se busque sua verdadeira intenção.

Mas a regra é clara, diz Arnaldo César Coelho. Entretanto, até para que ele chegasse a esta conclusão fez-se necessário ler e interpretar a regra. Nada foge à interpretação no mundo do Direito.

Recásens Siches já defendia a lógica do razoável na aplicação do Direito. Como não se render a esta realidade? Vejamos exemplos.

1 - Num restaurante, há um cartaz que diz "Proibido entrar com cachorro". Pois bem. Poderia eu entrar com um urso, ou um gato, ou uma cobra, ou um jacaré no referido restaurante? E um cego seria impedido de entrar com seu cão-guia? A interpretação da norma, respeitando-se a lógica do razoável, responde não às duas perguntas.

2 - A Constituição Federal estabelece em seu artigo 5.º, inciso XI, que "a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo entrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial." Ok. Então todo mundo pode entrar em qualquer apartamento, escritório, barraco, etc., sem consentimento do morador? Obviamente não.

É sempre preciso buscar a finalidade da lei, sua harmonia com todo o sistema em que está inserida e, principalmente, analisar se sua aplicação "ao pé da letra" não causará um mal maior do que sua não-aplicação. Por isso, os acadêmicos de Direito levam longos 5 anos estudando diariamente princípios e normas e a realidade de sua aplicação - estudo esse que perdurará enquanto sua atividade profissional, qualquer que seja ela, persistir.

Então, amigos, a regra é clara, mas não se iludam! A sua clareza advém sempre de uma interpretação acurada e norteada pelos princípios do Direito.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Por que não estar em outro lugar?

Terminando de ler a revista Veja, encontrei uma propaganda interessante do HSBC na capa final. Dentre outras informações, o anúncio traz a seguinte questão: se você quer tanto estar em outro lugar, por que não está? Nem li o resto do anúncio. Fiquei o dia inteiro com essa pergunta na cabeça, martelando.

Por que não estar em outro lugar? De fato, a maioria das pessoas gostaria de estar em outro lugar. Talvez não definitivamente, mas a mudança de ares representa vigor novo para nossas energias. A mente requer, de vez em quando, que você esteja em outro lugar, nem que seja em pensamentos.

No entanto, são muitos os obstáculos para que você esteja presencialmente em outro lugar. Se o outro lugar fica em outro país, por exemplo, além das dificuldades de deslocamento, que envolvem pelo menos a compra de passagem, há também a necessidade de visto. 

Mas há também casos em que o outro lugar está logo ali, entretanto, algo maior nos impossibilita. Quem não gostaria de estar em casa quando no trabalho? Ou mesmo num cineminha? No seu restaurante favorito? Numa praia sentindo a brisa em nossa pele? Há muitas possibilidades e, infelizmente, também são muitos os entraves.

Trazendo a questão para um patamar de realização de sonhos, como progressão na carreira, aquisição de um bem, programação de uma viagem, etc., a pergunta "se você quer tanto estar em outro lugar, por que não está?" traz um soco direto no estômago. É como se ela dissesse "pare de reclamar e aja para atingir o fim almejado!" É que parece que os adultos perdem facilmente a motivação na busca de seus desejos e vivem a se lamentar dos sonhos perdidos. Perdidos ou deixados de lado? Falta mesmo muita coisa para que você chegue lá? Que tal um pouquinho a cada dia, sem desculpas? Você se surpreenderá com o que pode alcançar ao refletir sobre seus bloqueios motivacionais.

Afinal, se você quer tanto estar em outro lugar, por que não está?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Eu já sabia!

Os que me acompanham nas conversas por aqui, pessoalmente ou até no Twitter/Facebook sabem muito bem que eu reprovei 100% o Barretão logo no jogo inaugural do América por lá.

Solitariamente, aguentei as bordoadas ao afirmar que aquele gramado estava mais para pasto, muito longe do tapete do Nazarenão, indiscutivelmente o melhor gramado do RN.

Implorei para que a diretoria do América fizesse os cálculos das arquibancadas extras + arrecadação em Goianinha e comparasse com o que receberia em Ceará-Mirim. Centavo por centavo, a relação custo x benefício favoreceria o Nazarenão, principalmente no quesito técnico.

#QueroONazarenãoDeVolta era o que eu postava, apenas com uma leve esperança de ser ouvida antes que fosse tarde demais.

No sentido contrário, por motivos óbvios, abecedistas encampavam o #FicaBarretão. Tinha até um que sempre defendeu na rádio que o gramado era ruim para os dois. Dá até vontade de rir. Qual dos dois times será apupado durante 90 minutos para conquistar a vitória? Quem se desgastará mais? Quem terá mais desfalques por lesão? Insustentável.

Aí, como diria Chico Inácio, tudo mudou. Ante o número de reclamações dos adversários (isso mesmo, os visitantes vitoriosos do Barretão), a CBF, a exemplo do 1.° turno de 2012, admitiu a utilização do excelente Nazarenão com menos de 10 mil espectadores.

E a campanha #FicaBarretão? Ganhou um apoio inesperado: o MP/RN resolveu pedir uma ruma de coisas à justiça, entre elas a interdição do Nazarenão para jogos da Série B. Ressalte-se que em sua petição, divulgada na internet, o MP/RN parece ter esquecido do 1.° turno da Série B 2012.

