sábado, 12 de julho de 2014

Nem a seleção de Dunga

Dunga nunca havia sido treinador. Aceitou o cargo porque teria Jorginho como auxiliar, o que daria alguma noção tática ao time.

Não soube montar o elenco, mas tinha um time. Mais aguerrido do que técnico, mas tinha. Caiu para uma Holanda melhor do que a atual, vice-campeã em 2010. Não nos fez passar vergonha.

Agora em 2014 a CBF conseguiu se superar. Montou uma seleção de garotos (derrotados, diga-se de passagem) que não conseguiu vencer uma só seleção grande até o ano passado.

Venceu a Espanha na Copa das Confederações já sob o comando do motivador Felipão. Espanha, o maior aborto do mundo ter sido campeã em 2010. Espanha, que conseguiu tomar um sonoro 5x1 da retranca holandesa logo na abertura do grupo. Como nos iludimos!

Com Mano, eu tinha sérias dúvidas se passaríamos da fase de grupos. Com Felipão esse perigo estava eliminado. Ledo engano. Classificamo-nos no sufoco, sendo o Brasil a única seleção que conseguiu a façanha de tomar um gol da fraquíssima seleção de Camarões.

E pensar que o grande medo de Felipão era enfrentar o Chile. A Holanda não meteria medo. Fomos salvos pelo travessão na prorrogação nas oitavas de finais. Isso mesmo: o Brasil precisou de prorrogação e pênaltis para superar o poderoso Chile.

Nas quartas, menos sufoco contra a super Colômbia. Hora então de surpreender a Alemanha treinando uma escalação e utilizando outra no jogo. 7x1. 7x1!!! 7x1 porque a seleção alemã teve pena e tirou o pé. 5x0 no 1.° tempo trouxe o Brasil para a sua realidade. Futebol é organização, não amontoado.

No entanto, a comissão técnica não viu o mesmo jogo. Tudo não passaria de uma pane. 7 gols na maior campeã do mundo não é pane. É tragédia. É vergonha. Já imaginaram uma seleção americana de basquete tomando 20 pontos de frente? Michael Phelps perdendo por meia piscina? 

Os 8x0 do Barcelona no Santos deram a dica: o futebol brasileiro ainda é do tempo do treinamento chiqueirinho, ou como gosta de dizer Felipão, é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça.

Vejam só: o Brasil conseguiu superar como dono da casa a Suíça de 1954. Lá, a Suíça tomou 11 gols. O Brasil tomou 14. A Suíça tomou 7 gols da Áustria na fase inicial. Mas fez 5. O Brasil conseguiu tomar 7 numa semifinal e só fazer 1.

Na disputa do 3.° lugar, tomou 3 gols de uma Holanda esbagaçada por desfalques e desgastantes prorrogações. O que dirá Dona Lúcia? 

Ou a mudança começa agora, inclusive na CBF, que insiste em inventar horários malucos para o futebol brasileiro e está mais preocupada com as cifras do que com a parte técnica do futebol, ou amargaremos mais 24 anos para ver um título. 

É preciso organizar o futebol dentro e fora do campo. É preciso trazer um treinador como Jürgen Klinsmann, que montou a Alemanha que aí está (Joachim Löw era seu auxiliar) e já começa a direcionar os Estados Unidos a um novo rumo no futebol. São muitas diretrizes que já serão implantadas desde as seleções de base, exatamente como foi feito na Alemanha lá atrás.

Enquanto isso, a discussão no Brasil é se jogador tal presta ou não. Silêncio total sobre função tática. A grande solução de Felipão contra o Chile e contra a Holanda, por exemplo, foi tirar Fred para colocar Jô. Nenhuma palavra sobre qual era a jogada (ou as jogadas) ofensiva do time. 

Para coroar tamanha desorganização, 10 gols em 2 jogos dentro de casa. Mas quem liga, né? Foi um apagão e o campeonato brasileiro com suas excelentes partidas já vai recomeçar. A Copa 2014 já é passado. Quanto mais cedo esquecermos, mais audiência e mais patrocinadores. 

Pobre futebol brasileiro...


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