Jamais imaginei passar uma copa masculina sem nem dar uma olhadela sequer na abertura nem no jogo inicial. Nada que a Fifa não tenha conseguido mudar ao escolher como sede um país governado por uma ditadura teocrática que oprime mulheres, gays e todas as pessoas que possam ser encaixadas no que se costuma conceituar como minoria, embora nem sempre elas sejam mesmo minorias.
Se eu acrescentar que eu estou num evento familiar, ouvindo pagode choradeira/sertanejo e olhando para o tempo, a surpresa aumenta. Nem isso me impele a correr para a TV.
A verdade é que federações e confederações de futebol muito mais atrapalham o desenvolvimento do futebol do que ajudam, particularmente no mundo presente. Vejam que além de tudo que falei da copa atual, a Fifa ainda conseguiu planejar um evento que atingiu em cheio sua principal patrocinadora, a cerveja Budweiser, impedida de vender seus produtos no estádios como faz há anos, num amadorismo digno das patacoadas que já vimos por aqui na terra tupiniquim.
Fui me socorrer nas notícias da internet e vi que uma partida do poderoso campeonato paulista feminino de futebol, o mais organizado do país, não ocorreu porque a ainda mais poderosa Federação Paulista de Futebol não enviou as ambulâncias para o estádio do São José. É mole?
Passo pelo moribundo Twitter e vejo uma choradeira danada sobre o VAR logo no primeiro gol da condenada copa. País sede, né, gente? Esperavam o quê?
Terminei me ocupando de vigiar o movimento das lagartixas no quintal para evitar que Janaina tenha um piripaque em pleno domingo do feriadão enquanto digito este texto. Elas estão até comportadas...
Pelo menos, passado o 1.° tempo, o povo aqui resolveu largar um pouco o jogo e se reunir novamente para contar estórias e histórias, tudo acompanhado de boas risadas.
E assim o domingo de abertura da copa vai passando como um domingo absolutamente normal sem necessidade de TV. Menos mal.
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