domingo, 18 de maio de 2014

Aos trancos e barrancos

Parafraseando Fernando Pessoa (embora, segundo historiadores, a frase originalmente tenha sido dita pelo general romano Pompeu), na Série B, vencer é preciso, viver não é preciso.

Na última rodada, o América saiu do inferno para o céu em 4 minutos. Só isso. Estava ficando em 18.° com os resultados da rodada, em particular o seu, após tomar um gol numa jogada ridícula que começou com uma furada de Caio, da Portuguesa. A furada virou uma senhora assistência e a casa americana caiu.

Mas entrou Pardal. Também entrou Max. E entrou o pé certeiro, abençoado, perfeito, lindo de Daniel Costa. Nem ajeitou. Recebeu de Pimpão (que mostrou mais uma vez que é decisivo, já que estava a fazer pena em campo até encontrar Daniel na área) e de primeira já meteu no gol. "Graças a Deus", pensei.

Porém, bastou a saída de bola da Portuguesa para eu lembrar (e temer!) o que aconteceu contra o Oeste. Durante longos 60 segundos eu só conseguia pensar que o Mecão ia entregar aquele mísero empate de mão beijada.

No entanto, o sangue novo do time e o cansaço do adversário (muitos já com cãibras) não permitiram. E assim, 4 minutos depois, aos trancos e barrancos, Rodrigo Pimpão finalizou com aquela esticadinha de perna o que o ofensivo zagueiro Adalberto quase conseguira e o Mecão voltou a vencer na Série B. E na casa do adversário! Mais: saiu do 18.° lugar, na zona de rebaixamento, para o 6.°, embora agora seja o 7.° em virtude dos resultados dos 2 últimos jogos da rodada ontem à noite.

"Graças a Deus", de novo pensei. Além de ter ficado com uma pontinha de agradecimento a Argel, que se demitiu ontem mesmo da Portuguesa.

Será que ficou alguma lição ontem? Não sei. Os laterais insistem em não atacar e/ou atacar pelo meio. Ontem, mais uma vez, os volantes pareciam ter medo de sujar a camisa no chão (como Thiago Dutra faz falta!) e continuam apenas cercando o adversário. Esse Wanderson que aí está é paraguaio - nem de longe lembra o verdadeiro Wanderson das temporadas passadas. 

Aliás, já que Oliveira Canindé adora uma invenção e nem se altera com o fato de seus laterais não conhecerem o caminho para a linha de fundo, eu penso que Adalberto merece a vaga de Wanderson. Deficiência por deficiência na marcação, o zagueiro é melhor que esse novo Wanderson na esquerda. E no ataque, ele aparece muito mais como elemento surpresa do que o lateral. Isso ainda deixaria o zagueirão sempre a postos em relação ao ritmo de jogo. Sim, porque pelo que Roberto Dias jogou ontem (salvou duas bolas incríveis jogando de zagueiro-zagueiro), ele formará a nova dupla titular com o melhor zagueiro da temporada: Clebão. 

Outro que pede passagem é Adriano Pardal. Mas acho que é pedir muito um esquema com 3 atacantes se nem os laterais avançam.

De todo jeito, a rodada ontem deixou claro que não há mais espaço para que 3 pontos sejam desperdiçados. O América já fez isso contra Abc e Oeste, dois times que ainda procuravam a formação ideal, e ameaçava fazer isso contra a capenga Portuguesa de Argel. 

Na terça-feira, será a vez do qualificado, mas tão cansado quanto o América, Ceará. Qualquer deslize pode ser fatal. 

Torçamos para que Oliveira Canindé mostre mais uma vez uma correta interpretação do que precisa ser feito e já comece mostrando aos cearenses quem manda na Arena das Dunas. Afinal, vencer é preciso, mesmo que aos trancos e barrancos, especialmente dentro de casa. Viver não é preciso. Com exagero e tudo.

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