Há muito tempo não via um jogo de futebol in loco. A pandemia terminou de me expulsar, algo que as pessoas que fumam feito caiporas já haviam começado.
Surgiu a possibilidade de voltar a ver um jogo na arquibancada ontem, justamente 4 de junho, 24 anos após o título da Copa do Nordeste de 1998. Fui com a camisa da época.
Além do jogo em si, outra volta bem mais demorada: Setor Leste. Desde que passei a comentar jogos com mais frequência e depois de tomar parte na diretoria de Leonardo Bezerra, meu acesso era por outros setores.
A Arena das Dunas é bem agradável. Pena que não cumpre com as regras esperadas. Não coíbe o ato de fumar dentro de suas dependências nem mantém sua praça aberta depois do jogo para que as pessoas que utilizaram seu estacionamento possam voltar aos seus veículos com o mínimo de iluminação.
Revi algumas pessoas. Descobri que agora uma parte do Setor Leste insiste em assistir ao jogo em pé, sem respeitar as pessoas que desejam permanecer sentadas (pagaram pelo uso do assento) ou que não podem permanecer em pé por sua própria condição de saúde. Pior é que essa galera toma todo o espaço da frente, quando o mais lógico seria ficar em pé atrás ou dos lados. No meu caso específico, isso me incomoda menos do que a fumaceira, seja por ser alérgica, seja por não querer entrar em contato com substâncias cancerígenas que não decidi por livre vontade consumir.
Sobre os jogadores, eu me supreendi com duas realidades que não ficavam tão claras na telinha: o quanto Elvinho é baixinho e o quanto Araújo é alto. No caso de Elvinho, que parece um menino à distância, lembrei logo de Helinho e Bibi.
Achei bom não haver mais aquela locução da própria Arena, que tinha um volume muitas vezes insuportável. A propaganda do intervalo continua lá e até não estava tão alta, mas a repetição me fez pensar em lavagem cerebral.
Vi um vendedor de castanhas passando com uma máquina de cartão pendurada no pescoço e QR code de pix impresso na parte de trás da camiseta. Adoro a criatividade!
Voltei a me divertir com as dicas dos técnicos da arquibancada. Numa cobrança de falta, um gritou: "Cada um pega um". Foi difícil segurar a risada. Sentia falta disso.
Percebi um aumento considerável de mulheres nas torcidas uniformizadas. Também muitos jovens, inclusive adolescentes, bastante preocupados em registrar algo para postar nas redes sociais. Na minha frente, um preparava uma colagem com foto que havia sido tirada lá na mureta que separa a arquibancada do gramado. Postou com a partida rolando.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de rapazes que simplesmente subiam nos assentos para atravessar de uma fileira à outra, com alguns fazendo isso apenas para entoar seus gritos.
Infelizmente, minha cefaleia tensional deu o ar da graça ainda durante a partida, uma coisa que a pandemia piorou muito. Tentei alongar a musculatura do pescoço em vários momentos do 2.° tempo, porém, a desgraça já estava feita. Amanheci com ela e, por isso, remédio, gelo e nada de podcasts hoje.
Para piorar, houve a aflição que foi a demora da ambulância para prestar atendimento a Rômulo.
Saída da Arena com chuva na volta para casa. Gostei de ver uma vitória do América com superioridade técnica, apesar dos pesares. Só que os percalços pessoais incomodaram muito mais do que o esperava, isso com menos de 5 mil pessoas por lá.
Acredito que devo repetir a experiência, mas só o futuro dirá.
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