terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Metade

Ultimamente há um acúmulo tão grande de notícias ruins que tenho criado o hábito de pular notícias nos jornais. Na TV, eu praticamente risquei todos os noticiários, especialmente os locais. Cinco minutos são o máximo que tolero de vez em quando e a depender do que está sendo exibido.

Entretanto, na sexta-feira passada, salvo engano, uma reportagem de capa na Tribuna do Norte me chamou a atenção, mas terminou passando sem leitura por minha absoluta falta de tempo naquele dia. Eis que descobri que o Rio Grande do Norte tem a maior expectativa de vida dentre as regiões Norte e Nordeste (76,2 anos), perdendo por apenas aproximadamente 1 mês para a média nacional (76,3 anos).

A notícia ainda trouxe um dado muito relevante para as mulheres do RN: nossa expectativa de vida é de 80,2 anos.

Ao comentar sobre esse último dado com Janaina, lá veio ela com o choque de realidade: "Eita, chegamos à metade." Sei que não dá para saber exatamente quantos anos, meses, dias, horas, minutos e segundos temos pela frente, no entanto, é inegável um certo abalo com tal constatação. Metade... Ou mais da metade, já que meus quarenta vêm lá de abril. Será que aproveitei certinho? Quanto tempo teria desperdiçado com besteiras, rancores e assemelhados? Não dá nem para mensurar.

Será que resta mesmo a outra metade ou essa fração não está equilibrada? Azar ou sorte eu não saber. Tentar viver da melhor forma possível é o que resta. Sem demagogia, olhar para as coisas mais simples e aproveitá-las com total foco chega a ser libertador, seja uma tarefa doméstica, ou uma conversa trivial sobre uma manchete de jornal, ou ainda uma caminhada numa rua em que só passamos de carro.

Na metade ou não, confesso a angústia com a visão já nem tão afiada, ou com a memória que mostra falhas mais frequentes, ou com os sinais do corpo de que não sou mais aquela adolescente. Ao mesmo tempo, costumo rir dessa angústia. Acho graça das mudanças. Não achei que fosse percebê-las, uma vez que a infância parece ter sido ontem.

Será que ainda dá tempo de me preocupar um bocadinho mais com a saúde para que essa outra "metade" chegue com o máximo de qualidade possível? Tenho deixado a desejar neste quesito, mesmo reconhecendo o longo caminho de melhora que percorri até aqui. 

Enfim, estamos todos vivendo mais no novo milênio. Agora resta garantir que a longevidade esteja bem acompanhada da qualidade. Estando na metade do caminho ou não.

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