quinta-feira, 25 de abril de 2019

E venceu o melhor

Não sei nem por onde começar diante de tanta coisa que se viu ontem por ocasião de América 2x1 ABC.

Uma festa bonita das torcidas, revigorando um futebol que precisava mesmo dessa injeção de ânimo vinda das arquibancadas. E o Brasil gostou do que viu pelo que se observa no vídeo da postagem anterior.

Dentro de campo, ABC e América entregaram bem mais emoção do que na triste partida anterior. O jogo começou com um ABC sabendo que precisava jogar logo água na fervura do América, a exemplo do último clássico na Arena.

Mas sabem como é, né? Além de ser a 5.a partida entre as equipes neste estadual, o ABC de Ranielle Ribeiro não tinha mais o que mostrar de novo ao América de Moacir Júnior. O samba de uma nota só foi bem dominado por Ewerton, Adriano Alves, Brand, Alison e Leandro Melo, além do empenho defensivo de todos os outros, ainda que Rodrigo Rodrigues tenha feito uma partida louvável diante de tanta gente para lhe podar as asas.

Esse América de Moacir Júnior captou bem variações ofensivas importantes, como Adriano Pardal de centroavante falsamente centralizado, algo que há muito tempo eu defendo, e a entrada de Max para essa função com o deslocamento de Adriano Pardal.

Defensivamente, o América é chatinho também. Todo mundo marca com todo o empenho da alma, mesmo quem não nasceu mesmo para isso, como Adenilson. Como marcam Hiltinho, Roger Gaúcho e Adriano Pardal!

Sobre Leandro Melo eu me recuso a falar o que deveria. Daria uma postagem só para ele. Chegou, virou capitão e ajeitou a defesa americana no meio. Encaixou perfeitamente e foi a partir de sua chegada que as coisas se encaminharam com mais tranquilidade para onde deviam mesmo ir.

Outro encaixe foi a zaga. Jogue para cima e quem cair dos 3 já citados nesta postagem formará uma bela dupla. Mas é impossível não destacar a enormidade que está jogando Adriano Alves, que voltou 1.000 vezes melhor do que em sua última passagem pelo RN.

Voltando ao jogo, o América fez o que se esperava. Tomou inicialmente todas as precauções contra o jeito de jogar abecedista e começou a colocar as manguinhas de fora com o maestro Adenilson municiando a velocidade de Hiltinho, Roger Gaúcho, Pardal e Jean Patrick.

A cada subida, os lances americanos ficavam mais incisivos e o time alvinegro passou a temer mais suas próprias subidas ante a velocidade do adversário. Até que Hiltinho, num passe de Pardal, parou por um pequeno erro que deu certo e deu aquela assistência com açúcar e com afeto para Jean Patrick, de raríssimos gols, marcar o gol que abriu o caminho do título.

No 2.° tempo, o ABC voltou com a faca nos dentes, naquela velha estória de "perdido por um, perdido por mil". Sagredo, Xavier e Wanderson entraram para o tudo ou nada. E partiria de Wanderson o cruzamento para o gol do zagueiro Maurício. Todo mundo que assistia ao jogo comigo apontou que Wanderson estava impedido. Eu não vi o lance e nada da TV mostrar replays adequados. Hoje no Twitter Diogo Viana também falou desse impedimento. 

Impedido ou não, o ABC mostrou-se satisfeito em levar a decisão para os pênaltis, certamente por confiar no ótimo desempenho do goleiro Edson nesse tipo de lance.

Por falar em goleiro, Ewerton se envolveu num lance deplorável com Wanderson. Num voo para arrecadar uma bola que chegava para o alvinegro, o americano maldosamente armou a perna para atingir o adversário. Nem venham dizer que goleiros sempre armam a perna. Sim, é verdade. Mas no lance Ewerton  pega a bola olha onde está o adversário e arma a perna. Isso é completamente diferente de armar a perna antes para se proteger de um impacto. Wanderson também respondeu na hora com um chute. Ambos mereciam um cartão vermelho, especialmente Ewerton por ter iniciado as agressões. O árbitro Marcelo de Lima, talvez pressionado por sua fama de distribuidor de cartões, achou melhor deixar tudo no amarelo mesmo. Como Ewerton tem muito potencial para um carreira brilhante, é preciso que alguém mostre a ele o lance e lhe dê um senhor puxão de orelhas. Um trabalho inteiro de um campeonato poderia ter ido abaixo por uma atitude inaceitável.

Voltando ao jogo, o América sentiu o golpe e passou por uma certa desorganização, mas a tal força mental do grupo se apresentou. Tanto que o time seguiu martelando em busca do gol do título para evitar qualquer risco nas penalidades, embora esse tenha sido o momento do ABC apostar em contra-ataques, seu jogo favorito para lançamentos em diagonal.

Foram vários laterais cobrados para a cabeça de Max, que entrou após o empate, rondando o gol de Edson.

Por fim, duas cobranças de escanteio absolutamente iguais de Adenilson resultaram uma no quase gol visto gol por muita gente e outra no gol do desabafo do zagueiro Alison. No último minuto de jogo adicionado pelo árbitro. Ou seja, para o América sair do sofrimento, não tem jeito - só com mais sofrimento.

O título coroou o melhor time do estadual. Esteve nas duas finais de turno e tinha já antes das finalíssimas a melhor campanha. No total, foram 18 partidas (ninguém jogou mais do ele), 11 vitórias (ninguém venceu mais do que ele), 2 empates e apenas 5 derrotas. Marcou 29 vezes (de novo, o número 1) e sofreu apenas 13 gols, tendo um impressionante saldo de 16 gols e média de 1,61 gol por partida.

Enfim, Moacir Júnior conseguiu fazer um resgate duplo com o América. Clube e treinador se reencontram com a glória de uma conquista e o casamento segue firme agora para buscar o acesso à Série C, caminhada que começa daqui a 9 dias.

Palmas para Moacir também pelo reconhecimento do trabalho de Luizinho Lopes, que basicamente montou esse elenco. Isso é de uma grandeza que dignifica ainda mais o seu próprio trabalho.

Palmas para a diretoria do América que fez de um erro um acerto com a contratação de Moacir Júnior e, principalmente, com a renovação antes mesmo de saber o resultado do estadual, dando uma prova, pelo menos momentânea, de que pretende traçar um novo caminho no futebol.

Agora certamente reforços virão e são mais do que necessários, mas ficou a certeza de que o elenco não era nem nunca foi a terra arrasada que muita gente pregava. Reforços pontuais, como a chegada de Leandro Melo, mostrou isso. Melhor exemplo foram os dois partidaços que o lateral direito Vinícius fez nessas finais.

Os pontos negativos ficam para o principio de confusão em virtude da torcida americana ter invadido o gramado (estava engasgado, foi uma invasão do bem) e uma parte ter ido provocar a torcida abecedista e para o fato da InterTV Cabugi não ter mostrado a festa do título. 

No mais, como os trabalhos que vi desde a pré-temporada parecem apontar, esse América de 2019 pode dar samba no fim da temporada. Preparem os seus corações.

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