segunda-feira, 28 de maio de 2018

Ultramoderno

Dizem que o problema é que taurinos são materialistas, apegados demais para se desfazerem das coisas. Não sei. Não tenho ideia se de fato os astros determinam mesmo a personalidade dos seres humanos. Entretanto, não posso negar que a descrição do signo de Touro cai como uma luva para mim.

Jogar algo fora é sempre um drama. Normalmente, uso 300 mil canetas ao mesmo tempo porque só jogo fora uma quando tenho certeza de que a tinta acabou. Sim, eu esquento canetas no fogão. Podem me julgar agora.

Com celular é do mesmíssimo jeito. Sempre é preciso um defeito gritante para que eu me desfaça de um (se bem que me desfazer é no sentido figurado. Continuam todos guardadinhos comigo). Antigamente, o defeito gritante era a tecnologia. TDMA, GSM, celular que acessava o Twitter, que reproduzia vídeos no YouTube, que acessava qualquer página na internet, que tinha sinal de TV digital.

Quando meu primeiro smartphone de verdade perdeu a função do botão ligar/desligar, eu dei um jeito de baixar um aplicativo que acendia a tela por rotação do aparelho. Virei motivo de piada. Eu achava graça do povo achar graça. Até que fui encostada na parede por mamãe e Janaina para escolher um celular novo de aniversário, sob pena de elas comprarem qualquer um, especialmente um caro. 

Vixe, não fale em nada caro (exceto comida) para uma taurina. Desperta até reação alérgica. Rodei vários sites na internet até achar um modelo que coubesse no bolso e tivesse tudo o que eu queria. E ainda dei a sorte de achar o mesmo modelo aqui em Natal com um super desconto (outra palavra que alegra taurinos) à vista nas Americanas do Shopping Cidade Jardim.

Nem sei quanto tempo faz que isso aconteceu. Só sei que de ontem para hoje meu ultramoderno (atenção para a ironia) aparelho perdeu o som do alto-falante. Nada de ouvir música, assistir a vídeos, ou mesmo ver TV sem fones de ouvido ou sem enviar o sinal de Bluetooth. Se alguém me ligar, preciso estar coladinha nele para perceber a vibração. Ainda bem que o alto-falante da ligação em si funciona. Se colocar o WhatsApp para funcionar como ligação (encostando no ouvido também), tudo em paz. 

O flash/lanterna já não funcionava há um tempo. Na última ligação recebida, deixei o coitado cair e até torci para que isso resolvesse a questão. Que nada! O bichinho segue em greve de som.

Pensam que isso me fará trocar de aparelho? É melhor pensar de novo. Sigo firme e achando graça do novo defeito. Pensando bem, lembrei de outro: de vez em quando a tela não quer sair da hibernação. Sempre penso "agora foi", mas aí ele desperta como se nada tivesse acontecido.

Não tenho mesmo muita queda para consumismo. Só mesmo livros, revistas, jornais e comida boa me fazem perder a linha. Mas até com eles eu diria que sou mais controlada do que estourada. Pelo menos tento.

 E assim o meu ultramoderno celular vai seguindo num verdadeiro teste de resistência.

Eita, lembrei que a tela está querendo saltar da carcaça do aparelho...

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