Sou leitora resistente de jornais e revistas num mundo cada vez mais digital. Lembro até a careta de uma aluna ao me perguntar como eu aguentava sujar as mãos com a tinta do jornal.
Mas se tem um coisa irritante é o descuido com o português. Ok, erros acontecem com todo mundo (euzinha incluída). Só que, de uns tempos para cá, a galera do jornalismo local parece ter grande dificuldade de acertar o uso dos vocábulos mandado e mandato.
Vou tentar ajudar daqui. Mandado, como a própria pronúncia deixa claro, é ordem, algo "mandado" por alguém. Ordens judiciais são mandados, portanto. Um exemplo tradicional é o mandado de busca e apreensão.
Já mandato é representação, procuração. Logo, tem mandato quem é representante. É o caso da representação eleitoral. Vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes são representantes do povo. Por isso detêm mandato.
Na pérola de hoje, apareceu "em virtude das cassações dos mandados de prefeitos e vice-prefeitos eleitos em 2016". Peraí. As ordens emanadas desse pessoal foram revogadas? Claro que não. A notícia falava em novas eleições. Foram cassados os mandatos, logicamente.
Ninguém precisa ser expert em português. Mas trabalhar com as palavras requer um pouco mais de cuidado. Ainda mais com termos tão específicos.
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