quarta-feira, 9 de julho de 2014

Um aula de como jogar futebol

A Alemanha não digeriu bem a derrota na final da Copa 2002 para o Brasil. Passou por uma renovação extrema com Jürgen Klinsmann no comando e caiu nas semifinais em casa para os italianos na Copa 2006. É o preço que se paga por uma grande renovação. Na hora H, falta experiência. Mas o time encantou com um futebol de velocidade, aberturas nas laterais, bons passes no meio.

Klinsmann caiu. Já morava nos Estados Unidos e foi acusado de estar muito americanizado. Ficou seu auxiliar, Joachim Löw. Em 2010, a seleção repetiu o resultado: caiu nas semifinais para a campeã Espanha e ficou de novo com o 3.º lugar.

Joachim Löw foi mantido. Afinal, o time cada vez mais joga melhor. E eis que, no Brasil, a Alemanha já deu um passo a mais em relação às copas anteriores. Está na final. Eliminou o dono da casa. Deu uma aula de futebol.

Essa Alemanha nunca reclamou de cansaço, de clima, nem mesmo quando enfrentou a França com 7 jogadores gripados. Só teve um dia de folga. Fechou seus treinos, não para esconder o jogo - coisa idiota nos tempos de hoje -, mas para ter a necessária privacidade para que seus treinamentos fossem levados a sério pelos jogadores.

Ontem foram 5 gols até os 28 minutos do 1.º tempo. Diminuiu o ritmo e marcou mais 2 no segundo tempo. Levou 1. Nunca antes na história da copa uma seleção havia perdido por tamanho placar na semifinal. Argentinos comemoraram a cada gol alemão com buzinaços. Nunca souberam nem perder, nem ganhar. 

A Alemanha sim soube perder. Nunca acusou Itália ou Espanha de favorecimentos de arbitragem ou de complôs para derrubá-la. Nunca achou bodes expiatórios, como o pobre Barbosa de 1950.

Também mostrou que sabe vencer. Reconheceu a dor dos brasileiros como a sua de 2006. Não tripudiou em um só momento. Nada de sambadinha na cara do adversário. Nenhum sorrisinho irônico. Nenhuma piadinha infame. Nenhuma musiquinha mal educada. 

Os alemães deram uma aula de como jogar futebol em todos os sentidos. O maior legado desta copa seria se aprendêssemos essa civilidade com eles. Infelizmente, para nós, difícil.

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