Acho que já temos duas décadas de Big Brother Brasil ou BBB como se popularizou aqui. Sempre achei, em tese, uma experiência interessante: pessoas estranhas, confinadas num espaço sem contato externo e disputando um prêmio milionário. Isso faz aflorar as melhores e as piores inclinações humanas, um bom reflexo da sociedade humana como ela é.
Assisti a algumas das primeiras edições e me desgostei. É que reality shows lhe vendem a ideia de realidade, mas há uma manipulação, às vezes explícita, outras, nem tanto, dos acontecimentos e um papel muito preponderante da ilha de edição. Logo, não temos tanto reality mesmo, seja na Globo, seja em qualquer outro canal de TV no mundo.
Todavia, o ápice da decepção era ver escolhas de votação questionáveis, obviamente sob o meu ponto de vista. Num show que vende a realidade, vi gente que exalava frieza e desfaçatez vencer. Vi gente que era de um jeito, foi eliminado numa edição e voltou em outra pregando um espírito zen que mal servia de capa para um machismo nocivo, quase misógino, levar o prêmio. Desisti em nome da minha sanidade mental.
De lá para cá, é quase impossível não saber o que rola no BBB ainda que eu não assista um único episódio. E nem é a estratégia da Globo de invadir cada intervalo com uma ponta sobre o programa; são as redes sociais.
No caso do Twitter, já é mais do que comprovado que a audiência de qualquer coisa que esteja passando na TV está com o celular na mão discutindo cada detalhe no Twitter. E assim eu fico sabendo do jogo, da novela, do filme, da série, do Faustão e até do BBB.
Nem adianta eu me insurgir bradando raiva. A única solução é me desconectar e ir ler um livro. Mas até essa solução é passageira. Assim que você bater o olho na tela do celular, lá estarão as discussões sobre o pênalti mal marcado, a escalação errada, o beijo entre dois personagens, a declaração na entrevista ao vivo e a torcida a favor ou contra alguém no BBB. Acho graça da quantidade de coisa que não pretendo ver, mas vejo pelas opiniões dos outros.
Esta edição do BBB ganhou minha atenção mis cedo do que o habitual por um nome específico: Karol Concá. Gosto muito do estilo "Se é para tombar, tombei" bem humorado dela. Se ainda não tenho paciência de assistir aos episódios e sua intermináveis provas, agora pelo menos espio alguns minutos (Janaina sempre se candidata a telespectadora) entre uma página e outra de um livro e uma cena e outra de uma série da Netflix.
Do que vi ontem, gostei. Nenhum conflito, muito bom humor, nordestinos já dominando a cena com nosso jeito espalhado de ser. Duvido muito que siga assim, mas...
A força desse tipo de programação é mundial. Basta ver a quantidade de reality shows, disfarçados ou não, que existem nos maia variados canais brasileiros ou internacionais. Basta ver também que a Netflix, dona de um séquito de 75 milhões de telespectadores mundo afora, meteu uma propaganda enorme de seus lançamentos em filmes para 2021 estrelada por atores americanos famosos em pleno intervalo do BBB na Globo. Netflix anunciando filmes na Globo. Entendeu o alcance?
Bem ou mal, o BBB da Globo será o assunto dos próximos três meses de pandemia. Para o bem ou para o mal.
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