Qualquer tipo de crise que surge num clube de futebol causa uma imediata divisão na torcida. Há os que vão se alinhar com a direção sem qualquer questionamento e há os que vão expressar toda crítica possível, educada ou não.
Essa divisão normalmente leva a que se levantem algumas vozes apontando a existência de um tipo de torcedor(a) verdadeiro(a), sempre a favor do clube, e aquele(a) que torce contra por criticar a direção.
Agora mesmo surgiu mais uma faceta da crise no América para dividir sua torcida. Eliminado nos pênaltis pelo Campinense, o alvirrubro só terá calendário completo no futebol masculino no ano que vem se seu arquirrival alcançar uma vaga na Série C 2022. Mas a rivalidade parece impor a torcida contra o ABC, ainda que isso signifique uma humilhação maior para o América.
Nesta situação, é impossível não se questionar sobre quem de fato seria contra o América: quem torce pelo ABC para que o seu clube do coração seja beneficiado ou quem torce contra o ABC, mesmo que o prejuízo seja ainda maior para seu clube de coração.
Lembro de uma entrevista de Dunga, tetracampeão de futebol, em que ele afirmou que no RS não se nasce Inter ou Grêmio, mas anti-Inter ou anti-Grêmio.
A situação de espera do América pelo resultado do adversário me faz perguntar se de fato as pessoas que torcem para América ou ABC são de fato América ou ABC ou apenas anti-América ou anti-ABC.
Então chegamos à reflexão do momento. Quem de fato torce para o América e quem de fato torce contra o América? Quem vai torcer contra o ABC ou quem vai torcer a favor?
Não vejo muito sentido nesta discussão. Não é exatamente verdade afirmar que torcer contra o ABC, hoje, possa significar uma humilhação maior ao América por deixá-lo fora de série. Suponhamos que o ABC vença e avance para a série C, ano que vem o calendário estará garantido. Mas, e os anos seguintes? Com este modelo de gestão, com a repetição, ano após ano, de erros e mais erros, sem trabalho de base, sem garimpagem de jovens valores na região, com a contratação por atacado de jogadores sem a mínima condição de jogar numa equipe profissional, sem respeito à torcida, quem em sã consciência pode esperar que ao final da série D em 2022 não estejamos vislumbrando um 2023 somente com o estadual? Humilhação maior não é ficar fora de série por torcer contra o ABC, humilhação enorme é o que os dirigentes do América fazem ano após ano com o clube e com sua torcida.
ResponderExcluir