Quem tem por volta de 30 anos de idade deve se lembrar. O Natal era a época de enviar cartões de Natal. Muitos. Para todos os conhecidos e familiares.
Era uma festa. Eu adorava escolher um a um os cartões a serem enviados. Vários camelôs na ruas e avenidas do centro da cidade, também conhecido como Cidade Alta, dispunham de muitos modelos e preços. Passava horas com mamãe olhando aquelas lindas imagens e suas mensagens de amor e paz na escolha do cartão certo para cada um.
Naquela época, todo mundo sabia o endereço completo dos amigos e familiares. Hoje nem o número de telefone sabemos mais. Uma tristeza... dependemos cada vez mais da memória do celular.
Era uma alegria a passagem do carteiro. "Olha! Recebemos um cartão de fulana." Hora de colocar na árvore e buscar um cartão de retribuição - aquele que sempre começava com "Agradecemos e retribuimos os votos..." ou "Agradecendo e retribuindo os votos..."
Aqui em casa, cada familiar mandava cartões para cada um dos outros. Ou seja, eu mandava um para mamãe e papai (normalmente juntos), um para minha irmã e um para meu irmão. E assim todos faziam.
Cartões para as famílias vizinhas, familiares mais distantes, amigos do peito... Uma lista sem fim. Muito cuidado para não esquecer ninguém.
Também corríamos para enviar já na última semana de novembro, sob pena de o cartão chegar após o Natal, ante a enorme demanda de mensagens natalinas. A eficiência dos Correios parece não ter mudado muito.
Infelizmente, aquela alegria de receber tão doces votos pelos Correios foi morrendo aos poucos, graças em parte à internet e em parte ao fechamento das pessoas em seus próprios mundos.
O Feliz Natal agora é coletivo. Nenhuma surpresa agradável na caixa de correio, apenas propaganda ou contas para pagar. Quem quiser que leia a mensagem no mural das redes sociais e se sinta agraciado pelos votos.
Eis uma tradição que deixou saudade.
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