Pela primeira vez, ficou claro para 100% torcida do América o nível das forças que o clube rubro tem que enfrentar, especialmente nesta edição da Série B, em que o tradicional rival agarrou-se com a lanterna logo cedo e caminha a passos largos para a Série C.

Mas a ação da promotoria caiu na 3.a Vara Cível, do sensato juiz Carlos Adel, que só vai julgar o pedido liminar, após tentativa de conciliação entre MP e América, com participação da FNF, que, imagina-se, irá representar a CBF e defender seu ato.

Mantido o jogo, selado estava o destino do América. Goianinha só tem energia positiva, do vendedor de dindim ao prefeito, do garotinho que "pastora" o carro aos vizinhos do Nazarenão, sempre atentos a toda aquela fuzarca que se forma por ali. Quem comparece a um jogo, sabe que em Goianinha é outra história. Daí o desespero dos que "defendiam" o Barretão!

Quando um destino está selado, não tem olho gordo que atrapalhe. Foi assim em 2011, quando Fabiano Paredão falhou inexplicavelmente e deixou o acesso à Série B ameaçado. Não por muito tempo, pois o Mecão marcou o gol do desempate. Foi assim no estadual deste ano, quando Tiago Adam, tão criticado pela torcida, marcou o gol que colocou o América na final do 2.° turno, num jogo em que parecia que o olho gordo venceria. Não, não mesmo. Não em Goianinha. 

E assim foi no sábado. Praça (praça mesmo!) de alimentação lotada. Muitos carros estacionados. Arquibancada alta vermelha de tanta gente. Rai cobra uma falta com a mesma habilidade de sempre e encontra Márcio Passos, que escora para o gol. Acompanho a explosão de alegria pelo rádio, afinal fiz das tripas coração para estar onde sempre quis estar nesta Série B, mas não no terrível horário (para mim) do sábado à tarde.

Lembram das terríveis forças contra o Mecão? Elas se personificaram no povo de preto e amarelo no campo. Danilo Bueno do São Caetano tropeça no ar e o pernambucano do apito inventa um pênalti contra o América, talvez o pênalti mais Mandrake de toda a história do futebol brasileiro. Não foi questão de interpretação, nem de lugar da falta (dentro ou fora da área). Danilo Bueno estava absolutamente sozinho quando fez sua simulação. Uma vergonha empreendida também com a ajuda do bandeirinha. Ainda no carro, ouvi César Virgílio (que sempre defende seus colegas de apito) dizer categoricamente que ninguém havia tocado o atleta do São Caetano. Se até César Virgílio viu...

Jogo empatado. Quero estacionar o carro, mas o guarda não deixa. "Aqui não pode". "Como, se não há faixa?". "Aqui não pode." Como do lado havia outros carros, só faço meia volta. Escuto "aqui também não." "E estes outros carros aqui?" "Todos multados." "Ah, tá certo." Deixei no lugar de sempre, o que me faria perder mais uns minutos de jogo.

Na volta, passei pelo guarda e ele me disse que assim que saí surgiu uma vaga autorizada. Agora não adiantava mais. Mas este é o clima de Goianinha: gentileza até para negar algo. Agradeci e continuei na passada rápida para entrar no Nazarenão.

Mal contive a emoção de ver aquelas arquibancadas cheias novamente. Achei um cantinho em pé próximo à escada, de frente para a área do Mecão no 1 ° tempo. De lá ainda vi o grande ator Danilo Bueno meter a mão na bola para marcar o 2.° gol do São Caetano. Mas a energia positiva de Goianinha melhorou a visão do árbitro e do bandeirinha e o jogador foi expulso (2.° amarelo).

Fim do 1.° tempo. Hora de encontrar um lugar um pouco mais na intermediária. Até lá, só o que eu ouvia eram elogios ao Nazarenão e impropérios contra o Barretão. Só louco não via o que o torcedor sabia desde sempre.

Começa o 2.° tempo e o América parece ter medo de repetir os desastres do Barretão. Mas a torcida e Pintado sabiam mais. Sabiam que o São Caetano não aguentaria muito tempo fazer cera num gramado daquele. Sabiam que era só uma questão de tempo. Sabiam também que o árbitro estava doidinho para compensar a expulsão. Sai Márcio Passos (cartão amarelo) e entra Jimmy. Pouco depois, este se inspirou em Danilo Bueno e também levou amarelo por simulação.

Porém foram a saída de Rodrigo Pimpão e as entradas de Tiago Adam e Almir que mudaram tudo. Com a entrada de Almir, Vinícius Pacheco tornou-se de fato atacante. Foi dele o lance lindo para a cabeçada fatal de Tiago Adam, aquele que a torcida critica, mas que é decisivo nos momentos apropriados. Eu até lembro de Paulo Isidoro, que me fazia muita raiva, mas marcava em horas cruciais.

Pensei muito no título que daria a este texto. "Contra tudo e contra todos" até que cairia bem. Mas era inevitável "eu já sabia!". Porque eu já sabia mesmo! Passei todo esse tempo insistindo na volta para Goianinha, porque ali temos todas as condições para um jogo de futebol: banheiros limpos, estacionamento sem exploração, acesso rápido e seguro, comida farta e variada e um tapete para os verdadeiros artistas. E ali nós temos o principal: a sensação de que estamos em casa. E no aconchego do Nazarenão é muito difícil bater o Mecão. Mesmo contra tudo e contra todos.